Zona Sul
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Por — Rio de Janeiro

O fim de semana começa mais cedo na Praça São Salvador. De quinta-feira em diante, sempre à noite, um burburinho musical toma conta do quadrilátero de interseção entre três bairros da região (Laranjeiras, Flamengo e Catete). A praça abriga cada vez mais eventos que estão dando o que falar. Jazz, forró, chorinho e samba se alternam entre as atrações em cartaz no antigo cenário bucólico, dando origem a uma movimentação que divide os moradores do entorno. Enquanto parte da turma curte a ocupação, outro grupo se queixa muito do barulho, alvo de polêmica envolvendo associações de moradores.

— Nossa questão é com os bares que colocam música e reúnem muitas pessoas até a madrugada — afirma Isabel Franklin, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Flamengo (AmaFla).

Ela conta que muitos moradores, principalmente os do entorno da praça, se queixam do jazz, que acontece nas noites de quinta-feira, do forró, às sextas, e do samba, aos sábados.

—Um evento de que todos gostam é o chorinho, que acontece no domingo, mas durante o dia. Eles não sobem o som e não incomodam como as outras celebrações culturais. Qualquer evento que respeita o horário e não faça barulho é muito bem-vindo. Acredito que este é o momento de repensar que tipo de ocupação queremos, de preferência, atrações que envolvam crianças e idosos —completa.

Na opinião de Marcos Vinícius Seixas, presidente da Associação de Moradores e Amigos de Laranjeiras (Amal), já há muita coisa acontecendo no entorno da praça.

— Infelizmente a Guarda Municipal não tem efetivo suficiente, e eles já têm muitos eventos para controlar. Tem samba, forró, vendedores ambulantes, e os moradores ficam desesperados com qualquer coisa que possa gerar mais barulho e confusão no entorno. Tem muitos bares que fecham de madrugada. Por outro lado, acredito que fomentar a gastronomia, por exemplo, é importante para o local — avalia.

Ocupação. Moradores e pessoas de outros bairros costumam se reunir na praça — Foto: Divulgação
Ocupação. Moradores e pessoas de outros bairros costumam se reunir na praça — Foto: Divulgação

Em torno da Praça São Salvador há estabelecimentos gastronômicos conceituados, como a recém-chegada Tasca da Mercearia, casa do mesmo grupo que comanda a renomada Mercearia da Praça, em Ipanema. Por ali, já faz sucesso, desde 2021, a espanhola Casa Milà, assim batizada em homenagem ao clássico edifício projetado pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí.

— É ótimo que haja opções gastronômicas na nossa região, ainda mais porque eles respeitam a vizinhança e não promovem eventos e nem têm caixas de som. Nossa bronca é com quem faz barulho — enfatiza Isabel.

A moradora Gabriela Anastácio comemora a chegada de novas opções na área.

— Moro aqui há seis anos e não quero sair mais. É uma ótima região para frequentar com a família sem fazer grandes deslocamentos. Na verdade, eu gosto que o local tenha muitos eventos. É uma ocupação que me traz mais segurança, como moradora, para andar pela área — diz.

Empresários e moradores defendem ocupação

O restaurante português Tasca da Mercearia ocupa um sobrado com dois andares e tem a proposta de levar a experiência portuguesa para a praça. Com apenas um mês desde a abertura, já tem fila na porta no fim de semana para o almoço.

—Laranjeiras sempre foi um bairro muito especial para mim, e a região da São Salvador é um acontecimento. Precisávamos trazer nossa gastronomia portuguesa e bons vinhos. Afinal, os encontros acontecem ao redor da mesa. Essa região inspira este sentimento de união, os moradores estão sempre reunidos. Todo morador que passa na porta da casa fica curioso, olha e volta para conhecer —garante o sócio, Paulo Sauerbronn.

Tasca da Mercearia. Casa recém-inaugurada tem fila na porta no fim  de semana — Foto: Divulgação/ Tomás Velez
Tasca da Mercearia. Casa recém-inaugurada tem fila na porta no fim de semana — Foto: Divulgação/ Tomás Velez

Inspirada em Barcelona, a Casa Milà, no quadrilátero há três anos, até hoje semantém livre de problemas com os moradores e com as associações.

— Moro a cinco metros da praça e sei. Estamos em uma região muito carente de novidades, de uma casa contemporânea, como a que abrimos aqui. Existe uma demanda reprimida na área e acredito que conseguimos atender. Desde o começo, recebemos nossos clientes sempre muito satisfeitos com a nossa chegada, elogiando. Eles agradecem por não terem que ir para outros bairros para frequentar um restaurante legal — afirma Lucas Leal, proprietário da Casa Milà.

Morador do Flamengo, o empresário Sérgio Muniz gostaria que mais restaurantes aportassem na São Salvador.

— Não moro na praça, mas imagino que os eventos devem incomodar bastante. Seria incrível ter uma praça cercada por bons restaurantes — coloca Muniz.

Casa Milà.  O camarão no coco (R$ 168): camarões salteados, servidos com arroz suculento na água do coco e  especiarias espanholas Serve duas pessoas — Foto: Divulgação/Tomás Rangel
Casa Milà. O camarão no coco (R$ 168): camarões salteados, servidos com arroz suculento na água do coco e especiarias espanholas Serve duas pessoas — Foto: Divulgação/Tomás Rangel

Também moradora, Ana Guerra reconhece que o barulho dos eventos pode incomodar os moradores, mas é a favor da ocupação do espaço.

— A praça é um polo cultural e gastronômico. Acho bom podermos circular no bairro com movimento. A praça ficou abandonada por muito tempo e, com o esforço dos moradores, conseguimos uma revitalização. É bom que tenhamos opções, e acredito que todos os eventos são bem-vindos — afirma.

A Secretaria de Ordem Pública e a Guarda Municipal afirmam que mantêm efetivo diário na Praça São Salvador. Os agentes atuam para coibir irregularidades de ordenamento, perturbação do sossego e trânsito. Os eventos realizados na praça precisam de aprovação da prefeitura e seguem restrições de horários.

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