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Por — Rio de Janeiro

Quando notou a presença da equipe de reportagem do GLOBO-Barra, na última terça-feira, no Museu Bispo do Rosário, situado dentro do antigo complexo de manicômios Colônia Juliano Moreira, rebatizada de Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMASJM) na década de 1990, Arlindo Oliveira, de 70 anos, logo roubou a cena e resolveu, de forma espontânea, interagir e contar os pesadelos que já viveu no local. Ex-interno da instituição, ele mora numa das casas da área, que hoje é uma espécie de sub-bairro de Jacarepaguá, e visita quase diariamente o museu, onde tem obras autorais em exposição.

— Fiquei 55 anos internado na colônia. Vim para cá adolescente. Minha família me trouxe de Engenho de Dentro, me jogou aqui como se eu fosse lixo e saiu fora. Recebíamos eletrochoque, pauladas nas costas e chutes. Quando a visita ia embora, os guardas levavam os pacientes para dentro do cubículo de volta, chutando e dando gravata até a gente cair no chão. E, mesmo assim, eles continuavam batendo. Eram três em cima de um só. Na hora do almoço, não tínhamos sossego. A área onde comíamos era igual a um chiqueiro de porco, com poças de água no chão fedendo a podre — relata.

Cem anos após a fundação do conjunto psiquiátrico, inaugurado em 1924 na antiga fazenda Engenho Novo e que era o destino de pacientes considerados irremediáveis, o IMASJM celebra a superação daquele modelo desumano e degradante, distante de uma assistência efetiva, um movimento ensejado pela luta antimanicomial e a reforma psiquiátrica, que começaram a avançar na década de 1980.

— Não estamos celebrando cem anos da colônia, do manicômio. Estamos celebrando a luta efetiva, a partir de trabalhadores e usuários da saúde mental, para acabar com esse formato excludente, de encarceramento, entendendo que cuidar é possível e é saudável em liberdade. É óbvio que cuidar em liberdade dá trabalho; muitas vezes, precisamos emprestar muito do nosso tempo para poder cuidar. Parece ser mais fácil colocá-los num lugar, impor regras e ter controle sobre seus corpos. Mas queremos o mais fácil ou o melhor? — pontua a psicóloga Rosângela Nery, vice-diretora do IMASJM. — O melhor é um cuidado que possibilite a essas pessoas ocupar a cidade; poder ir a um teatro ou a um show, por exemplo. Ter um transtorno psiquiátrico não deveria colocar ninguém numa posição inferior. Nossa luta até hoje é para que elas possam ter seus direitos como cidadãos garantidos.

, Arlindo Oliveira, ex-interno da Colônia Juliano Moreira, hoje exibe seus trabalhos no Museu Bispo do Rosário — Foto: Alexandre Cassiano
, Arlindo Oliveira, ex-interno da Colônia Juliano Moreira, hoje exibe seus trabalhos no Museu Bispo do Rosário — Foto: Alexandre Cassiano

Último núcleo da colônia a ser desativado, em outubro de 2022, o Franco da Rocha foi rebatizado de Espaço Maria Rosenda, em homenagem a uma ex-interna, e hoje serve como um centro de convivência e aprendizado não apenas para pacientes psiquiátricos, mas para a comunidade do entorno também. Visitar o pavilhão é como fazer uma viagem no tempo, já que ele preserva uma arquitetura colonial, com casas espalhadas numa ampla área verde cortada por ruas de paralelepípedos, lembrando uma fazenda.

— Patrícia Ruth, que é uma artista plástica esteve internada nesse núcleo, foi a pessoa convidada por mim, que à época era diretora da unidade, para fechar a porta e jogar aquela chave fora. Para as pessoas que estiveram dentro do hospício, a chave tem um significado muito forte. Ouvir o barulho da argola de chaves quando aparecia um funcionário era muito assustador para eles, porque era o momento em que precisavam se recolher, muitas vezes, num cubículo, significando o fim da possibilidade de conviver — relata. — Manicômios são espaços que roubam a vida das pessoas. A colônia, não diferente dos outros hospícios, ocupava uma área afastada do centro e era um lugar onde as pessoas fora do padrão eram depositadas, tivessem elas transtornos ou não. A história dos manicômios mostra que havia uma maioria de pessoas pretas, periféricas, pobres e indígenas, que eram vistas como aberrações na sociedade.

Gestão feminina: a vice-diretora Rosângela Nery (à esquerda) ao lado da diretora Luciana Cerqueira — Foto: Alexandre Cassiano
Gestão feminina: a vice-diretora Rosângela Nery (à esquerda) ao lado da diretora Luciana Cerqueira — Foto: Alexandre Cassiano

O fato é que há um esforço de transformação e ressignificação do espaço ao longo dos últimos anos. Das sete casas dentro do atual Espaço Maria Rosenda, uma se tornou o Centro de Cultura e Convivência Pedra Branca, cujos antigos quartos, onde os internos se amontoavam, foram transformados em sete salas, que abrigam atividades como aulas de alongamento, consciência corporal, pilates, violão, cavaquinho, composição musical, percussão, balé infantil e confecção de bonecos a partir de materiais da natureza. A poucos metros do local, outro imóvel está sendo usado como um barracão, onde acontecem os ensaios do bloco carnavalesco Império Colonial, formado por artistas participantes do museu, e parte das oficinas. As demais construções do núcleo ainda precisam passar por reformas.

Novos ares: último pavilhão a ser desativado, o antigo Núcleo Franco da Rocha hoje abriga um centro de convivência com atividades culturais e esportivas — Foto: Alexandre Cassiano
Novos ares: último pavilhão a ser desativado, o antigo Núcleo Franco da Rocha hoje abriga um centro de convivência com atividades culturais e esportivas — Foto: Alexandre Cassiano

— Em breve, iniciaremos uma oficina de pintura em tela e bordado ministrada por Patrícia Ruth, que semanalmente está aqui e ofereceu esse trabalho. Estamos só aguardando a chegada dos materiais para começar — conta a psicóloga Cecília Estella, coordenadora do centro. — A importância maior é ressignificar um espaço que já foi um lugar de dor e sofrimento. As pessoas dizem: "Eu já estive aqui em momentos muito difíceis. Agora, estou aqui fazendo uma oficina, produzindo arte e convivendo com outras pessoas". Isso é fundamental para a promoção da saúde.

Museu é simbólico na luta antimanicomial

Se as rígidas normas do manicômio tolhiam a autonomia e a subjetividade dos internos, a arte, por outro lado, era uma ferramenta para expressarem sua singularidade e sobreviver. E continua sendo na vida em liberdade. Um dos símbolos do processo de transformação da antiga Colônia Juliano Moreira é o Museu Bispo do Rosário, que tem como proposta a valorização do potencial criativo no campo da saúde mental, com o protagonismo dos pacientes psiquiátricos. O nome é uma homenagem ao ex-paciente Arthur Bispo do Rosário, cujas obras, feitas a partir de objetos do cotidiano do hospício, são reconhecidas internacionalmente.

Centro cultura e convivência: núcleo oferece oficinas para a comunidade — Foto: Alexandre Cassiano
Centro cultura e convivência: núcleo oferece oficinas para a comunidade — Foto: Alexandre Cassiano

Ao entrar no pátio do museu, do lado esquerdo se pode ver um acervo que guarda as preciosidades de Rosário. Entre elas, o “Manto de apresentação”, uma peça que ele costumava vestir no dia a dia e em que estampou uma espécie de mapa usando diferentes elementos, como ônibus, peças de dominó, bicicletas e um terço. Do lado direito, num mezanino, fica o Ateliê Gaia. Reinaugurado em janeiro como uma das celebrações ao centenário, a galeria expõe quadros, esculturas e instalações de ex-pacientes da colônia e atuais usuários da saúde mental, como Arlindo Oliveira, Rogéria Barbosa, Patrícia Ruth e Clóvis Aparecido. Em comum entre os trabalhos, um colorido vívido. Um dos destaques é a obra “O navegador”, um navio que Arlindo construiu com materiais recicláveis, como chinelos, bonecas, carrinhos, lâmpadas, pulseiras e correntes. Uma ampla sala no andar abaixo do ateliê, à vista do público, é destinada ao processo criativo dos artistas.

— Os artistas se dedicam diariamente à produção no Ateliê Gaia. Temos uma programação semanal em que eles se revezam no espaço de criação. Eles são supervisionados pela coordenação educativa do museu, que tem todo um manejo com eles, incluindo orientações sobre formas de dar visibilidade aos seus trabalhos. Há ainda uma orientação de curadoria. Temos uma reunião toda terça-feira à tarde em que todos estão presentes. Um curador põe em discussão não somente o que estão criando, mas também as ideias que têm guiado as ações do museu, como o enfrentamento ao racismo estrutural — destaca o sanitarista Alexandre Trino, diretor do espaço.

Desde janeiro, o museu tem promovido diversas atividades em memória aos cem anos da colônia. Em fevereiro, houve o desfile do bloco carnavalesco Império Colonial, que reflete a produção artística da casa.

Acervo de obras do artista visual Arthur Bispo do Rosário no museu homônimo — Foto: Alexandre Cassiano
Acervo de obras do artista visual Arthur Bispo do Rosário no museu homônimo — Foto: Alexandre Cassiano

— Temos feito uma integração com a cultura afro. Este mês, fizemos um evento em que os três quilombos do entorno trouxeram seu conhecimento relacionado à gastronomia ancestral e à confecção de bonecas Abayomi. Em abril, vamos fazer uma exposição que vai retratar a transformação do território da Colônia Juliano Moreira nesse período de cem anos — conta Trino. — O museu tem uma relevância enorme dentro do contexto da ex-Colônia Juliano Moreira, principalmente no que diz respeito à superação ao manicômio. Ao comemorar o centenário desse território, lembramos do museu como um espaço potente na inclusão social e reabilitação psicossocial, que atua ainda com uma série de iniciativas em prol da comunidade do entorno, sendo uma delas o projeto da horta comunitária, com mais de 90 canteiros, possibilitando geração de trabalho e renda.

Área sofre com degradação e ocupação irregular

Com cerca de um quilômetro, um caminho de paralelepípedos margeado por árvores de diferentes tamanhos separa o museu de outro patrimônio histórico da colônia: a Igreja Nossa Senhora dos Remédios, da segunda metade do século XVII, que celebra missas sempre aos domingos, às 11h. Tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), a construção amarela foi reaberta em 2014, após sete anos interditada, graças à mobilização dos fiéis, que organizaram uma reforma do seu interior. São eles que fazem o possível para cuidar do imóvel. Pintaram a parte interna de azul e branco, mas se queixam de uma infiltração que tem afetado a estrutura e de janelas com vidros quebrados. Com a tinta se desfazendo, a arquitetura externa é a que mais demanda reforma.

Nossa Senhora dos Remédios: Manutenção da igreja tombada é feita pelos próprios fiéis — Foto: Alexandre Cassiano
Nossa Senhora dos Remédios: Manutenção da igreja tombada é feita pelos próprios fiéis — Foto: Alexandre Cassiano

— Tinha raiz de árvore entrando pelo teto e estava tudo destruído. Então, a prefeitura interditou. Nesse período ficamos pulando de galho em galho para fazer as missas, e a prefeitura restaurou o telhado e o lado de fora, mas ficou faltando a parte interna. Começamos a fazer, nós mesmos, obras aqui dentro, senão nunca iríamos reabrir a igreja. Ficamos de segunda a segunda, durante quatro meses, fazendo as intervenções. Emassamos e pintamos as paredes, mas agora já está tudo estufando de novo. Precisamos de outra reforma — observa dona Glória Maria de Sousa. — Nossa Senhora dos Remédios é uma bênção aqui para nós. Ela dá a vida por esse lugar. O domingo que não venho à missa não tem graça. É uma igreja, mas chamamos de capela, porque é um jeito mais íntimo. Dá uma alegria participar de qualquer evento que temos aqui.

Um dos temores dos fiéis é que o imóvel do antigo núcleo Rodrigues Caldas, colado aos fundos da igreja, desabe. Completamente deteriorada, a construção lembra uma casa fantasma, com o reboco escurecido pelo tempo, caindo aos pedaços e com mato brotando de dentro para fora.

Ali próximo, contrastando com o cenário de degradação, um conjunto de casas coloniais também tombadas pelo Inepac — e que, no passado, eram usados por funcionários da colônia — mantém a arquitetura preservada e clima bucólico de fazenda. Parte dos imóveis se tornou sede de associações locais.

A deterioração do antigo núcleo Rodrigues Caldas preocupa moradores da comunidade — Foto: Alexandre Cassiano
A deterioração do antigo núcleo Rodrigues Caldas preocupa moradores da comunidade — Foto: Alexandre Cassiano

A poucos metros da igreja, o imponente Aqueduto da Colônia Juliano Moreira, o único monumento da colônia tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 11 de maio de 1938, chama a atenção. Hoje, mais por sua degradação do que pela beleza de outrora, já que está em ruínas e com o entorno tomado por matagal e entulho.

Toda essa riqueza histórica integra o que pode vir a ser um corredor cultural previsto por um projeto de lei (2281/2023) aprovado este mês na Câmara dos Vereadores, que aguarda a sanção ou o veto do prefeito Eduardo Paes. A Colônia Juliano Moreira, inclusive, figura num dos roteiros das caminhadas guiadas pela Casa de Cultura de Jacarepaguá, centro cultural na Taquara.

— Trabalhamos com memória, e essa caminhada que inclui o núcleo histórico da colônia; é uma viagem ao século XVII. A primeira coisa que a gente faz é situar as pessoas sobre o passado colonial da região, para falar dos antigos engenhos que deram origem a esse território — explica Alexandra Gonzalez, fundadora do espaço. — Revitalizar essas ruínas significa fazer as pazes com a memória do bairro e gerar desenvolvimento e renda para uma comunidade que está muito abandonada. Todo mundo sabe que, hoje em dia, essa região tem sofrido com muita violência e o avanço das construções irregulares, que têm apagado nossos patrimônios. O aqueduto já teve 35 arcos; hoje, só tem sete. Essas pessoas que estão loteando e invadindo não têm noção da importância histórica desse espaço. Falta uma atuação mais forte do poder público para proteger esses bens tombados.

Aqueduto: Monumento está em ruínas, e parte dos arcos foi destruída por invasores de terras — Foto: Alexandre Cassiano
Aqueduto: Monumento está em ruínas, e parte dos arcos foi destruída por invasores de terras — Foto: Alexandre Cassiano

Moradora da colônia há duas décadas, a guia de turismo Enalva Lima também se preocupa com a falta de zelo:

— Acho que o poder público deveria olhar com mais atenção o crescimento imobiliário desordenado. Não temos visto um cuidado em manter viva a história da colônia.

A Secretaria de Ordem Pública (Seop) informa que, de 2021 a 2023, realizou 51 vistorias na antiga Colônia Juliano Moreira, resultando em intimações, notificações e 33 unidades demolidas. A pasta destaca que, de janeiro a março deste ano, foram feitas seis inspeções e quatro demolições. O órgão diz que, desde janeiro, está em andamento a destruição de um prédio de cinco andares na área. Garante que mantém fiscalização constante na região a fim de impedir novas construções irregulares. E anuncia que novas ações serão feitas no local, com o apoio da força policial, já que a localidade sofre influência do crime organizado.

O início de tudo

Com a construção iniciada em 1921, a então Colônia de Alienados de Jacarepaguá foi inaugurada no dia 29 de março de 1924, absorvendo os internos das superlotadas Colônias de Alienados da Ilha do Governador: São Bento e Conde de Mesquita.

Em 1935, tornou-se Colônia Juliano Moreira, em homenagem ao médico pioneiro na psiquiatria brasileira e na luta contra teorias racistas. Com estrutura que abrangia 79 instalações, entre hospitais e pavilhões, o complexo de manicômios chegou a abrigar cerca de seis mil pessoas na década de 1970. Eletrochoques, lobotomias, castigos em solitárias e espancamentos faziam parte da rotina dos pacientes. Com o fortalecimento da luta antimanicomial, esses métodos começam a ser abolidos a partir dos anos 1980.

Vinte anos depois, a criação de residências terapêuticas para receber ex-internos que não têm família ou não podem ser acolhidos pelos parentes se tornou política nacional. Hoje, o município conta com 97 casas, sendo a maioria na Taquara, onde vivem cerca de 550 pessoas.

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