O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, apontou indícios de movimentação financeira "incompatível" feita por uma empresa madeireira fornecedora de uma estatal e que realizou pagamentos a um ex-auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
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De acordo com o documento do Coaf, obtido pelo GLOBO, a Cedro Líbano Comércio de Madeira e Materiais de Construção, cujo faturamento mensal é estimado em R$ 248.649, movimentou R$ 33,2 milhões entre janeiro de 2020 e abril de 2023 — R$ 16,6 milhões em crédito e R$ 16,6 milhões em débito.
Ao analisar essas transações, o órgão destacou que “chama atenção a aparente incompatibilidade entre o porte/estrutura vis a vis e o volume transacionado a crédito no período analisado, o que supostamente pode demonstrar que o cliente esteja utilizando a conta para transacionar recursos provenientes de atividades não declaradas”.
Primeiro dia da CPI do 8 de janeiro
![O senador Otto Alencar presidiu como interino o início dos trabalhos da CPI dos Ataques Golpistas. Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/cpDAak2HxuajVu71C_iaPKL-Mjo=/0x0:4813x3209/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/x/U6tsv0RRq6wennnzzBnQ/103150737-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao.-foto-vini.jpg)
![O senador Otto Alencar presidiu como interino o início dos trabalhos da CPI dos Ataques Golpistas. Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/RcLuh0JXzMkZGR0L0PWfSrPXeNQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/x/U6tsv0RRq6wennnzzBnQ/103150737-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao.-foto-vini.jpg)
O senador Otto Alencar presidiu como interino o início dos trabalhos da CPI dos Ataques Golpistas. Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
![A senadora Eliziane Gama foi eleita relatora da Comissão — Foto: Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/okk6hIzGFrauyG-heylrVeVsB2A=/0x0:1600x1066/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/G/4/XvjTN9RPmblMgjCp2mhA/whatsapp-image-2023-05-25-at-11.50.15.jpeg)
![A senadora Eliziane Gama foi eleita relatora da Comissão — Foto: Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Q3jLLdTkHA557X27Bduqb91WZTc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/G/4/XvjTN9RPmblMgjCp2mhA/whatsapp-image-2023-05-25-at-11.50.15.jpeg)
A senadora Eliziane Gama foi eleita relatora da Comissão — Foto: Agência Senado
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![O senador Sérgio Moro (União Brasil) ao lado do deputado Roberto Duarte (Repulicanos- AC). Os dois são suplentes na CPI/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/6m6PqmcSG-p9OKFczDJcL5W_Q_M=/0x0:5276x3517/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/Z/vJuJ6gTO6sZDd8NbFsbg/103150791-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao-senador-se.jpg)
![O senador Sérgio Moro (União Brasil) ao lado do deputado Roberto Duarte (Repulicanos- AC). Os dois são suplentes na CPI/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/fNnTGSdChemHBHRX4oM-P8uKqaY=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Z/Z/vJuJ6gTO6sZDd8NbFsbg/103150791-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao-senador-se.jpg)
O senador Sérgio Moro (União Brasil) ao lado do deputado Roberto Duarte (Repulicanos- AC). Os dois são suplentes na CPI/Agência Senado
![O senador Eduardo Girão (Novo-CE) na mesa da comissão. Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ddFGvxFcAh59NpYMBfqHc1otG7E=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/I/H/RLIpeOQoauAjdCPZByPQ/103150822-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao-senador-ed.jpg)
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) na mesa da comissão. Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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![O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) também estava na mesa no primeiro dia da Comissão. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/eCDrRGltUOkihoUWhbathak0pwQ=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/A/R/qsNJXeSuK2SZmYpEM08w/103150799-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicaodep-marcel.jpg)
O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) também estava na mesa no primeiro dia da Comissão. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
![O deputado Filipe Barros (PL-PR) é um dos deputados da CPI. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/oPkLYOsIVrBQKeWrPvvWTzTv40M=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/B/x/xpJZBwQfuFC0rDrs9fGg/103150719-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao-dep-filipe.jpg)
O deputado Filipe Barros (PL-PR) é um dos deputados da CPI. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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![Deputados e senadores aguardam o início da sessão, nesta quinta-feira. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) estava entre os presentes — Foto: Pedro França/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/aCDVD3ylH6N9PYAPIsHybrq2Vaw=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/u/r/MYfowZRfmTXei3BDfiWg/cpi-8-de-janeiro-marcos-do-val-e-outros-senadores.jpg)
Deputados e senadores aguardam o início da sessão, nesta quinta-feira. O senador Marcos do Val (Podemos-ES) estava entre os presentes — Foto: Pedro França/Agência Senado
![A chegada do deputado Arthur Maia à comissão, ao lado de Randolfe Rodrigues. Maia preside a CPI. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/BgvfroWR-m25FCVKaLXUORv8-i4=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/b/6/mBtNVDRSm9PGaERZoxLw/103150751-25-05-2023-cpmi-dos-atos-de-8-de-janeiro-de-2023-na-foto-instalacao-e-eleicao-dep-arthur.jpg)
A chegada do deputado Arthur Maia à comissão, ao lado de Randolfe Rodrigues. Maia preside a CPI. Foto Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
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![Os senadores Magno Malta, Otto Alencar e Flávio Bolsonaro antes do início da comissão dos ataques Golpistas de 8 de Janeiro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/0MTrSB61ew1IyWKiffLHQL6tF9k=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/u/r/w3ZlGKSu220QsX0iICTw/otto-alencar-flavio-e-magno-malta.jpg)
Os senadores Magno Malta, Otto Alencar e Flávio Bolsonaro antes do início da comissão dos ataques Golpistas de 8 de Janeiro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
A Cedro Líbano, criada em 2008 e sediada em Goiânia, recebeu do governo federal R$ 299 mil entre 2020 e 2022. Desse valor total, R$ 188.000 foram pagos pela estatal Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf).
Em nota, a Codevasf informou que o montante se referia à compra de “quatro plantadeiras e adubadeiras mecanizadas” para um projeto no Amapá. Procurada, a madeireira não se pronunciou.
Outras operações envolvendo a Cedro Líbano chamaram a atenção do Coaf. Uma delas foi um repasse no valor de R$ 8.330 direto ao segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que era supervisor da Ajudância de Ordens da Presidência e, segundo o seu próprio currículo, “responsável pelo atendimento das demandas pessoais” de Jair Bolsonaro. Reis era subordinado ao tenente-coronel Mauro Cid e, assim como ele, está preso preventivamente no caso das supostas fraudes no cartão de vacinação.
![Segundo-sargento Luis Marcos dos Reis é um dos suspeitos de participar do suposto esquema que adulterou dados de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e auxiliares — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/MFKlorcxGLyDY30cWApEI87xh3Y=/0x0:273x433/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/2/x/hUlnbTRg607IfoTTLIpQ/segundo-sargento-luis-marcos-dos-reis-reproducao.jpeg)
Essa transação entre a madeireira e o militar entrou na mira da Polícia Federal durante uma investigação envolvendo movimentações financeiras de cartões corporativos da Presidência da República, administrados por Cid e seus auxiliares. Após quebrar o sigilo dos auxiliares de Bolsonaro, investigadores descobriram que Reis recebeu recursos da fornecedora da Codevasf — e passaram a apurar o caso.
Segundo as investigações, Reis recebeu R$ 101.420 da empresa ou de sócios dela entre 2019 a 2022. Os pagamentos foram feitos em mais de 40 parcelas que variam entre R$ 1.000 a 16.900.
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“Identificou-se algumas transações entre as contas da empresa Cedro do Líbano, ou pessoas vinculadas a ela direta ou indiretamente com Luis Marcos do Reis, lotado à época dos fatos na Ajudância de Ordens da Presidência da República”, diz um relatório da PF.
A defesa de Reis afirma que ainda não teve acesso ao processo e que, portanto, não tem como comentar sobre as informações. O advogado Bernardo Fenelon, que defende Cid, nega qualquer irregularidade e diz que todas as transações foram esclarecidas para a Polícia Federal