Ao apontar movimentação "atípica" e "incompatível" nas contas bancárias do tenente-coronel Mauro Cid, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) destacou quatro pessoas que fizeram transações com o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Uma delas é o sargento Luis Marcos dos Reis, que era subordinado de Cid na Presidência e também é investigado pela Polícia Federal (PF).
Sobre a movimentação financeira entre Cid e Reis, o Coaf fez o seguinte registro: “Considerando a movimentação atípica sem justificativa e as citações desabonadoras na mídia tanto do analisado como do principal beneficiário, comunicamos pela possibilidade de constituir em vício do crime de lavagem de dinheiro ou com ela relacionar-se”.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), dá depoimento à CPI do 8 de Janeiro; confira imagens
![Mauro Cid na CPMI do 8 janeiro. — Foto: Reprodução/TV](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/sS5jrZoV-GkF0J7GaYXeqP5gt4A=/0x0:1053x603/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/m/U/iUKeHlSjGGxibFFjcTvg/103628116-pa-brasilia-11-07-2023-mauro-cid-na-cpmi-do-8-janeiro.-foto-reproducao-tv.jpg)
![Mauro Cid na CPMI do 8 janeiro. — Foto: Reprodução/TV](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/l34W0ZkftFBEorlNwRX1NwQFv58=/1053x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/m/U/iUKeHlSjGGxibFFjcTvg/103628116-pa-brasilia-11-07-2023-mauro-cid-na-cpmi-do-8-janeiro.-foto-reproducao-tv.jpg)
Mauro Cid na CPMI do 8 janeiro. — Foto: Reprodução/TV
![Mauro Cid em depoimento — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/rFT-ZiwCsxYUKL1q_BJXIUjZQrw=/0x0:771x427/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/6/u/1dJVELRuA4k9tHgVx0Xg/mauro-cid-2.png)
![Mauro Cid em depoimento — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/mMvYVupmiENbKvecL_3THC1kKv4=/771x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/6/u/1dJVELRuA4k9tHgVx0Xg/mauro-cid-2.png)
Mauro Cid em depoimento — Foto: Reprodução
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![O senador Flávio Bolsonaro cumprimenta Mauro Cid na CPI do 8 de janeiro — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Rrfi-8wuthTuAXCYLWaYaLCgOKw=/0x0:1474x1600/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/e/J/oS1rJ9RSG6R6YXpBGEOg/unknown.jpeg)
![O senador Flávio Bolsonaro cumprimenta Mauro Cid na CPI do 8 de janeiro — Foto: Reprodução](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/qrBMszsgdxW5TqPPqUKRwsO-Pgk=/1474x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/e/J/oS1rJ9RSG6R6YXpBGEOg/unknown.jpeg)
O senador Flávio Bolsonaro cumprimenta Mauro Cid na CPI do 8 de janeiro — Foto: Reprodução
![O senador Marcos Rogério (PL-RO), o presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA) e o senador Sergio Moro (União-PR). — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/tYst4CwtomJy21-Vsk-NFayrFa8=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/7/0/IUY573SbaAyIuM3d7JEg/53038525834-a5a8587679-o.jpg)
O senador Marcos Rogério (PL-RO), o presidente da CPMI do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União-BA) e o senador Sergio Moro (União-PR). — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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![Mauro Cid tira celular do bolso de Jair Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos, em 2022 — Foto: Caio Rocha/iShoot/Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/VkhZSBa_A__oRMCZxxJxQlFz_OA=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/m/5WS2ZwSpamvQCZ4Jehjg/102898255-fortaleza-ce-03-05-2023-policia-federal-prende-coronel-mauro-cid-policia-federal-pren.jpg)
Mauro Cid tira celular do bolso de Jair Bolsonaro no Aeroporto de Guarulhos, em 2022 — Foto: Caio Rocha/iShoot/Agência O Globo
![Mauro Cid chega fardado para prestar depoimento na CPI do 8 de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/AXYp3qKL4Ctfpi_X71EgDxevjoE=/615x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/w/34p8gbS7SkY0fRAYAo3A/maurocid1.jpg)
Mauro Cid chega fardado para prestar depoimento na CPI do 8 de Janeiro — Foto: Reprodução/TV Globo
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![A abertura da CPMI do 8 de Janeiro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/SPRg3SQAokgg70f3tQpad1k87j4=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/V/q/Xy255vSTW7EERiKHfk8g/53038826168-4f0bfb2e78-o.jpg)
A abertura da CPMI do 8 de Janeiro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
![Placa com nome de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/qSWQKNcThjxKukHC7yyTvPVd-sc=/1600x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/s/Y/x1Mmb8TAeBjliqnnnBGA/placa-mauro-cid-cpi.jpeg)
Placa com nome de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro — Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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![Mauro Cid fala na CPI do 8 de janeiro — Foto: Reprodução/TV Câmara](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/xu8FbDw1gWrB3XmGnJKz1uq4Kyw=/1279x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/J/Q/B8CEgATN2mAT7JCeAAMw/mauro-cid-cpi.jpeg)
Mauro Cid fala na CPI do 8 de janeiro — Foto: Reprodução/TV Câmara
O documento também chama atenção para transações de Mauro Cid envolvendo um "caixeiro viajante", um "ourives" — profissional especializado em trabalhar com ouro e outros metais preciosos — e um tio da mulher do militar. Nestes casos, no entanto, não se tem notícia de apurações por parte da PF ou outras autoridades sobre os personagens citados.
No relatório, o Coaf destacou que encontrou nas contas de Cid indícios de “movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, atividade econômica ou a ocupação profissional e capacidade financeira do cliente” e “transferências unilaterais que, pela habitualidade e valor ou forma, não se justifiquem ou apresentem atipicidade”.
Ao analisar as transações financeiras de Cid, o Coaf registrou que o militar movimentou R$ 3,2 milhões em sete meses — de 26 de junho de 2022 a 25 de janeiro de 2023. Nesse período, ele registrou operações de R$ 1,4 milhão em débitos e R$ 1,8 milhão em créditos. Militar da ativa, o tenente-coronel recebe mensalmente uma remuneração de R$ 26.239.
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Entre as operações destacadas pelo Coaf, está o envio de remessas aos Estados Unidos no valor de R$ 367.374 em 12 de janeiro de 2023 — data em que Cid e Bolsonaro se encontravam naquele país. Os dois saíram do Brasil no fim de 2022 e não acompanharam a transmissão do cargo para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”, diz trecho do relatório.
Procurado, o advogado Bernardo Fenelon, que defende Cid, afirmou que "todas as movimentações financeiras do tenente-coronel, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal". O criminalista ainda pontuou que "todas as manifestações defensivas são apenas realizadas nos autos do processo".
Mauro Cid está preso preventivamente em um batalhão do Exército desde o dia 3 de maio, quando foi alvo de uma operação da PF que investiga supostas fraudes no cartão de vacinação de Bolsonaro e de pessoas ligadas a ele. Como ajudante de ordens, ele era responsável por cuidar das contas pessoais do ex-presidente e seus familiares.