Política
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Por Eduardo Gonçalves — Brasília

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, identificou que o ex-presidente Jair Bolsonaro movimentou R$ 800 mil em uma transferência para os Estados Unidos no fim de 2022. Naquele período, o então mandatário deixou o Brasil e se dirigiu a Orlando, onde passou as férias na casa de um ex-lutador de MMA.

De acordo com o documento do Coaf, obtido pelo GLOBO, o repasse é apontado como o principal débito de Bolsonaro em uma conta que ele mantinha em um banco público. A data da transação é de 27 de dezembro de 2022. Três dias depois, o então presidente embarcou para os Estados Unidos. O relatório não traz comentários sobre essa transferência específica, tampouco aponta ilegalidade nesta transferência.

Nas redes sociais, o ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, que defende o ex-presidente, disse que "são inadmissíveis os vazamentos de quebras de sigilos financeiros de investigados no inquérito de 8/1 e ou de qualquer outra investigação sigilosa".

O presidente possuía uma conta no BB Americas, filial do Banco do Brasil nos Estados Unidos. Em maio, os advogados de Bolsonaro relataram que ele havia transferido, ao todo, US$ 135 mil para essa conta internacional aberta em dezembro de 2022. Na época, o valor correspondia a R$ 715.500, levando-se em consideração a cotação média do dólar para aquele mês.

Segundo a defesa, a transação ocorreu porque o ex-mandatário não confiava na política econômica do governo Lula.

— Essa transferência aconteceu da conta do presidente, via Banco Central, para uma conta também identificada em nome do presidente nos EUA. Porque ele acredita que o atual governo não vai conduzir bem a economia. Todo o dinheiro teve trânsito no Banco Central — afirmou advogado Paulo Bueno, na ocasião.

Durante as eleições, Bolsonaro declarou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter um total de R$ 907 mil em duas contas no Banco do Brasil.

Em nota, a defesa de Bolsonaro afirmou que os valores depositados têm origem “lícita” e criticou o que chamou de “inaceitável e criminosa violação de sigilo bancário”.

“A ampla publicização nos veículos de imprensa de tais informações consiste em insólita, inaceitável e criminosa violação de sigilo bancário, espécie, da qual é gênero, o direito à intimidade, protegido pela Constituição Federal no capítulo das garantias individuais do cidadão. Para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, a defesa informa que estes são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”, diz o texto, assinado pelos advogados Paulo da Cunha Bueno, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten.

A defesa diz ainda que “tomará as providências criminais cabíveis para apuração da autoria da divulgação de tais informações”.

Transação internacional de Mauro Cid

Além da movimentação de Bolsonaro, o Coaf rastreou uma remessa considerada "atípica" aos Estados Unidos no valor de R$ 367.374 realizada em janeiro de 2023 pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Naquela data, o militar estava em Orlando junto com o ex-mandatário.

"Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio, e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se em indícios do crime de lavagem de dinheiro, ou com ele relacionar-se", diz trecho do documento.

O advogado Bernardo Fenelon, que defende Cid, disse, em nota, que "todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal."

Gastos da viagem aos EUA

Para os cofres públicos, a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos representou uma despesa média de R$ 7,1 mil por dia com os assessores, segundo dados do Portal da Transparência.

A verba é destinada a custear os gastos de hospedagem e alimentação dos servidores. Como O GLOBO mostrou em fevereiro, esse valor supera o montante que outros ex-presidentes costumam gastar por ano com esse tipo de despesa e chega perto do que alguns antigos mandatários custam anualmente aos cofres públicos.

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