Entrevistas
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Por Anna Luiza Santiago

Além da semelhança física, José Beltrão tem outro ponto em comum com os pais, a atriz Andrea Beltrão e o diretor Maurício Farias: também decidiu seguir a carreira artística. Aos 24 anos, dá os primeiros passos como ator e está fazendo sua estreia no audiovisual na série "Pedaço de mim". As comparações, avalia, são inevitáveis, mas ele procura evitar que elas definam sua trajetória.

— Eu tento lidar da melhor forma possível. Já nasci com a vida muito atrelada a isso, porque eles sempre trabalharam muito. Foi uma coisa do nosso cotidiano, meu e dos meus irmãos (Antônio, que é diretor; Chico, que é músico e produtor musical; e Rosa, escritora). A gente já sofreu com isso, já se deu bem com isso... Entendemos como as pessoas lidam e como nós lidamos enquanto família. Na hora de trabalhar, eu, pelo menos, tento me esvaziar disso. Não quero que me vejam só por isso, mas também não quero que deixem de saber, porque amo muito o trabalho deles. Aí é que entra a diferença para o nepobaby, como as pessoas falam de maneira pejorativa. Realmente sou filho deles, isso não vai mudar, mas é o que faço com isso. A diferença está no trabalho. Meu trabalho não vai durar nada se eu não trabalhar por isso — diz.

José estudou no Tablado, escola de teatro no Rio, e faz faculdade de Artes Cênicas. Também já atuou como assistente de direção. Em casa, conta com a ajuda valiosa de uma das maiores atrizes do país:

— Ao mesmo tempo que minha mãe é uma referência muito forte para mim, a gente tem uma amizade. Não fica só um jogo de admiração. Aprendi muita coisa com ela sobre atuação desde que comecei. Já tomei muito cascudo, muita porrada dela nesse sentido (risos). Conforme fui amadurecendo, ficou uma relação de amizade e de troca, de eu poder apresentar coisas para ela, filmes, trabalhos legais, atores que ela não conhecia porque são mais novos ou coisa do tipo. E ela me apresenta atores maravilhosos antigos, como (Marcello) Mastroianni e Al Pacino. São coisas que alimentam nossa relação e me alimentam muito. Se ela não fosse atriz, só essas referências dela já me ajudariam horrores. Acho que ela sendo atriz é um papo muito direto, muito bom. É gostoso.

Se as expectativas do público sobre José podem ser elevadas por conta do talento de sua mãe, o ator busca fugir da autocobrança exagerada:

— Já me cobrei, me cobro. Varia. É normal na vida de todo ator. A gente se cobra mais em alguns momentos, menos em outros. Acho que o legal é sempre tentar fazer o trabalho ser prazeroso. A cobrança eu tento sempre escantear. Se eu ficar me cobrando, fico me comparando. Não só com ela, mas com outras pessoas. Isso atrapalha muito. O trabalho dela é maravilhoso, admiro muito, mas pra mim não funciona, porque não tenho como imitar. Não sou mulher, não tenho o mesmo caminho que ela teve. Acho que, de alguma forma, é uma coisa boa. É um alívio pensar sempre que vou trilhar o meu caminho. Isso vai fazer minha vida ser do jeito que ela for.

Na série da Netflix, o ator vive Marcos, um dos gêmeos de Liana (Juliana Paes), irmão de Mateus (Pedro Nabuco). A personagem tem uma superfecundação heteroparental, ou seja, engravida ao mesmo tempo de dois homens. Um é seu marido, Tomás (Vladimir Brichta). O outro é Oscar (Felipe Abib), que a estuprou. Marcos é justamente o bebê fruto da violência:

— Teve uma cena legal de fazer, que foi barra pesada. Foi difícil para mim. Era a cena de uma descoberta muito grande, forte. A direção queria que tivesse alguma emoção, que eu chorasse. Eu estava tendo dificuldade. Nos últimos takes, consegui me emocionar. A emoção foi tomando conta, não consegui segurar. Foi engraçado. Quando a gente parou para almoçar, fui para o banheiro aos prantos, rindo da minha cara: "Para com isso, cara. A cena já acabou". Foi a primeira vez que chorei em cena e me fez mal. Eu não sou de ficar chorando de verdade em cena. A graça é não ser de verdade, e você passar verdade. Eu sou uma pessoa que acredita muito nisso, mas acabei tomando uma facada nas costas (risos).

José recebeu o convite para o teste no dia de seu aniversário. Ele foi dirigido pelo pai e por outros diretores na série:

— Foi muito interessante. Ele foi de boa. Tomei uma bronca ou outra (risos). Nada que ele não faria com outros atores. Foram coisas tanto pela minha falta de experiência como coisas de trabalho normais, do processo. Ao mesmo tempo foi muito legal. Como a nossa relação é antiga, a gente já se entende muito no olhar.

José Beltrão — Foto: Divulgação/Netflix
José Beltrão — Foto: Divulgação/Netflix
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