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O uso de câmeras de reconhecimento facial como ferramenta de segurança tem se revelado um avanço no combate ao crime. A tecnologia, que auxilia na identificação e localização de foragidos, tem sido usada em diversos estados, como demonstram iniciativas em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Contudo, apesar dos inúmeros benefícios, é crucial que seu uso seja acompanhado por critérios rigorosos e ajustes constantes para minimizar erros e evitar injustiças.

No Rio, a implementação de câmeras de reconhecimento facial em grandes eventos, como o Réveillon em Copacabana, resultou, em quase seis meses de uso, na prisão de 185 suspeitos foragidos. O resultado inicial é alentador, mas ainda há um longo caminho para que a eficácia atinja patamares satisfatórios. Um levantamento do projeto Copacabana Presente revelou que, até março, dos 75 alertas gerados pelas câmeras, apenas 12 resultaram em prisões. Isso mostra que parcela significativa ainda é detida por engano.

A integração eficiente entre as instituições de segurança é fundamental para melhorar a precisão dos sistemas de reconhecimento facial. “É importante que exista um banco de dados com informações compartilhadas entre Justiça, Ministério Público, polícias Civil e Militar”, afirma o coronel reformado da PM José Vicente da Silva. “A rivalidade dificulta parcerias, mas o ideal seria um sistema cooperativo de inteligência compartilhada.”

As autoridades devem ser cautelosas e diligentes na atualização dos bancos de dados. No primeiro trimestre, um terço dos alertas emitidos em Copacabana era incorreto, gerando “falsos positivos” que causam constrangimento e injustiça. Para reduzir esses equívocos, o Centro Integrado de Comando e Controle afirma ter recalibrado o sistema e implementado um protocolo de checagem adicional, incluindo a verificação de fotos e a consulta a listas de falsos positivos anteriores.

Há necessidade de atualização constante dos bancos de dados. Erros como os ocorridos em janeiro, quando dois suspeitos foram detidos sem que suas ordens de prisão tivessem sido emitidas, devido à desatualização do sistema da Polícia Civil, demonstram a necessidade de bases de dados mais precisas e atualizadas.

Resultados positivos, como a redução de 42% nos registros de roubo de rua em Copacabana e no Leme de janeiro a abril, evidenciam o potencial da tecnologia quando bem aplicada. Em consequência, o plano é instalar outros 16 pontos de vigilância no bairro, além dos 11 já existentes, para criar um “cinturão de reconhecimento facial”.

Mas é essencial que haja ajustes contínuos para evitar erros e garantir que a ferramenta não perca credibilidade. O sucesso depende do equilíbrio entre inovação e rigor operacional. Apenas com a implementação de protocolos robustos, a integração eficiente entre instituições e a atualização constante dos bancos de dados será possível minimizar as falhas e proteger os cidadãos de injustiças, garantindo que a tecnologia sirva à segurança pública sem comprometer os direitos individuais.

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