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Por O Globo e agências internacionais — Teerã

RESUMO

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GERADO EM: 06/07/2024 - 11:50

Vitória de Pezeshkian no Irã: Mudança de Regime e Abertura ao Ocidente

A vitória de Masoud Pezeshkian no Irã representa uma mudança no regime, com críticas à repressão e abertura ao diálogo com o Ocidente. Sua eleição pode reduzir a pressão interna e melhorar a imagem externa do país.

A vitória do candidato moderado e reformista Masoud Pezeshkian nas eleições presidenciais do Irã deu um impulso raro aos esforços para diminuir anos de tensões sobre o programa nuclear do país – mesmo sem indicação de qualquer avanço iminente na crise. A derrota do conservador Saeed Jalili, antigo negociador nuclear cuja intransigência e estilo o tornaram notório entre diplomatas ocidentais, é um alívio para governos europeus que buscam manter o diálogo sobre a questão.

O presidente eleito foi apoiado pelo ex-presidente Hassan Rouhani (2013-2021), que enquanto estava no cargo liderou os esforços para reduzir a crise, e pelo ex-ministro das Relações Exteriores Mohammad Javad Zarif, que no passado trabalhou com europeus no dossiê nuclear. Mesmo após assumir o cargo, porém, o candidato eleito não será figura número um do Irã em questões de política externa ou nuclear: o aiatolá Ali Khamenei permanece como autoridade máxima.

Sistema político do Irã — Foto: Editoria de Arte
Sistema político do Irã — Foto: Editoria de Arte

Durante a campanha para a eleição, convocada após a morte do presidente linha-dura Ebrahim Raisi (1960-2024) em um acidente de helicóptero, Pezeshkian, de 69 anos, defendeu um Irã mais aberto ao Ocidente. Ele jurou fazer as pazes com o mundo, aliviar as regras sufocantes para jovens e mulheres – incluindo a abolição da polícia moral, que impõe a lei do hijab – e negociar com nações ocidentais para remover sanções econômicas que sobrecarregam a economia iraniana.

Pezeshkian pediu, ainda, por “relações construtivas” com Washington e europeus para “tirar o Irã de seu isolamento”. O presidente eleito mostrou, na avaliação de Thierry Coville, especialista em Irã do Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas (IRIS), que “seu projeto era muito diferente do ultraconservador Saeed Jalili”, que rejeitou o impacto das sanções internacionais na economia do país.

Ameaça nuclear

O acordo nuclear iraniano de 2015, conhecido como JCPOA, e concluído com Estados Unidos, China, Rússia, França, Alemanha e Reino Unido, deveria regular as atividades atômicas do Irã em troca da retirada de sanções internacionais. Mas desde a saída unilateral de Washington do acordo em 2018, a pedido do ex-presidente republicano Donald Trump (2016-2020), o Irã gradualmente se desfez de seus compromissos.

Embora Teerã negue querer adquirir armas nucleares, seu programa continua a crescer. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã é o único país não-nuclear a enriquecer urânio a 60%, perto dos 90% necessários para construir uma bomba, e acumular grandes estoques. Diplomatas ocidentais que falaram com a AFP disseram que uma vitória de Saeed Jalili teria paralisado ainda mais a questão, descrevendo-o como um “linha-dura” que serviu “discursos ideológicos” durante as negociações e era a personificação de uma linha inflexível.

— Restaurar o acordo nuclear de 2015 não é mais uma opção realista, pois os fatos no terreno mudaram fundamentalmente — disse à AFP Ali Vaez, diretor do projeto Irã no International Crisis Group. — O programa nuclear do Irã agora está muito avançado, as sanções provaram ser muito persistentes, a confiança está no ponto mais baixo de todos os tempos e as potências mundiais não estão mais na mesma página.

Aceleração do programa nuclear do Irã — Foto: Arte/O GLOBO
Aceleração do programa nuclear do Irã — Foto: Arte/O GLOBO

O especialista acrescentou, contudo, que a “abordagem inflexível e ideológica” de Jalili teria colocado o Irã e o Ocidente em rota de colisão. O veterano político de 58 anos prometeu enfrentar os inimigos do seu país, intensificar as restrições sociais e expandir relações com a Rússia e China. Com uma equipe diplomática experiente sob Pezeshkian, por outro lado, “uma série de acordos transnacionais capazes de ajudar a evitar uma crise” podem ser possíveis, mesmo que uma solução sustentável ainda possa estar “fora de alcance”.

Acúmulo de tensões

As eleições presidenciais do Irã ocorreram num momento sensível para o país. As tensões estão no ponto mais alto em anos entre Israel e Irã após o ataque sem precedentes do grupo terrorista Hamas em Israel em 7 de outubro, quando 1,2 mil pessoas morreram, a maioria civis – e a subsequente guerra na Faixa de Gaza, que já vitimou 38 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde do enclave. Vários governos ocidentais temem que uma nova guerra possa começar agora entre o movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, e Israel no Líbano.

Capacidades militares de Israel e Irã — Foto: Editoria de Arte
Capacidades militares de Israel e Irã — Foto: Editoria de Arte

Enquanto isso, Israel, que alguns observadores acreditam ter intensificado as operações de sabotagem dentro do Irã nos últimos anos, nunca descartou uma ação militar contra instalações nucleares iranianas. Isso poderia ser ainda mais incentivado se Trump vencer as eleições presidenciais americanas contra os democratas este ano.

A República Islâmica está ciente de que qualquer alívio das sanções primeiro terá que ser negociado com Washington. Portanto, se os democratas permanecerão no poder é uma peça chave do quebra-cabeça. Quanto aos europeus, que também estão emergindo de eleições que mudaram seu cenário político, eles mantêm uma margem de manobra limitada: na avaliação de Coville, “eles se colocaram um pouco fora do jogo ao aceitar as sanções americanas”. (Com AFP e New York Times)

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