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Por AFP — Burgenstock, Suíça

Dois dias após o presidente russo, Vladimir Putin, impor suas condições para dar início às negociações para o fim da guerra na Ucrânia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a Rússia e seus líderes "não estão preparados para uma paz justa". A fala ocorreu após a cúpula pela paz na Ucrânia na Suíça, que se encerra neste domingo. Em sua declaração oficial, os chefes de Estado e governo presentes reiteraram que a "integridade territorial" de Kiev deve ser respeitada e instaram o regresso das "crianças ucranianas deportadas" para solo russo. E destacaram: o "diálogo entre todas as partes" será necessário para encontrar uma solução duradoura.

— Temos de fazer o nosso trabalho, não vamos pensar na Rússia, vamos fazer o que temos de fazer — afirmou Zelensky, respondendo às condições de Putin: — [A Rússia pode negociar a paz] amanhã se abandonar o nosso território.

O documento final da cúpula foi divulgado horas após Moscou, que não participa da reunião, reivindicar a captura de Zahirne, outra aldeia na região de Zaporíjia, no sul ucraniano, e teve o endosso da maioria dos 90 países que participaram da cúpula endossaram o documento oficial, com exceção de Estados como a Índia, Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, que mantêm laços estreitos com Moscou.

Nele, os signatários destacaram que futuras conversações sobre um acordo para a paz devem incluir a Rússia, afirmando ser necessário o "envolvimento e o diálogo entre todas as partes". Moscou não esteve presente na cúpula, o que levou especialistas e críticos a ponderar sobre a possibilidade de êxito em avanços práticos. Mas, no dia anterior, Putin sinalizou suas condições para uma "paz negociada": a retirada das tropas de Kiev das quatros regiões do país que foram parcialmente anexadas por Moscou e a renúncia a qualquer possibilidade de se integrar à Otan — o que foi rechaçado pelas autoridades ucranianas, os EUA e a organização.

O Kremlin voltou a reforçar as imposições de Putin, neste domingo, afirmando que Kiev deveria "pensar" na retirada de suas forças do leste e sul do país. O porta-voz Dmitry Peskov, apesar de não citar diretamente o presidente Volodymyr Zelensky disse ser "provável" que um político que "coloque os interesses do seu país" acima dos seus e de seus superiores deva pensar em tal proposta.

— A dinâmica atual da situação na linha da frente nos mostra claramente que continua piorando para os ucranianos — afirmou o porta-voz do Kremlin, insistindo que não se tratava de um "ultimato", mas de uma "iniciativa de paz que leva em conta as realidades no terreno".

Armas nucleares e repatriação de crianças

O documentou final da cúpula reiterou seu compromisso com "os princípios da soberania, independência e integridade territorial de todos os Estados, incluindo a Ucrânia". Atualmente, a Rússia controla pouco menos de um quinto da ex-república soviética, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014. O país foi responsabilizado na declaração por desencadear a guerra no Leste europeu, que teve início em fevereiro de 2022, e destacou ainda a devastação causada pelo conflito.

"A guerra em curso [...] continua causando sofrimento e destruição humana em grande escala e criando riscos e crises com repercussões globais", expôs a declaração, que exigiu a troca total de soldados capturados e a repatriação das mais de 20 mil crianças ucranianas que, segundo Kiev, foram forçadamente levadas para a Rússia desde o início do conflito.

O deslocamento de menores, que a Rússia alega ter sido operado para a sua própria proteção, é um dos pontos centrais do processo contra Moscou por crimes por “crimes de guerra, crimes contra a Humanidade e genocídio” movido no Tribunal Penal Internacional (TPI) desde fevereiro de 2022, resultando nas ordens de prisão de Putin e da responsável do país pelas políticas para a infância, Maria Lvova-Belova.

Os signatários também expressaram no documento a preocupação com a possibilidade do conflito escalar e se tornar nuclear, afirmando que "qualquer ameaça ou utilização de armas nucleares no contexto da guerra em curso contra a Ucrânia é inadmissível." Putin, que já abordou diversas vezes sua potência e capacidade nucleares, rejeitou a ideia de que tenha "incitado a retórica nuclear" e afirmou que não pretende usar seu arsenal atômico no conflito com a Ucrânia ou em qualquer outro.

A cúpula também apelou para o "controle soberano total" pela Ucrânia da central nuclear de Zaporíjia, no sul do país. A central, a maior instalação de energia atômica da Europa, está localizada em uma parte do território controlada pelas tropas de Moscou (e que é reivindicada por Putin para a paz negociada) e tem sido uma fonte de preocupação quase desde o início da guerra. É a primeira vez que uma instalação nuclear é ocupada por um exército invasor e as repetidas crises na central provocaram o alarme global sobre os riscos crescentes de um desastre radiológico.

O documento abordou ainda as questões relacionadas ao comércio alimentar e agrícola, sublinhando que a segurança alimentar "não deve ser transformada em arma [de guerra] de forma alguma". Kiev é um dos maiores produtores e exportadores agrícolas do mundo, mas a invasão russa complicou as suas exportações através do Mar Negro, que se tornou uma zona de batalha. “A navegação comercial livre, plena e segura, bem como o acesso aos portos marítimos nos mares Negro e Azov, são críticos”, afirma o documento final, acrescentando que ataques a navios comerciantes são "inaceitáveis".

Ajuda do Ocidente e relações com a China

Em sua entrevista coletiva, Zelensky destacou que a Ucrânia não é um "inimigo" da China, em resposta a uma pergunta sobre as suas relações com Pequim. A China é um aliado da Rússia e tem sido acusada de contribuir para o esforço de guerra de Moscou através do fornecimento de componentes. O país asiático decidiu não participar da cúpula, porque Moscou não estaria presente.

— A China poderia nos ajudar — sublinhou o presidente ucraniano, aproveitando para destacar que o atual nível de ajuda militar ocidental não é suficiente para garantir que a Ucrânia vença o conflito. — Existe ajuda. Há pacotes substanciais. É suficiente para ganhar? Não. Chega tarde? Sim.

Durante a cúpula do G7, sediada na Itália, os países alcançaram um acordo político para emprestar US$ 50 bilhões (R$ 270 bilhões) financiados com ativos financeiros russos congelados no exterior desde o início da guerra na Ucrânia, enquanto o presidente americano, Joe Biden, assinou um novo acordo de segurança com o líder ucraniano, que garante o apoio contínuo dos EUA à Ucrânia pelos próximos dez anos.

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