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Por AFP — Washington

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sugeriu, em uma entrevista publicada nesta terça-feira, que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, esteja prolongando a guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza em um esforço para manter-se no poder. Mas, após a repercussão negativa da declaração contra um dos principais aliados dos EUA, o americano tentou amenizar a situação, afirmando apenas que o premier "está tentando resolver um problema sério".

Ao ser questionado por um repórter da revista americana Time se o premier israelense estaria prolongando o conflito por suas próprias razões políticas, Biden afirmou: "Há todas as razões para as pessoas tirarem essa conclusão".

A resposta do democrata, que tentará a reeleição em novembro, deixa clara a tensão nos últimos meses entre a Casa Branca e seu principal aliado no Oriente Médio. Biden ressaltou que teve um "grande desacordo" com Netanyahu por divergências no período de guerra e considerou que Israel se comportou "inadequadamente" durante o conflito, desencadeado após um ataque do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos e fez cerca de 250 reféns. A represália israelense, por sua vez, já deixou mais de 36,5 mil mortos, segundo o Ministério da Saúde do enclave.

A entrevista à Time ocorreu antes do anúncio de Biden de uma proposta apresentada para um cessar-fogo em Gaza, na última sexta-feira, e que recebeu uma reação fria de Netanyahu, bem como ameaças de renúncias em seu governo. O presidente americano reconheceu que a principal divergência com o governo israelense era a necessidade da criação de um Estado palestino.

— Meu grande desacordo com Netanyahu é o que acontecerá depois... do fim de [um conflito em] Gaza. A que situação [o território palestino] retornará? As forças israelenses retornarão para lá? — questionou, em referência aos supostos planos israelenses para consolidar a presença militar na região, declarando: — Bem, a resposta é que se este for o caso, não pode funcionar.

Em uma das mais contundentes críticas a Israel desde o início do conflito, Biden afirmou que o Estado judeu estava "perdendo apoio internacional". A pressão avolumou-se com o passar dos meses, com a abstenção do país, em março, em uma votação do Conselho de Segurança da ONU que permitiu a aprovação de uma resolução que mencionava a exigência de um cessar-fogo imediato, as advertências explícitas — e prontamente rebatidas — dos riscos humanitários da incursão em Rafah, cidade no extremo sul do enclave, e a subsequente suspensão do envio de bombas americanas a Israel. Tudo isso somada às cinco viagens do secretário de Estado Antony Blinken ao Oriente Médio para participar de mesas de negociação para uma trégua que permitisse a troca de reféns.

Mas, para além da questão humanitária denunciada pelas agências e organizações humanitárias e o número de mortes desigual, a pressão de Biden tem raízes em pressões internas. Em ano de eleição, a guerra em Gaza tem se apresentado como uma pauta importante para o eleitorado americano. Em Michigan, durante as primárias, o democrata recebeu 13% de votos "sem compromisso", o equivalente a mais de cem mil votos, uma forma da base do partido protestar e mostrar sua mobilização contra o apoio incondicional da Casa Branca a Israel.

Nas últimas pesquisas divulgadas pelo New York Times, Siena College e Philadelphia Inquirer, em meados de maio, cerca de 13% dos eleitores que dizem ter votado em Biden na última eleição, mas que não planejam fazê-lo novamente, afirmaram que sua política externa ou a guerra em Gaza foi o fator mais importante para a mudança de voto.

Isso sem contar na onda de protestos que se espelharam pelos campi das universidades americanas, na qual os universitários exigiam o fim do conflito, a condenação das instituições do que acontece no enclave, a retirada dos investimentos feitos em empresas que lucram com a guerra, além do fim de vínculos e programas integrados a universidades israelenses. As manifestações culminaram em mais de duas mil detenções e dividiram o Partido Democrata.

Após a repercussão da sua fala sobre a atuação do premier, no entanto, Biden voltou atrás e tentou amenizar a situação. Ao ser novamente questionado se Netanyahu estaria fazendo política com a guerra em Gaza, o presidente americano respondeu: "Acho que não".

— Ele está tentando resolver um problema sério que enfrenta — disse, citado pelo jornal israelense Haaretz, após comentários sobre a assinatura de um decreto para fechar temporariamente a fronteira EUA-México a solicitantes de asilo.

Guerra na Ucrânia

Por outro lado, o líder democrata mencionou a invasão russa da Ucrânia em entrevista à revista americana, país ao qual tem prestado apoio militar contínuo e que se tornou uma das linhas constantes da sua política externa. Segundo Biden, o seu governo está melhor posicionado do que o do republicano Donald Trump para manter essa assistência à defesa ucraniana face ao avanço militar de Moscou, alegando que o Exército russo foi "dizimado" no terreno.

— Paz significa garantir que a Rússia nunca, jamais ocupe a Ucrânia — disse.

Ele também criticou seu adversário, que ameaçou desfazer as tradicionais alianças americanas no exterior e destacou que Trump teve contatos com líderes autoritários durante seu mandato (2017-2021).

— Todos os maus (governantes estrangeiros) apoiam Trump — disse Biden, que em novembro voltará a enfrentar nas urnas o magnata, que até hoje não aceita a sua derrota nas eleições de 2020.

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