Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo, com agências internacionais — Tel Aviv

Um bombardeio de Israel contra um complexo de operações do grupo terrorista Hamas desatou um incêndio que matou no domingo ao menos 45 pessoas em um acampamento de tendas improvisado em Rafah, cidade no extremo sul da Faixa de Gaza, disse nesta segunda-feira o porta-voz do governo israelense Avi Hyman, citando conclusões iniciais de uma investigação para negar que civis fossem alvo da ação. De acordo com Israel, o ataque matou dois integrantes do grupo palestino e, segundo o Ministério de Saúde do enclave, que é controlado pelo Hamas desde 2007, também deixou 249 feridos. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu classificou o episódio como um "acidente trágico", destacando que um milhão de civis foram deslocados para a operação.

— Em Rafah retiramos um milhão de moradores que não estão envolvidos e, apesar dos nossos esforços, um acidente trágico ocorreu ontem (domingo) — afirmou Netanyahu nesta segunda.

A Sociedade do Crescente Vermelho da Palestina afirmou que o ataque atingiu a área de Tal as Sultan de Rafah, que havia sido designada por Israel como zona humanitária e abrigo para os palestinos se protegerem antes da ofensiva terrestre na cidade.

Estamos investigando isso. Foi definitivamente grave. Qualquer perda de vidas, de vidas civis, é grave e terrível. Procuramos ir atrás do Hamas e limitar as vítimas civis... Esta é uma história em desenvolvimento — disse Hyman.

Segundo o Crescente Vermelho, suas ambulâncias levaram um "grande número" de vítimas para a clínica Tal as Sultan e para hospitais de campo em Rafah, onde há poucas instalações de saúde em funcionamento, relatando que várias pessoas ficaram presas entre as chamas no local do ataque. Já a ONG Médico Sem Fronteiras (MSF) afirmou que mais de 15 mortos e dezenas de feridos foram levados para um centro de estabilização de trauma que apoia em Tal as Sultan.

Veja imagens de campo em Rafah após ataque israelense

Veja imagens de campo em Rafah após ataque israelense

Ao jornal americano New York Times, o médico britânico James Smith, que trabalha no centro médico da MSF, disse que o ataque atingiu pessoas que "procuravam algum grau de proteção e abrigo em tendas de lona" montadas muito perto uma das outras.

— Essas são tendas muito, muito compactas. E um incêndio como este pode se espalhar por uma distância enorme, com consequências catastróficas num espaço de tempo muito, muito curto — disse o britânico, acrescentando que o ataque era "uma das coisas mais horríveis que viu ou ouviu falar em todas as semanas de meu trabalho em Gaza".

Apesar de a ONU estimar que mais de 800 mil pessoas fugiram de Rafah em questão de semanas depois que o Exército israelense anunciou sua ofensiva, a área continua densamente povoada — com uma população de 250 mil pessoas antes da guerra, a cidade chegou a abrigar 1,5 milhão de palestinos por causa de uma série de deslocamentos internos pelo conflito de mais de sete meses.

Repercussão

O bombardeio ocorre dias depois de a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ter ordenado que Israel parasse "imediatamente" sua ofensiva militar em Rafah. Embora a corte não tenha os meios para fazer com que a ordem seja cumprida, coloca mais pressão sobre o governo de Benjamin Netanyahu sobre a forma como a operação no enclave palestino vem sendo conduzida.

Vários países árabes, incluindo Egito, Catar, Jordânia e Kuwait, condenaram o ataque, com Cairo descrevendo a ação como um "bombardeio deliberado contra as tendas de pessoas deslocadas" e pedindo que Israel "aplique as medidas determinadas pela CIJ no que diz respeito ao fim imediato das operações militares". Já o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, pediu uma "intervenção internacional imediata".

Autoridades ocidentais também se manifestaram, com o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmando estar "horrorizado com as notícias vindas de Rafah" e pedindo o cumprimento da determinação da CIJ, o presidente da França, Emmanuel Macron, descrevendo-se como "ultrajado", e o governo italiano dizendo que não há como justificar ataques contra civis. Representantes de Espanha, Irlanda e Noruega, que formalizam o reconhecimento do Estado Palestino na semana passada, também se manifestaram.

O representante espanhol, José Manuel Albares, destacou que "as medidas cautelares, como todas as decisões da Corte Internacional de Justiça, são obrigatórias para todas as partes".

No domingo, o Exército israelense já havia negado que atingir o acampamento fosse intencional, afirmando que o "ataque foi realizado contra alvos legítimos, ao abrigo do direito internacional, por meio da utilização de munições e de informações precisas que indicavam a utilização da área pelo Hamas".

Bilal al-Sapti, 30 anos, trabalhador da construção civil em Rafah, disse que os estilhaços do ataque destruíram a tenda onde ele estava com a mulher e os dois filhos, mas que a sua família saiu ilesa.

— Que tipo de tenda nos protegerá de mísseis e estilhaços? — indagou ao New York Times.

Al-Sapti relata ter visto no local do ataque corpos carbonizados e pessoas gritando enquanto os bombeiros tentavam apagar as chamas.

— O fogo era muito forte e atingiu todo o acampamento — disse ele. — Havia escuridão e não havia eletricidade.

A major-general Yifat Tomer-Yerushalmi, principal autoridade jurídica dos militares israelenses, disse nesta segunda-feira que o ataque aéreo estava sob revisão. Ela disse que a polícia militar abriu cerca de 70 investigações criminais sobre possível má conduta durante a guerra.

— Naturalmente, numa guerra de tal alcance e intensidade, também ocorrem incidentes complexos — disse Tomer-Yerushalmi num discurso à Ordem dos Advogados de Israel. — Alguns dos incidentes, como o da noite passada em Rafah, são muito graves.

Ela acrescentou que os militares “lamentam qualquer dano causado a civis não envolvidos durante a guerra”.

Mais recente Próxima Repórteres Sem Fronteiras apresenta denúncia ao TPI sobre jornalistas mortos em Gaza
Mais do Globo

Manuel Gonzalez sobreviveu ao ataque, mas está internado em estado grave

Noivo leva quatro tiros na cabeça e convidados são assaltados durante casamento, nos EUA

Edital para 3,1 mil vagas vai conceder uma bolsa-formação de R$ 14.058 por mês, que poderá ser paga por até 48 meses

Novo edital do Mais Médicos terá cota para negros, indígenas e PCD

Especialistas afirmam que modelo citado pela imprensa norte-coreana poderia, em teoria, levar armas nucleares

Coreia do Norte anuncia lançamento de mísseis com 'ogivas supergrandes'; Seul sugere que teste foi um fracasso

Ao custo de R$ 80 milhões, previsão é de conclusão da reforma do prédio principal até 2026. Sobre outros usos para o terreno, Eduardo Paes disse que resolverá com o presidente da República: 'No final, falo com o Lula'

Prefeitura inicia obras da Leopoldina e anuncia licitação da Cidade do Samba 2 até sexta-feira; VLT terá expansão

Declaração acontece após Jordan Bardella, cotado para premier em um eventual governo do Reagrupamento Nacional, condicionar ascensão ao cargo se legenda obtiver maioria absoluta

Eleições na França: Le Pen diz que partido 'quer governar' e só aceitará formar coalizão se puder 'agir'

Em menos de 24 horas foram registrados três casos na capital, dois deles com morte

Hospital onde paciente morreu após ficar preso em elevador não tinha serviço de manutenção com certificado no Crea

Se pesar com frequência pode levar a um controle melhor do peso, porém pode gerar uma obsessão e comportamentos negativos

Com que frequência você deve se pesar? Especialista explica