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Por O Globo e agências internacionais — Kharkiv

Forças da Rússia lançaram nesta sexta-feira uma ofensiva transfonteiriça dentro do norte da Ucrânia, em uma potencial tentativa de abrir um novo front de guerra e aumentar a pressão sobre Kharkiv, a segunda maior cidade do país, invadido por Moscou em fevereiro de 2022. No primeiro assalto, soldados russos penetraram ao menos um quilômetro em direção à cidade de Vovchansk com o objetivo, segundo fonte militar consultada pela rede americana CNN, de "avançar 10 km e criar uma zona tampão de segurança para o território russo" para impedir que a Ucrânia bombardeie a área russa de Belgorod, localizada na fronteira entre os dois países.

Em um comunicado oficial, o Ministério da Defesa ucraniano disse que houve "uma tentativa do inimigo de quebrar nossa linha de defesa com veículos blindados" aproximadamente às 5h locais (23h de quinta-feira em Brasília) perto de Vovchansk, afirmando que os ataques iniciais foram repelidos. Na véspera, a área de fronteira já havia sido alvo de fortes ataques com bombas aéreas guiadas e artilharia. A nota também acrescentou que unidades de reserva militar da Ucrânia foram posicionadas para fortalecer a defesa na área, e civis começaram a ser retirados.

Também há informações de que houve um segundo assalto russo, mas autoridades ucranianas não deram muitos detalhes, com apenas o Estado-Maior do país reconhecendo que houve ataques na área de Krasne, que fica a cerca de 75km a oeste de Vovchansk, e em outras vilas vizinhas. De acordo com o jornal britânico Guardian, essas aldeias seriam Strilecha, Pylna e Borysivka. Já segundo uma fonte de segurança ucraniana consultada pela CNN, forças russas penetraram cinco quilômetros em direção a Krasne com quatro batalhões — cerca de 2 mil homens. Não está claro se essa ação foi repelida.

Operação terrestre na região a norte de Kharkiv — Foto: Arte/ O GLOBO
Operação terrestre na região a norte de Kharkiv — Foto: Arte/ O GLOBO

O grupo de monitoramento do conflito ucraniano DeepStateMap, que atualiza diariamente os acontecimentos na linha de frente, mostrou quatro vilas perto uma da outra — incluindo Krasne — na área cinza, representando território atualmente contestado em vez de em total controle de Kiev. Em seu canal no Telegram, o DeepStateMap também apontou que o número de forças russas posicionadas nas duas tentativas de avanço não eram suficientes para uma incursão profunda em território ucraniano, mas fez a ressalva de que Moscou tem muitos soldados ao longo da fronteira — estimados em cerca de 40 mil.

Em entrevista coletiva prévia ao comunicado do Ministério da Defesa, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, não subestimou a seriedade da ofensiva, mas afirmou que o Exército ucraniano vinha esperando tal medida.

— A Rússia lançou uma nova onda de ações contraofensivas nesta área [norte da região de Kharkiv]. — disse Zelensky em Kiev. — Mas nossos soldados e comando militar estavam cientes disso e se anteciparam, respondendo com tropas, brigadas e artilharia. Agora há uma batalha feroz no local, [mas] neste momento acho que paramos o inimigo com fogo de artilharia.

Oleh Syniehubov, o chefe da administração regional militar de Kharkiv, disse no Telegram que os ataques russos deixaram dois civis mortos e vários feridos.

Ofensiva mais séria em dois anos

Os acontecimentos representam o assalto terrestre transfronteiriço mais sério lançado pela Rússia desde que a Ucrânia recapturou o território ao norte da região de Kharkiv no verão de 2022 (no Hemisfério Norte), depois de ele ter sido primeiramente tomado por Moscou nas primeiras semanas de sua invasão em larga escala. Também ocorrem após vários meses de intensificação pela Rússia de ataques aéreos — tirando vantagem das limitadas defesas aéreas ucranianas — para bombardear e disparar com fogo de artilharia contra zonas residenciais e forçar seus mais de 1,3 milhão de moradores a fugirem. Os ataques derrubaram quase toda a capacidade da cidade de gerar energia, e mais de cem escolas foram danificadas. Quartéis de bombeiros e postos de paramédicos foram devastados.

— É uma estratégia para intimidar as pessoas, uma estratégia para fazer com que as pessoas saiam de casa, para que deixem a cidade — disse o prefeito de Kharkiv, Ihor Terekhov, em uma entrevista recente, conduzida num local secreto porque seu escritório é considerado um alvo. — É a destruição da própria cidade.

Nesta sexta-feira, Syniehubov afirmou que a ofensiva terrestre russa não aumentou o risco de captura de Kharkiv, que fica a apenas 30 km ao sul da fronteira russa: “O agrupamento inimigo não representa uma ameaça para a cidade, suas forças são suficientes apenas para provocações na direção norte.”

O influente blogueiro militar russo Rybar, próximo ao Exército de Moscou, descreveu os ataques como uma “operação de reconhecimento realizada com sucesso“ para testar a força e a capacidade de reação ucranianas, afirmando que houve uma expansão da zona de batalha para uma profundidade de 2 km a 3 km em algumas áreas de fronteira. A avaliação foi corroborada por uma graduada autoridade militar dos EUA, que descreveu os avanços russos mais como sondagens do que um ataque total. Já um alto comandante ucraniano falou, sob condição de anonimato, que os ataques russos eram “o início de uma operação ofensiva adequada”, e o objetivo imediato do Kremlin parecia ser realmente construir uma “zona de segurança” na fronteira.

De acordo com analistas ouvidos pela Associated Press, os ataques da Rússia forçam a Ucrânia enviar mais tropas para a região, deixando outras áreas mais vulneráveis a ataques. Michael Kofman, membro sênior do programa Rússia e Eurásia no Carnegie Endowment for International Peace em Washington, disse que o é “mais provável” que o ataque “sirva como um esforço para pressionar a defesa ucraniana, que já sofre com a falta de mão de obra”.

Para Moscou, apenas conquistar uma "ponte" interligando o território russo a um ponto através da fronteira ucraniana já seria suficiente para expor a cidade de Kharkiv à artilharia, permitindo que suas tropas intensificassem os esforços para tornar a cidade inabitável. Ajudaria, também, a estabelecer uma área de “amortecimento” que permitiria à Rússia um ponto de apoio para o destacamento de pessoal e armamento. Além disso, possibilitaria a Moscou proteger suas cidades e vilarejos dos bombardeios ucranianos.

Os temores sobre as intenções do Kremlin em Kharkiv cresceram em março, quando o presidente russo, Vladimir Putin, apelou para a criação de uma área “tampão” dentro do território ucraniano e que, afirmou, seria “necessária para proteger a Rússia”.

O Exército ucraniano enfrenta dificuldades na frente de batalha, fragilizado pela falta de soldados e pelo atraso na entrega da ajuda ocidental. No final de abril, os Estados Unidos anunciaram uma ajuda de US$ 61 bilhões (R$ 321 bilhões, na cotação atual) para a Ucrânia, assistência que ainda não se materializou no campo de batalha. (Com AFP)

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