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Por AFP — Pokrovsk, Ucrânia

Com uma bengala improvisada e chinelos, Lidiia Lominovksa, de 98 anos, caminhou sozinha por 10 km para fugir das tropas russas que avançaram contra e tomaram sua cidade natal, Ocheretyne, no leste da Ucrânia, antes de ser resgatada por policiais ucranianos. A região, que tinha cerca de 3 mil habitantes antes da guerra, fica cerca de 12 km ao norte de Avdiivka — epicentro dos combates mais ferozes do conflito — e foi intensamente bombardeada nos últimos dias.

— Caminhei e caminhei... sofri muito — lembrou a idosa, que se perdeu dos seus familiares ainda no início do caminho devido aos ataques. — Apenas Deus sabe quem bombardeou. Não vi ninguém, apenas escutei que algo havia sido disparado. Não sei onde foi, nem quem foi.

Sem os familiares, Lominovksa seguiu então para o oeste, avançando por uma pequena estrada que levava a Pokrovsk, a 30km de sua cidade natal. Para dar firmeza ao seu caminhar, um pedaço de madeira foi utilizado como bengala, e algumas pausas foram feitas ao longo do percurso.

— Uma vez perdi o equilíbrio e caí na grama. Dormi e depois continuei andando — contou à rede BBC.

Foram horas caminhando sob o som de disparos.

— Caminhava e não havia ninguém. Apenas ouvi disparos. Pensei que iriam me acertar enquanto arrastava os pés — desabafou.

No caminho, cruzou com uma cidade quase em ruínas, e pôde ver corpos de soldados abandonados no chão, embora "ao menos estivesse coberto". A Rússia vem avançando para o oeste na região de Donetsk desde a captura, em fevereiro, de Avdiivka. Nos últimos dias, os combates se intensificaram na vizinha Ocheretyne, parte da qual está supostamente sob controle russo. Moscou também capturou outros vilarejos na região.

— Quase tudo estava em chamas. Hoje, ouvi dizer que [os russos] controlam a metade [da cidade]. Não sei o que acontece. A incendiaram. Queimaram muitas casas — contou.

'Não vou repetir isso'

Após um tempo, Lominovksa encontrou dois soldados ucranianos em um veículo, que a ajudaram. Os militares perguntaram sua idade e para onde estava indo, no que a idosa prontamente respondeu:

— Tão longe quanto puder, logo cairei no pasto e passarei a noite lá — disse, lembrando que os militares ofereceram dois sanduíches, embora restasse poucas forças até mesmo para comer.

Os soldados então chamaram alguns policiais. Eles a levaram a Pokrovsk, onde descansou um pouco antes de se reunir com sua neta Svitlana, que celebrou o reencontro com a avó. Lominovksa prometeu:

— Não vou repetir isso — disse, sob anuência da neta.

Avanço russo

Segundo Pavlo Diachenko, porta-voz do corpo armado na região, a senhora "percorreu uma distância de cerca de 10 quilômetros". Ainda de acordo com Diachenko, Ocheretyne está destruída e a idosa foi uma das últimas pessoas a deixar a cidade.

— Ainda há algumas pessoas, mas não sabemos quantas, nem se estão vivas ou mortas — explicou.

O Exército ucraniano, que fracassou em sua grande contraofensiva lançada no verão passado, enfrenta o incessante impulso russo desde a tomada de Avdiivka em fevereiro — uma das principais vitórias simbólicas de Moscou. Na quinta-feira, outra localidade no leste, a região de Berdichi, foi reivindicada pela Rússia.

O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Oleksandr Syrsky, reconheceu no domingo que a situação no front "piorou" e que as tropas russas, superiores em soldados e munições, registraram "avanços táticos" em diversas regiões.

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