Mundo
PUBLICIDADE
Por e , Em El País — Madri e Moscou

O atentado contra Leonid Volkov, número dois do líder opositor russo Alexei Navalny — morto no mês passado em circunstâncias ainda pouco claras —, em Vilna, capital da Lituânia, elevou o temor de uma infiltração dos serviços secretos russos nos países bálticos. O governo lituano acusou o Kremlin de estar por trás do ataque a Volkov, de 43 anos, que teve o braço quebrado e sofreu 15 golpes de martelo na perna.

Estônia, Letônia e Lituânia alertaram repetidamente sobre as intenções de Moscou de levar a cabo ações desestabilizadoras no seu território e de perseguir cidadãos russos a quem deram refúgio nos últimos anos. As únicas três ex-repúblicas soviéticas integradas à União Europeia (UE) e à Otan, aliança militar ocidental liderada pelos EUA, estão num período de tensão máxima com o seu vizinho do Leste. Além de terem emergido como alguns dos mais fortes defensores da causa ucraniana em Bruxelas, os três países, especialmente Estônia e Letônia, têm minorias etnicamente russas — que o Kremlin insiste serem discriminadas — e foram ameaçadas pelo Kremlin inúmeras vezes desde a invasão da Ucrânia.

Os países prenderam dezenas de cidadãos russos nos últimos dois anos, acusados ​​de espionagem ou de preparação de ataques por ordem do Kremlin. Há alguns meses, o Parlamento Europeu lançou uma investigação sobre Tatjana Zdanoka, uma eurodeputada letã suspeita de ter trabalhado para a Rússia durante os últimos 13 anos. No ano passado, as autoridades letãs prenderam uma dezena de pessoas pelas suas alegadas ligações à espionagem russa.

No caso da Estônia, a primeira-ministra Kaja Kallas anunciou, no final de fevereiro, que as forças de segurança do país tinham abortado “uma operação híbrida” de Moscou no seu território. A premier, que é alvo de um mandado de busca e prisão do Kremlin pela destruição de monumentos soviéticos — algo que também afeta outros políticos bálticos — relatou a prisão de “pessoas que trabalhavam para o serviço secreto russo” e que haviam chegado a causar danos materiais ao veículo do Ministro do Interior Lauri Laanemets.

Leonid Volkov foi atacado a marteladas na Lituânia — Foto: Courtesy of X user @a_biryukova / AFP
Leonid Volkov foi atacado a marteladas na Lituânia — Foto: Courtesy of X user @a_biryukova / AFP

A diretora do Serviço de Segurança da Estônia, Margo Palloson, afirmou que alguns dos detidos foram recrutados por Moscou através das redes sociais e que as autoridades russas nunca se preocuparam com o que lhes poderia acontecer. Em janeiro, Tallinn também anunciou a prisão de um professor universitário que supostamente espionava para a Rússia.

— Eles nos usaram como ferramentas — disse Palloson à televisão pública.

Os governantes das três repúblicas bálticas não temem apenas ações desestabilizadoras. Nas últimas semanas, expressaram preocupação com a possibilidade de a Rússia se atrever a atacá-los diretamente, ou mesmo a invadir uma pequena parte do seus territórios, para testar o princípio de defesa coletiva da Otan, uma pedra angular da aliança.

Impunidade no coração da Europa

O Kremlin demonstrou inúmeras vezes que os seus agentes podem agir impunemente no coração da Europa. O ex-espião russo Alexander Litvinenko, envenenado em 2006, no Reino Unido, com um isótopo de polônio, foi um dos primeiros assassinatos orquestrados pelo governo russo em território europeu desde que Vladimir Putin chegou ao poder.

O principal suspeito, Andrei Lugovói, agente do Serviço de Segurança Federal (FSB), é hoje deputado no Parlamento. Em 2018, Sergei Skripal, outro ex-espião que traiu Moscou, foi envenenado no sul do Reino Unido, juntamente com a sua filha Yulia, com Novichok (o mesmo agente nervoso que foi usado contra Navalny na Sibéria, em 2020).

Na Alemanha, Áustria, França, Bélgica e Espanha, desertores e dissidentes russos, vários deles chechenos, também morreram violentamente nos últimos anos em ataques em que os investigadores apontaram ter o DNA do Kremlin.

Embora os ataques russos em território europeu tenham ocorrido nas últimas duas décadas, a guerra em grande escala na Ucrânia afetou completamente a rede de espiões que o Kremlin tinha meticulosamente destacado na Europa e no resto do Ocidente desde o fim da Guerra Fria. Centenas de funcionários de escritórios diplomáticos russos em território da UE foram expulsos nos últimos 24 meses, acusados ​​de serem agentes de espionagem disfarçados.

Guarda russo na Praça Vermelha, em Moscou, próximo ao Kremlin — Foto: Yuri Kadobnov/AFP
Guarda russo na Praça Vermelha, em Moscou, próximo ao Kremlin — Foto: Yuri Kadobnov/AFP

Kevin Riehle, especialista em serviços de inteligência da Universidade Brunel, em Londres, e ex-conselheiro de contraespionagem de vários governos dos EUA, explica numa análise recente que a atividade de inteligência russa foi bastante diminuída pelas expulsões do seu pessoal em toda a Europa, mas que “a mudança mais significativa ocorreu nos objetivos da inteligência.” Segundo Riehle, a espionagem russa na Europa está agora focada “mais no nível tático do que no estratégico”, tentando influenciar, por exemplo, os principais países que fornecem armas à Ucrânia.

Um dos incidentes mais notórios foi a prisão, em dezembro de 2022, de Carsten Linke, funcionário da inteligência estrangeira alemã, que vazava relatórios para a Rússia até Berlim ser alertada pela Inteligência britânica.

Outro caso de grande destaque foi o de Olga Kolobova, conhecida como Maria Adela Kuhfeldt Rivera, uma suposta designer de joias que conviveu com os círculos mais seletos do Comando das Forças Conjuntas da Otan em Nápoles. A espiã desapareceu em 2018, logo após o envenenamento de Skripal. Agentes espiões russos também se infiltraram na política europeia. A revista alemã Der Spiegel e a revista russa Insider revelaram que um deputado do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) estava em coordenação com Moscou para protestar contra a ajuda à Ucrânia.

O ex-deputado russo Guennadi Gudkov, pediu na quarta-feira aos governos europeus que garantam a segurança da oposição exilada após o ataque na Lituânia. Ele está atualmente na Bulgária.

— Foi declarada uma caçada aos representantes mais proeminentes da Rússia no exílio — disse Gudkov, que trabalhou nos órgãos de segurança antes de se dedicar à política.

Ele garante que o Serviço Federal de Segurança Russo (FSB) criou um departamento especial para “contrapor” a influência de opositores no estrangeiro, a quem o Kremlin considera “inimigos”.

Mais recente Próxima Sem munição e disparo de R$ 60: como laser 'Fogo do Dragão' pode revolucionar campo de batalha
Mais do Globo

A escultura está exposta no Museu Grévin, o mesmo acusado por Dwayne Johnson de ter errado seu tom de pele

Fãs questionam aparência de nova estátua de cera da Beyoncé: 'fizeram ela branca?'

Americana Miki Sudo comeu 51 unidades e bateu recorde na categoria feminina

Com brasileiro na disputa, americano come 58 hot dogs e vence competição tradicional nos EUA; vídeos

Proprietário terá que pagar R$ 268,65; o licenciamento é 100% digital

Detran.RJ prorroga calendário 2024 de licenciamento de veículos; veja as novas datas

A medida valerá para empresas que operam voos regionais com origem ou destino na Amazônia Legal ou em capitais, de forma regular

Reforma Tributária: deputados condicionam alíquota reduzida a aéreas que transportarem no mínimo 600 passageiros por dia

Além dos cuidados com o próprio corpo, é preciso ter a atenção redobrada na higienização correta dos aparelhos

Você é higiênico na academia? Saiba as 6 doenças que podem ser pegas no local

Governo baixa decreto com regras. Data original da prova do Concurso Nacional Unificado foi adiada por causas de chuvas no Rio Grande do Sul. Novo adiamento só poderá ocorrer se problema afetar ao menos 0,5% dos inscritos

CNU: O que acontece em caso de novas tragédias ambientais?

Projeto, que agora aguarda sanção presidencial, poderá beneficiará ex-presidente Alberto Fujimori e 600 militares julgados

Congresso do Peru aprova lei que prescreve crimes contra a Humanidade cometidos antes de 2022

Juliana de Pádua teria integrado uma quadrilha que aplicou golpe de R$ 22 mil em uma mulher

Viúva de Guilherme de Pádua é investigada por estelionato em Minas Gerais

Bar Peixaria Divina Providência, em Irajá, serve frutos do mar frescos e outros petiscos

Saiba o que comer no bar campeão nacional do Comida di Buteco 2024