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Por O Globo e Agências Externas — Minsk

Cerca de 50 crianças de regiões da Ucrânia sob ocupação russa foram levadas para Bielorrússia nesta semana, de acordo com a mídia estatal bielorrussa Belta. O deslocamento foi realizado com a ajuda de uma fundação de caridade do atleta paraolímpico bielorrusso Aleksei Talai, acusada de facilitar as deportações forçadas.

Fotos publicadas na segunda-feira pela agência de notícias estatal mostraram as crianças chegando de trem à capital Minsk, onde foram recebidas pela polícia e por voluntários vestindo as cores da bandeira do país, algo descrito pela agência como "férias na pacífica e tranquila Bielorrússia".

A fundação de caridade de Talai opera acampamentos para crianças da região do Donbass, no leste da Ucrânia, e está intimamente alinhada com o presidente do país, Alexander Lukashenko, informou a agência Belta.

Sem informar se foram transferidas voluntariamente ou à força, a agência afirmou que muitos desses menores perderam seus pais.

— O presidente, apesar da pressão externa, disse para dar continuidade a esse importante projeto humanitário — disse Talai à Belta, citada pelo New York Times. — Percebemos que esse é o nosso povo, e não abandonamos nosso povo.

O deslocamento ocorreu apenas um dia antes de o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) e apontar aos líderes mundiais o sequestro e a deportação das crianças ucranianas como uma arma não bélica utilizada por Moscou na guerra na Ucrânia. Para o líder ucraniano, a prática configura "genocídio".

Aliaksei Talai recebendo as crianças em Minsk — Foto: Reprodução
Aliaksei Talai recebendo as crianças em Minsk — Foto: Reprodução

Pelo menos 19 mil crianças ucranianas foram sequestradas e deportadas pela Rússia desde a invasão em grande escala da Ucrânia em fevereiro de 2022, e apenas 386 foram trazidas de volta, disse a primeira-dama ucraniana, Olena Zelensky, nos bastidores da Assembleia Geral da ONU na terça-feira.

Além disso, milhares de crianças ucranianas têm também sido levadas para os chamados campos de saúde e recreação na Bielorrússia, com financiamento do regime autoritário de Lukashenko, onde são submetidas à doutrinação cultural e ideológica, disseram ativistas da oposição bielorrussa no início deste ano.

Segundo a ONG Save Ukraine, que trabalha para recuperar crianças deportadas ilegalmente para a Rússia, existem diversas motivações por trás do suposto sequestro de menores por Moscou, como compensar as perdas demográficas causadas pela guerra, e justificativas mais complexas, como promover uma limpeza étnica que, em vez de matar crianças, "reeduca-as" para que futuramente lutem pela Rússia. A estratégia também ilustra a narrativa russa de uma "única nação", na qual a propaganda do Kremlin afirma estar "resgatando crianças dos nazistas ucranianos", explicou a ONG.

Ordem de prisão

Em junho, os ativistas da oposição apresentaram provas ao Tribunal Penal Internacional (TIP), na esperança de que ele emitisse um mandado de prisão por crimes de guerra contra Lukashenko, como fez, em março deste ano, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e com Maria Lvova-Belova, a autoridade do Kremlin que liderou o programa de deportação de crianças da Rússia.

Moscou afirma que está apenas "protegendo" crianças refugiadas, embora, de acordo com o direito internacional, a deportação de menores seja proibida em situações de conflito — exceto de forma temporária por razões urgentes de saúde ou segurança.

Assim como a Rússia, a Bielorrússia também argumentou que suas realocações de crianças ucranianas fazem parte de operações humanitárias. A Cruz Vermelha do país foi alvo de indignação internacional neste verão, após seu líder dizer à televisão estatal que a organização estava ativamente envolvida na transferência de crianças ucranianas para o país para "reabilitação".

A fundação do atleta Talai desempenha um papel integral nas transferências forçadas de crianças ucranianas para a Bielorrússia, afirmou o Centro Regional de Direitos Humanos, organização ucraniana que investiga o sequestro de crianças, através de um relatório.

Katie LaRoque, especialista em políticas para a região da Europa e Eurásia da organização sem fins lucrativos pró-democracia Freedom House, chamou a operação da Bielorrússia de "dirigida pelo Estado" e disse que os chamados campos de recuperação estão fazendo uma "lavagem cerebral" nas crianças vulneráveis para retirar sua identidade ucraniana.

LaRoque acrescentou:

— Isso é abertamente descarado. Eles não estão tentando esconder.

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