Mundo
PUBLICIDADE

Por O Globo, com agências internacionais

O líder do grupo mercenário Wagner, Yevgeny Progojin, anunciou neste sábado que suas tropas estão retornando a suas posições um dia após iniciarem uma rebelião contra a cúpula militar do Kremlin. A decisão foi tomada após um processo de mediação negociado pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que disse ter alcançado um acordo com Vladimir Putin para evitar "um derramamento de sangue". Ainda não está claro, contudo, se o acordo representa de fato um cessar-fogo definitivo.

A rebelião de Progojin contra o Kremlin começou na noite de sexta-feira, após o líder paramilitar afirmar que o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, ordenou o bombardeio contra posições do grupo na Ucrânia. Em represália, os mercenários cruzaram a fronteira de volta para a Rússia e, sem resistência, tomaram a cidade de Rostov-no-Don, onde assumiu o controle das instalações militares. O presidente Vladimir Putin acusou os mercenários de traição, e prometeu uma punição severa a todos, anunciando que havia dado as ordens necessárias ao Exército para restaurar a ordem.

Quem é Yevgeny Prigojin?

Por muito tempo, Yevgeny Prigojin ficou conhecido apenas por ser “o cozinheiro de Putin”, por oferecer serviços de catering ao Kremlin e manter uma relação próxima com o presidente russo. Com a invasão da Crimeia, em 2014, o oligarca ampliou suas operações, fundando o Grupo Wagner, uma companhia militar privada com atuação internacional.

Yegveny Prigojin, líder do grupo mercenário russo Wagner — Foto: Reprodução
Yegveny Prigojin, líder do grupo mercenário russo Wagner — Foto: Reprodução

Conterrâneo de Putin — os dois são nascidos em São Petersburgo —, Prigojin perdeu o pai ainda jovem, e teve uma juventude marcada por crimes no fim dos anos 1980, ainda na era soviética, pelos quais foi preso e condenado a 13 anos de prisão.

A virada para um dos homens mais poderosos na Rússia atualmente, de acordo com o jornal The Guardian, começou quando ele abriu uma barraquinha de cachorro-quente e deslanchou no setor, com participações em uma rede de supermercados. Em 1995, ele abriu restaurantes próprios, onde conheceu políticos e agentes da inteligência da Rússia. Foi no contato com o funcionalismo de Moscou, e com agentes do serviço secreto, que Progojin floresceu até criar o grupo Wagner.

Atualmente, ele é procurado pelo FBI sob acusação de "conspiração para defraudar os EUA", por supostamente participar de ações que prejudicam a atuação de órgãos americanos como o Comitê Federal de Eleições, o Departamento de Justiça e o Departamento de Estado, entre 2014 e 2018. Washington oferece uma recompensa de US$ 250 mil (mais de R$ 1 milhão) para quem der informações que levem à prisão do líder do grupo Wagner.

Yevgeny Prigojin é procurado pelo FBI — Foto: Reprodução
Yevgeny Prigojin é procurado pelo FBI — Foto: Reprodução

O que é o grupo Wagner?

Criado no contexto da invasão da Crimeia, em 2014, o Grupo Wagner é uma empresa militar privada, que possui contratos ativos com Moscou e com outros países ao redor do mundo. Além da Crimeia, os paramilitares tiveram atuação em vários teatros de operação russa em países como Síria, Líbia, República Centro-Africana, Sudão, Mali e Moçambique.

Mercenários do Grupo Wagner acompanham parada militar em Bangui, na República Centro-Africana — Foto: Ashley Gilbertson/The New York Times
Mercenários do Grupo Wagner acompanham parada militar em Bangui, na República Centro-Africana — Foto: Ashley Gilbertson/The New York Times

Embora tenha quase uma década de fundação, o grupo ganhou notoriedade a partir da invasão da Ucrânia, em 2022, quando se tornou uma parte indispensável da ofensiva russa contra seus vizinhos de Leste Europeu. Diante das dificuldades encontradas pelas tropas regulares de Moscou para avançar no território ucraniano, por vezes os mercenários foram apontados como uma reserva de homens com experiência em combate e capazes de enfrentar missões difíceis no front.

O caráter privado do Wagner não impediu que o grupo recebesse concessões especiais para atuar na Ucrânia. A mais conhecida delas talvez tenha sido a autorização do Kremlin para que Prigojin recrutasse homens em prisões russas, enviando-os para o campo de batalha com a promessa de remir suas penas no país natal.

A um custo estimado, pelo próprio Prigojin, em cerca de 20 mil vidas, o Grupo Wagner foi fundamental para a conquista de alguns territórios pela Rússia em solo ucraniano, como Soledar e Bakhmut. A estratégia, no entanto, foi comparada por analistas a um "moedor de carne", por enviar homens pouco equipados em direção às tropas ucranianas.

Por que militares e mercenários entraram em confronto?

A relação com o governo não foi suficiente para impedir atritos entre os mercenários e a cúpula militar em Moscou. Ao longo do conflito, Prigojin entrou em confrontações públicas com o comando militar, alegando falta de apoio no campo de batalha e ausência de repasse de munições e suprimentos.

Como foi o avanço do Grupo Wagner na Rússia — Foto: Arte/O GLOBO
Como foi o avanço do Grupo Wagner na Rússia — Foto: Arte/O GLOBO

A influência do grupo sobre a ofensiva russa pareceu atingir o pico no final do ano passado, quando Prigojin atacou publicamente os nomeados do Kremlin na Rússia e influenciou na escolha do general que comandou a invasão por meses — Sergei Surovikin, um general de alto escalão com experiência na Síria e visto como um aliado. Atualmente, o comando é ocupado por Serguei Shoigu, desafeto de Prigojin.

O Kremlin tolerou a oposição interna de Prigojin enquanto ele permanecia combatendo, mesmo com análises internas apontando que ele estaria tentando transformar sua projeção em influência política.

A situação está controlada? O que acontece agora?

Apesar do aparente cessar-fogo negociado pelo presidente de Belarus, não está claro se as hostilidades entre militares e paramilitares acaba por aqui. Também não se sabe como as autoridades russas vão proceder com os revoltosos que marcharam contra Moscou.

Em declarações públicas, Vladimir Putin classificou o motim de Prigojin como “uma punhalada nas costas" do país e do povo, prometendo "ações decisivas”, enquanto autoridades russas acusaram o paramilitar de “organizar uma rebelião armada”.

Na manhã de sábado, antes do cessar-fogo, o procurador-geral do país anunciou que Prigojin estava sendo investigado por acusações que acarretavam pena máxima de 20 anos de prisão. A TASS, uma agência de notícias estatal russa, informou que ele havia sido acusado.

Mais recente Próxima Mercenários aceitam cessar rebelião contra forças russas para 'evitar banho de sangue'
Mais do Globo

De olho em 2026, presidente retorna ao Rio para inauguração de unidades habitacionais

Em agenda no Rio, Lula ironiza Bolsonaro e se derrete por Paes: 'melhor gerente de prefeitura que esse país já teve'

Presidente francês arrisca compartilhar o poder com um governo de ideologia política diferente, a menos de um mês do início dos Jogos Olímpicos de Paris 2024

Entenda decisão arriscada de Macron para antecipar eleições na França

País registrou 40 incêndios só no sábado (29); previsão é que novos desastres ambientais voltem a acontecer neste domingo

Com novo incêndio florestal, Grécia soma dezenas de queimadas e espera verão complicado

Prefeito inaugura complexo habitacional ao lado de Lula na Zona Oeste

Em entrega de obra na Zona Oeste, Eduardo Paes agradece a Lula e fala sobre 'quedinha especial' do presidente pelo Rio

Lucinha é denunciada por fazer parte da milícia de Zinho, na Zona Oeste do Rio

Junior da Lucinha, filho de deputada acusada de integrar grupo criminoso, participa de evento com Lula em área de milícia

Os dois ex-executivos, Anna Saicali e Miguel Gutierrez, estão no exterior. Anna entregará passaporte à PF, enquanto Miguel terá que se apresentar a cada 15 dias às autoridades policiais da Espanha

Americanas: Veja os próximos passos para os principais suspeitos da fraude

Miriam Todd contou seus segredos em um programa de TV: manter-se ativa é um deles

Com 100 anos, mulher que trabalha seis dias por semana revela seu segredo de longevidade: a alimentação

Piloto britânico deu a vitória para a Mercedes depois de 19 meses; Oscar Piastri e Carlos Sainz completaram o pódio.

Fórmula 1: George Russell vence GP da Áustria após batida de Verstappen no fim

Agora, Faustino Oro quer se tornar o grande mestre mais novo; ele tem um ano e meio para bater recorde

Argentino de dez anos se torna o mestre internacional mais jovem da história do xadrez

Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o tratamento de diabetes tipo 2, o medicamento é comumente utilizado para a perda de peso

Queda de tufos de cabelo e diarreia que duram dias: usuários relatam novos efeitos colaterais do Ozempic