Eleições EUA
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Menos de duas semanas depois de Donald Trump se tornar o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos condenado criminalmente, Hunter Biden entrou para a História na terça-feira como o primeiro filho de um presidente em exercício a receber o mesmo veredicto: culpado. No entanto, ao contrário do que se espera de um ano eleitoral, os republicanos não devem usar a recente condenação do filho de Joe Biden como arma política na campanha — mas guardar munição para o seu próximo julgamento, em setembro, sobre supostas irregularidades fiscais. E há vários motivos para isso, apontam analistas.

Condenado por mentir sobre o seu vício em drogas e álcool ao comprar — e portar por 11 dias— uma arma de fogo, Hunter é um alvo antigo de ataques de Trump. O empresário foi elemento central do primeiro impeachment que o magnata sofreu na Câmara de Deputados, em 2020, quando disputava a reeleição. Na época, descobriu-se que Trump havia pressionado o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que seu procurador-geral instaurasse uma investigação contra Hunter e uma empresa ucraniana da qual era diretor, visando prejudicar a candidatura de Biden à Casa Branca.

O plano não deu certo, mas isso não impediu que o republicano difundisse teorias — até hoje apenas no campo da conspiração — sobre o que seriam negócios obscuros de Hunter e de toda família Biden no exterior. Em 2020, esta foi uma das principais tônicas de sua campanha. Em 2024, o veredicto recente serve pouco aos seus propósitos.

Tópico sensível

Enquanto a ideia de vincular Joe Biden a um escândalo de corrupção do filho soa tentadora, o escrutínio de um pai que apoia a luta de um filho contra o vício toca em um ponto bem mais pessoal e sensível — inclusive para o próprio Trump.

O magnata já falou abertamente sobre por que não consome bebidas alcoólicas: a morte precoce do seu irmão Fred Trump Jr., aos 42 anos, por complicações causadas pelo alcoolismo na década de 1980. Quando era presidente, ele compartilhou o seu drama pessoal ao defender legislações mais rígidas de combate às drogas.

Ao ser questionado sobre o julgamento de Hunter na última semana, o candidato republicano lembrou do sofrimento vivido com o irmão e demonstrou uma rara empatia ao opositor:

— Eu tinha um irmão que sofria muito com o alcoolismo (...) e era uma coisa terrível de ver. Ele era um cara incrível, com a melhor personalidade, (...) mas ele tinha um vício — disse Trump à FoxNews. — Olha, eu me sinto muito mal por eles [Hunter e a família Biden] em relação à parte do vício que eles têm [de lidar] agora.

Diante da grave crise de opioides que atinge os Estados Unidos hoje, o uso político do julgamento de Hunter também pode ofender parte do eleitorado com entes queridos que enfrentam uma luta parecida contra o vício. Hoje, mais de 130 pessoas morrem por dia no país por overdose de drogas como heroína, fentanil e morfina, segundo a Administração de Recursos e Serviços de Saúde (HRSA, em inglês) do governo. A memória da epidemia de crack que devastou os EUA nos anos 1980 e 1990 também não foi totalmente apagada.

Além disso, boa parte da base de apoio de Trump está em silêncio também por outro motivo: a defesa ao amplo direito às armas. Em entrevista ao HuffPost, o influente senador republicano Lindsey Graham, da Carolina do Sul, afirmou que não acreditava que um cidadão americano médio teria sido alvo das mesmas acusações que Hunter foi.

Outras prioridades

Para a campanha de Trump, o julgamento que Hunter enfrentará em setembro por irregularidades fiscais é uma oportunidade melhor de atacar o presidente e sua família. O empresário é acusado, também na esfera criminal, de sonegação de impostos, evasão fiscal e fraude na declaração do Imposto de Renda por um tribunal de Los Angeles.

A denúncia remete aos supostos negócios corruptos que o magnata tentou fazer colar no filho de Biden em 2019 e que levaram ao seu impeachment no ano seguinte por uma Câmara dominada pelos democratas — processo que foi barrado no Senado de maioria republicana. Logo após o veredicto, a campanha de Trump emitiu um comunicado classificando o julgamento de terça-feira como uma “forma de desviar a atenção” da rede de corrupção formada por Hunter e a família.

"Esse julgamento não passou de uma distração dos verdadeiros crimes da família criminosa Biden, que arrecadou dezenas de milhões de dólares da China, Rússia e Ucrânia", afirmou a declaração. "O reinado do corrupto Joe Biden sobre o império criminoso da família Biden está chegando ao fim em 5 de novembro, e nunca mais um Biden venderá acesso ao governo para obter lucro pessoal."

O julgamento de setembro também está no cerne de um processo de impeachment aberto contra Joe Biden na Câmara dos Deputados, hoje praticamente paralisado. A investigação analisa se o democrata se beneficiou de supostas transações corruptas de Hunter no exterior quando era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017). Nenhuma evidência foi descoberta em 18 meses. Contudo, o julgamento de Hunter na Califórnia tem sido tratado como um caminho para provar possíveis crimes de lavagem de dinheiro e tráfico de influência envolvendo os negócios da família.

No início do mês, o republicano James Comer, presidente do Conselho de Supervisão da Câmara que lidera o processo de impeachment contra Biden, emitiu encaminhamentos ao Departamento de Justiça (DOJ, em inglês) pedindo uma investigação criminal contra Hunter e o irmão do presidente, Jim Biden. A solicitação não é vinculativa, ou seja, o DOJ não é obrigado a fazer nada com elas, mas a expectativa é que uma vitória de Trump em novembro possa dar início a uma ação nessa esfera.

Em resposta, o secretário de Justiça Merrick Garland disse, em um artigo de opinião no Washington Post publicado antes do veredicto, que o "DOJ toma decisões sobre investigações criminais com base apenas nos fatos e na lei". "Não investigamos pessoas por causa de seu sobrenome, sua filiação política, o tamanho de sua conta bancária, de onde vêm ou como são", frisou.

Comer já acusou diversas vezes o DOJ de inação para proteger Biden. Na terça-feira, o republicano afirmou que o veredicto de Hunter era "um passo em direção à responsabilização".

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