Patrícia Kogut
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A primeira parte da terceira temporada de “Bridgerton” chegou à Netflix. Há quatro episódios disponíveis e, em junho, chegarão os demais. Os vestidos farfalhantes e as mocinhas casadouras estão de volta. É tudo igual a antes — e é bom que seja assim. Até aqui, pelo menos, a série não dá sinais de cansaço. Nem o público: em poucos dias, a produção já disparou em views pelo mundo e já é a mais vista da plataforma.

A estrutura da narrativa se repete. A nova estação chegou. Com ela, uma safra de debutantes e candidatas a “diamante da Rainha” prepara sua grande apresentação à sociedade. Reencontramos a liturgia da exibição nos salões, a excitação das "mães de miss", o sotaque francês da modista e o encanto das cenas dos bailes.

Isso tudo é jogo parado, sem que vá aí um demérito, ao contrário. É por tudo isso que a série conquistou um público cativo.

Uma parte de “Bridgerton” contempla o passado com apreciação: a ação se desenrola no ambiente da aristocracia e da futilidade. As mulheres sonham fixamente com um “bom casamento”. Até o gosto pela leitura é visto como um passo mal dado para uma dama.

Porém, o enredo também olha para o século XXI e mira num futuro auspicioso. Brancos, pretos e asiáticos presentes no elenco sugerem a possibilidade de um mundo color blind e cheio de harmonia. A cor da pele é um não assunto, numa mensagem positiva e romântica. A diversidade que marca a produção desde o início se aprofunda. Agora, há um lorde na cadeira de rodas e personagens que preferem “se comunicar em silêncio, sem conversar”. Ser diferente não parece sempre algo tão complicado.

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O grande catalisador de energia da temporada é a química do casal principal. Penelope Featherington (Nicola Coughlan) e Colin Bridgerton (Luke Newton) vivem uma paixão louca. Na verdade, nem tão louca assim. É um típico romance de folhetim, cheio de impedimentos, e perfeito para atrair a torcida do espectador.

Penelope é inteligente e foge aos padrões de beleza. Como se não bastasse, tem uma identidade secreta. É a Lady Whistledown, autora do jornalzinho de crônica social que incendeia o lugar. Ela nunca conquistou um pretendente. Já Colin, rapaz sensível mas cercado de amigos machistas, volta de uma longa viagem a outros países cheio de histórias de conquistas para contar. A princípio não tem consciência, mas cai de amores pela amiga.

A construção da tensão sexual entre eles segue os manuais mais clássicos. Penelope/Cinderela muda seu jeito de se vestir e surge transformada no topo de uma escadaria, na entrada de um baile. Ele resiste à paixão, mas é atormentado pelo que sente. Até que sucumbe.

Ciúmes, flertes, futricas e uma sequência quente na charrete fazem pensar que “Bridgerton” é boa também porque os penteados e os vestidos se transformam, mas o resto é pura previsibilidade.

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