Patrícia Kogut
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Por Patricia Kogut

Principal lançamento da Paramount+ este mês, “Operação Lioness” mira naquele público fã de histórias de espionagem. Serão oito episódios e o quarto estará disponível hoje. É com base nos três primeiros que faço essa crítica.

O cartaz da série traz a foto de Nicole Kidman e Morgan Freeman entre os destaques do elenco. Contudo, até aqui, a atriz só foi vista rapidamente. E o ator ainda não apareceu. Outra assinatura que chama a atenção é a de Taylor Sheridan, o mesmo criador de toda a franquia “Yellowstone” (há inúmeras críticas no site, tanto sobre a série original, quanto sobre “1883” e “1923”, os spin-offs). Todas essas grifes de luxo são sinais de muito investimento, claro. Porém, infelizmente, só isso não é garantia de qualidade do resultado. Não mesmo.

No centro da ação está uma unidade da CIA que atua no Oriente Médio. Suas agentes são mulheres que se infiltram na intimidade de terroristas. A linha moral que orienta tudo é a mesma de “24 horas” e de tantos outros enredos vistos no início dos anos 2000: os Estados Unidos são a expressão concreta da bondade. E atuam para livrar o mundo dos malvados. Os desvalidos, no caso, são países onde só se vê desertos ou cidades decaídas e empoeiradas. É embebida nesse maniqueísmo que a trama se desenrola.

O primeiro episódio já abre com uma explosão. Acontece quando a chefe da unidade, Joe (Zoe Saldaña), recebe o telefonema de uma subordinada. Desesperada, ela informa que seu disfarce foi descoberto e pede socorro. Está encurralada no esconderijo. Implacável, Joe ordena a explosão do lugar e, com isso, sacrifica a moça também. Para substituí-la, coopta Cruz Manuelos (Laysla De Oliveira). A jovem foi uma aluna excepcional. Passou com honras em todas as provas físicas e de conhecimentos gerais até se tornar uma oficial. Sua primeira missão contra o Estado Islâmico no Iraque é se aproximar da filha de um figurão envolvido até o pescoço com o terrorismo. Uma curiosidade: a atriz nasceu no Canadá, mas é de origem brasileira.

Os clichês se multiplicam. Cruz é uma órfã destemida que sofreu abuso em casa, mas, salva por um bravo fuzileiro, foi parar na CIA. Já seu alvo, a moça árabe, é uma patricinha coberta de joias e de grifes. Em casa usa biquíni, na rua, hijab. Ela se prepara para o inexorável casamento. E define assim o futuro sem escapatória que vislumbra para si: “Vou ser gorda”. Acompanhamos também a vida privada de Joe. Ela é casada com um cirurgião pediátrico com ares de herói. Neil (Dave Annable) é quase um santo. Sabe que a vida da mulher exige segredo e não faz perguntas. E administra tudo na ausência dela sem reclamar, inclusive o mau humor da filha adolescente. O casamento deles, aberto, funciona às maravilhas, mesmo Joe desaparecendo por meses e voltando sem aviso. Por aí vai.

Para quem quer só distração, “Operação Lioness” pode ser uma pedida. Mesmo assim, recomendo não embarcar com grandes expectativas.

Para seguir no Instagram é @colunapatriciakogut

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