Mulher com câncer no nariz teve tumor extirpado após cirurgiões imprimirem um modelo 3D do seu rosto

Médicos realizaram exames detalhados, para entender melhor a extensão do tumor e ajudar na reconstrução das características da paciente, após a cirurgia

Por O Globo — Rio de Janeiro


Alison Hough foi diagnosticada com câncer no nariz aos 59 anos Reprodução

Uma mulher diagnosticada com um raro tumor cancerígeno no nariz teve a vida salva após cirurgiões imprimirem um modelo 3D de seu rosto. Alison Hough, de Audley, no Reino Unido, foi diagnosticada aos 59 anos e informada que teria apenas duas semanas de vida. Sete anos depois, com um tratamento pioneiro, Alison segue forte e vive "o melhor da vida".

A professora de enfermagem para adultos na Universidade Keele, Alison Hough, estava com sangramentos e congestão nasal, em março de 2016, após retornar de férias. Após semanas com os sintomas, ela foi ao médico, que indicou que ela teria uma infecção sinusal.

— Pensei que fosse devido ao voo de avião. O câncer nunca passou pela minha mente, eu apenas assumi que ficaria bem. Quando cheguei em casa, foi um pouco incômodo e depois acabei com uma narina entupida. Eu não conseguia respirar nem comer direito. Fui ao meu médico e eles me diagnosticaram com sinusite. Deram antibióticos e um spray nasal — conta Alison ao Dailymail.

Os sintomas não melhoraram e Alison foi encaminhada para o Hospital Universitário Royal Stoke, em Staffordshire, para uma tomografia computadorizada. Os médicos identificaram um pólipo em seu nariz e fizeram uma biópsia, cujo resultado confirmou que a professora tinha um tumor cancerígeno. Ela recebeu a notícia de que teria poucas semanas de vida.

— Foi uma devastação completa. Eu não senti raiva, ou 'por que eu?' Apenas me senti terrivelmente triste, sem esperança e desanimada — lembra.

O adenocarcinoma do nariz se desenvolve nas glândulas que revestem a cavidade nasal. Cirurgia e radioterapia são os tratamentos convencionais, mas o tumor de Alison havia se espalhado para a cavidade cerebral. A operação precisaria envolver toda a região craniofacial.

O Hospital Universitário Royal Stoke tinha acabado de introduzir a impressão 3D , o que permitiu que os cirurgiões imprimissem um modelo do rosto de Alison, com base em exames detalhados, para entender melhor a extensão do tumor e ajudar na reconstrução de suas características após a cirurgia.

Hospital tinha acabado de introduzir a impressão 3D, e médicos produziram um molde do rosto de Alison para identificar tamanho do tumor — Foto: Reprodução

A professora passou por uma operação de 17 horas, em que os cirurgiões removeram o tumor junto com todo o seu nariz, olho direito e parte da bochecha direita. O procedimento foi bem-sucedido, mas Alison precisou passar por seis semanas de radioterapia intensa após a cirurgia.

— Meu osso da testa se deteriorou com a radioterapia. Eles o retiraram e substituíram por parte da minha omoplata. Destruíram meu maxilar superior também. O osso da minha perna inferior, a fíbula, foi retirado para que estruturassem um maxilar superior — detalha.

Mãe de três, Alison Hough conseguiu comparecer ao casamento de sua filha, em 2017. A noiva pediu a primeira dança para a mãe e, juntas, elas dançaram "When You Tell Me That You Love Me", de Diana Ross. A professora também pôde conhecer os cinco netos, que nasceram após o diagnóstico.

— Não havia escolha, realmente. Foi mais fácil dizer sim [para a cirurgia], porque tinha que ser feita. Eles [os médicos] me deram essa chance de ver meus netos, de ver minha filha se casar e estar lá. Estou vivendo minha melhor vida, apenas aproveitando como ela é — relata.

Alison Hough inspirou um documentário, que conta a sua trajetória — Foto: Reprodução/Facebook

A história de Alison Hough foi contada em um documentário para a instituição de caridade UHNM, que arrecada fundos para o hospital universitário que realizou a cirurgia. O filme destacou o trabalho de salvamento dos cirurgiões e a jornada emocional da paciente e sua família. A estreia foi em novembro deste ano e, segundo a instituição, "Alison destaca o impacto profundo de doações generosas em indivíduos locais e o acesso a tecnologia de ponta e serviços, que estabelecem um novo padrão de excelência em saúde no país".

Veja a apresentação do documentário

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