Saúde
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Por O Globo — Rio de Janeiro

A esclerose múltipla (EM) é uma das doenças mais comuns do sistema nervoso central, que afetam o cérebro e a medula espinhal. O transtorno neurológico é autoimune e afeta a maneira como os impulsos elétricos são enviados de e para o cérebro, o que gera fadiga intensa e problemas com a fala e deglutição. Um estudo realizado pelo Instituto do Cérebro de Paris e publicado na revista Neurology nesta quarta-feira revela que enfermidades que afetam pacientes com esclerose múltipla podem ser identificados até cinco anos antes do diagnóstico clínico.

A professora, neurologista e chefe do centro de investigação clínica do Instituto do Cérebro de Paris, Céline Louapre, acompanhada por Octave Guinebretière e Thomas Nedelac, comparou os dados de saúde de 20.174 pacientes com esclerose múltipla, 54.790 pacientes sem esclerose múltipla e 37.814 pacientes afetados por duas doenças autoimunes que, como a EM, atingem principalmente mulheres e adultos jovens: doença de Crohn e lúpus.

Através de registros médicos da Health Improvement Network (THIN) do Reino Unido, a equipe analisou a trajetória de saúde dos pacientes, com foco na frequência de 113 sintomas e doenças comuns ao longo de cinco anos antes e cinco anos após o diagnóstico.

Os pesquisadores observaram que cinco sintomas estavam significativamente associados a um diagnóstico posterior de esclerose múltipla: depressão, distúrbios sexuais, constipação, cistite e outras infecções do trato urinário.

— A associação foi suficientemente robusta para afirmarmos que esses são sinais clínicos precoces, provavelmente relacionados a danos no sistema nervoso, em pacientes que serão diagnosticados posteriormente com esclerose múltipla — explica Céline Louapre.

Estudos prévios já sugeriam que, em alguns pacientes, sintomas sutis da EM estavam presentes até dez anos antes do diagnóstico, mas faltava quantificar o fenômeno em escala populacional para definir um período durante o qual a doença se instala discretamente. Além disso, uma melhor compreensão dos sintomas precoces da EM poderia ajudar os pesquisadores a identificar o momento exato em que começa o processo inflamatório que causa lesões no sistema nervoso central.

De acordo com Céline, a representação dos sintomas persistiu e até aumentou ao longo dos cinco anos após o diagnóstico e o desafio é detectar a doença o mais cedo possível, na esperança de retardar o início da incapacidade do paciente. Os resultados a pesquisa delineiam uma fase precedente da doença, mas ainda não permitem o desenvolvimento de uma técnica de detecção precoce.

— Uma das principais dificuldades com a esclerose múltipla é que não observamos uma correspondência estrita entre a gravidade das lesões nas fibras nervosas e os sintomas dos pacientes, o que limita nossa capacidade de prever o curso da doença — conta Céline.

Trajetória da esclerose múltipla

Os cinco sintomas identificados pelos pesquisadores também apareceram na fase precedente ao lúpus e à doença de Crohn, o que significa que não são específicos da EM, além de serem comuns, também, em pessoas saudáveis.

— Esses sinais sozinhos não serão suficientes para fazer um diagnóstico precoce, mas certamente nos ajudarão a entender melhor os mecanismos da esclerose múltipla — que tem muitas causas — e reconstruir sua história natural. Finalmente, esses novos dados apoiam a ideia de que a doença começa muito antes do início dos sintomas neurológicos clássicos — comemora a neurologista.

Segundo Céline Louapre, uma fração pequena das pessoas com depressão, problemas sexuais, constipação e infecções do trato urinário será diagnosticada com uma doença autoimune alguns anos depois. Mas, em populações com um risco específico, os sinais ajudam a identificar um alerta precoce e levar a intervenções terapêuticas.

Esclerose múltipla no Brasil

Atualmente, cerca de 2,8 milhões de pessoas em todo o mundo têm esclerose múltipla e é estimado que, no Brasil, 40 mil pessoas vivam com a doença. De acordo com o Ministério da Saúde, a maioria dos pacientes com EM é diagnosticada entre as idades de 20 e 40 anos, com ocorrência duas a três vezes maior em mulheres do que em homens.

A doença não tem cura e, entre os sintomas mais comuns, estão cansaço intenso, fala lenificada, dificuldade para engolir, transtornos visuais, problemas de equilíbrio, falta de coordenação, aumento da contração muscular com rigidez de membros, transtornos no processamento da memória, alterações de humor e disfunção erétil.

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