Carreta Furacão, trenzinho da alegria fenômeno nas redes, inspira nova peça de Jô Bilac

'Caravana alucinada', dirigida por Paulo de Moraes, se debruça sobre os bastidores de um grupo de artistas de rua itinerantes prestes a se separar

Por — Rio de Janeiro


Elenco de 'Caravana alucinada', novo texto de Jô Bilac que retrata artistas itinerantes por meio do funk e de influências da internet Divulgação/Dalton Valerio

“É como se a gente visse o palhaço sem máscara, pintura e nariz vermelho”. É dessa maneira que o diretor Paulo de Moraes, à frente do novo espetáculo do dramaturgo Jô Bilac, descreve “Caravana alucinada”. A peça encenada pela Cia Teatro Independente, que estreia nesta quinta-feira (5) no Teatro Nelson Rodrigues, faz um mergulho na rotina de grupos artísticos itinerantes, como a Carreta Furacão, para além da alegria e da diversão estampada nas fantasias de personagens.

Na trama, Yasmin (Carolina Pismel), Suelen (Kênia Bárbara), Diego (Jefferson Melo), Estela (Júlia Marini) e Gustavo (Paulo Verlings) são artistas de rua nos moldes dos chamados “trenzinhos da alegria”, populares no interior do país, que se fantasiam de nomes famosos dos quadrinhos e da TV

Prestes a se separar, os cinco fazem uma última viagem juntos, desta vez, com destino ao subúrbio do Rio. No meio do caminho, o quinteto precisa lidar com questões pessoais e algumas surpresas que terão o poder de mudar o rumo de suas vidas.

Acostumado a dirigir montagens mais clássicas, o fundador da Armazém Companhia de Teatro garante que a falta de afinidade com a temática trazida por Bilac o surpreendeu e foi o que o movitou a aceitar o desafio.

— Foi uma delícia, eu adorei o convite. Gosto muito do trabalho do Jô e da Cia Teatro Independente. Quando recebi o texto, falei “uau, não conheço nada disso”. O fato de eu não dominar esse universo me interessou — relembra Paulo.

Para o paranaense, o distanciamento com o fio condutor do texto tem um impacto bastante positivo no resultado final.

— Meus espetáculos, por exemplo, sempre têm uma pegada mais rock’n’roll’ nas trilhas sonoras. Por isso, o Ricco Viana, responsável pela direção musical, inseriu guitarra e referências sinfônicas ao funk. O que é bom, porque nós entramos de cabeça nesse universo desconhecido e, ao mesmo tempo, pudemos trazer referências que são nossas para esse estilo. É uma mescla.

Antenado nas tendências do mundo virtual, Jô Bilac conta que bebeu dessa fonte e que enxerga o espetáculo como um projeto que enaltece a máxima de “a inteligência do Brasil é a festa” e reflete a capacidade do brasileiro de ser irreverente e transgressor, a fim de sublimar as próprias dores.

— A ideia do espetáculo surgiu por meio da Carreta Furacão, que é um fenômeno na internet. Com isso, o processo de criação foi muito influenciado pela linguagem das redes sociais. A cena é atravessada não só pelas referências do cinema, da literatura e do teatro, mas principalmente pela dinâmica do online. É uma mistura de dança, performance, vogue, funk e rima, linguagens periféricas que traduzem um país plural e muito rico culturalmente.

Programe-se:

Onde: Teatro Nelson Rodrigues, Caixa Cultural. Av. República do Paraguai 230, Centro. Quando: Qui a sáb, às 19h. Dom, às 18h. Até 30 de junho. Estreia quinta, dia 5. Quanto: R$ 40. Classificação: 16 anos.

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