Teatro e dança
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Por — Rio de Janeiro

Com 112 metros quadrados e projeções animadas de realismo impressionante, o telão de LED instalado ao fundo do palco do Teatro Riachuelo dá ao espectador que assiste à nova versão de “A noviça rebelde” a sensação de estar dentro de um filme — e quase rouba a cena. Esse era o plano de Charles Möeller, que pela terceira vez assina com Claudio Botelho uma montagem do musical, que estreia amanhã no Rio e segue em julho para São Paulo, com Malu Rodrigues e Larissa Manoela à frente do elenco. Assinante O GLOBO tem desconto.

— A primeira coisa que falei para a produtora, Aventura, foi: “eu quero fazer cinema, quero chegar ao meu limite”. Vou muito à Broadway, mas nunca vi algo assim. Me superei. É exatamente aquilo que eu sonhava — comemora Möeller.

Referência no teatro musical brasileiro há três décadas, a dupla reuniu um time de 43 atores — incluindo 18 crianças, que se apresentam em dias alternados — para a superprodução, que tem mais de 20 cenários e 300 figurinos. Encenado pela primeira vez em 1959, na Broadway, o musical — ambientado na Áustria de 1938 ameaçada pela ascensão do nazismo — ganhou o mundo ao ser adaptado para os cinemas em 1965, por Robert Wise, com Julie Andrews no papel de Maria, a aspirante a freira que, sem vocação, vai trabalhar como preceptora dos sete filhos do capitão Georg von Trapp, viúvo, por quem se apaixona.

O papel da noviça coube, mais uma vez, a Malu Rodrigues, que participou das versões anteriores, em 2018 e 2008, uma delas como uma das meninas.

— De tudo que já fiz na vida, a Maria é a personagem mais parecida comigo — pondera Malu, com lágrimas nos olhos, pouco depois de ser interrompida pelos abraços de alguns dos pequenos, que corriam para ensaiar. — Ela chega na casa das crianças e transforma tudo, com muito amor. Ela é solar, quase como uma luz. É o que tento ser para minha família e amigos.

Larissa também é veterana no elenco da peça. Embalada pelo verso “só sei que nada sei”, ela dá vida (em dias alternados com Giovanna Rangel) a Liesl, filha mais velha do capitão. Apesar da letra da canção “Dezesseis ou dezessete”, número encenado ao lado de seu par romântico (Eduardo Borelli), a atriz afirma que essa é uma versão mais madura da adolescente, já interpretada em 2018. Na primeira adaptação, aos 8 anos, ela fez a caçula da família, papel que a lançou no teatro.

— Hoje tenho mais bagagem, mas também houve um crescimento da personagem. Essa Liesl está mais interessante e ousada. Ela segue doce e sonhadora, mas agora dá uma confrontada na Maria e traz um empoderamento para as mulheres.

Longe do tablado há seis anos, Pierre Baitelli, intérprete do capitão von Trapp, é categórico ao afirmar que a melhor parte em estar de volta tem nome e sobrenome: Malu Rodrigues.

— Eu estava seco para voltar a fazer teatro. O mais gratificante do retorno é estar ao lado da Malu, de novo. Como o capitão, sou um homem de poucos e bons amigos. A Malu é um deles, ela me dá segurança — resume o ator, que trabalhou com a atriz em “O despertar da primavera” (2009), outro musical de Möeller & Botelho.

Responsável pela tradução de “The sound of music”, Botelho também é puro entusiasmo com o espetáculo que, aliás, irá inaugurar o fosso do Teatro Riachuelo, o qual pela primeira vez será ocupado por uma orquestra: nove músicos regidos por Marcelo Castro.

— Como tradutor, estou no livro dos recordes, fiz mais de cem peças. Mas, neste caso, trata-se de algo tão clássico, que não foi preciso mudar uma palavra desde 2008. Somos os únicos falantes de língua portuguesa autorizados a traduzir. Digo isso com bastante modéstia, mas fui muito feliz neste trabalho — conta Botelho.

Feliz também está o perfeccionista Möeller. Para ele, a junção de elementos teatrais e cinematográficos feita agora foi um salto estético tão grande que não sabe se consegue repetir o resultado.

— Não sei se faria “A noviça rebelde” uma quarta vez.

É esperar para ver.

Programe-se:

Onde: Teatro Riachuelo, Centro. Quando: Sex, às 20h. Sáb, dom e ter, às 15h. Qua, às 20h (os dias e horários sofrem alterações ao longo da temporada, é recomendável checar no site da Sympla). Até 23 de junho. Estreia sexta, dia 19. Quanto: De R$ 39 (balcão) a R$ 250 (plateia VIP). Classificação: Livre.

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