Operação da Polícia Militar na Cidade de Deus deixa seis mortos

Ao menos 12 escolas foram impactadas pela ação policial na comunidade; dois fuzis calibre 5.56, quatro pistolas, drogas e três rádios de comunicação foram apreendidos

Por O GLOBO — Rio de Janeiro


Um caveirão perto de uma caçamba incendiada Márcia Foletto/Agência O Globo

Seis pessoas morreram durante uma operação da Polícia Militar na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, na manhã desta quarta-feira. A corporação informou que todas foram socorridas para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, onde chegaram sem vida. Até o momento, apenas duas foram identificadas oficialmente: Clayton Lemos, de 36 anos, e Yuri da Silva Galvão, de 27. Em vídeo que circula nas redes sociais, parentes também lamentaram a morte de um rapaz chamado Daniel, que seria conhecido como Bolt no tráfico.

Policiais levam corpos para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca

Segundo a PM, o objetivo da operação foi reprimir roubos de veículos e coibir a expansão territorial do Comando Vermelho, facção presente na Cidade de Deus e maioria no estado do Rio. O confronto teria começado após equipes do 18°BPM (Jacarepaguá) terem sido alvo de disparos efetuados pelos criminosos na localidade conhecida como Curral. Ao entrarem em uma rua, na região da Quadra do Karatê, os agentes teriam encontrado os seis feridos.

Foram apreendidos dois fuzis calibre 5.56, quatro pistolas, três rádios de comunicação e drogas que ainda serão contabilizadas.

Em nota, a direção do Hospital Municipal Lourenço Jorge informou que seis pessoas, sem identificação, vítimas de ferimento por arma de fogo, deram entrada já em óbito na unidade. O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, afirmou que vai apurar o motivo de os policiais terem levado os corpos para o hospital e não ao Instituto Médico-Legal (IML).

— A gente agora vai tentar entender por que levaram os corpos para o hospital e não direto para o IML. Até a forma como os policiais os seguravam, era claro que estavam sem vida — disse o secretário.

Já a Secretaria municipal de Educação informou que 12 unidades escolares da região suspenderam as aulas devido à operação.

Após a operação, parentes de alguns mortos estiveram no Lourenço Jorge para o reconhecimento dos corpos. Houve tumulto quando as ambulâncias chegaram, principalmente porque muitos acreditavam encontrar os feridos com vida. Além disso, reclamaram da forma como os corpos foram retirados dos veículos ao chegarem na unidade de saúde, e da falta de orientação em relação aos prontuários e à ida para o Instituto Médico Legal (IML).

Operação na Maré

Outra operação contra o Comando Vermelho aconteceu nesta quarta-feira, dessa vez, da Polícia Civil no Complexo da Maré, Zona Norte do Rio. Agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) foram à comunidade Parque União para combater o crime de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas.

A operação teve o apoio de unidades do Departamento Geral Polícia Especializada (DGPE) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). Os agentes visam a cumprir oito mandados de busca e apreensão, em endereços dentro e fora da comunidade, e buscam 16 criminosos contra os quais há mandados de prisão expedidos pela Justiça tanto no Parque União como na Nova Holanda, também no Complexo da Maré.

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