Menina de 13 anos atingida por bala perdida no Rio sonha ser bailarina profissional

Ana Beatriz Barcelos do Nascimento ficou no meio do fogo cruzado entre PMs e traficantes

Por — Rio de Janeiro


Ana Beatriz Barcelos do Nascimento, atingida por uma bala perdida, sonha em ser bailarina profissional Reprodução

Parentes de Ana Beatriz Barcelos do Nascimento, de 13 anos, atingida por uma bala perdida na noite desta quinta-feira, na Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio, a descrevem como uma menina dedicada, religiosa e estudiosa. Ela está no oitavo ano e estuda em uma escola particular. O sonho da criança é de se tornar uma bailarina profissional e, por isso, ela faz aulas há dois anos na ONG Voluntários Fazendo a Criança Sorrir. Ana Beatriz estava voltando da instituição, por volta das 19h30, quando foi atingida nas costas.

Um dos parentes afirmou que Ana Beatriz “não vai virar estatística”. Estiveram na porta do Hospital municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador, onde a menina passou por um cirurgia de quatro horas, mãe, tia, avó e primo, além de outros parentes e amigos da família. A família informou que a bala acertou as costas de Ana Beatriz, atingindo pulmão e baço. Na manhã desta sexta-feira, a criança foi transferida para o Hospital municipal Souza Aguiar, onde se encontra na UTI pediátrica em estado grave.

Parentes da menina conversam com um funcionário do Hospital Evandro Freire — Foto: Fabiano Rocha/Agência O Globo

Ana Beatriz estava na comunidade do Pixunas, no Bancários, quando ficou no meio do fogo cruzado entre policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador) e traficantes. De acordo com informações do batalhão da Ilha, uma equipe fazia diligências para apurar denúncias de extorsões de traficantes contra motoristas de aplicativo quando aconteceu um ataque contra os agentes. Houve reação. Ana Beatriz ainda tentou correr para casa, mas acabou sendo baleada.

Veja local em que adolescente foi baleada na Ilha do Governador — Foto: Editoria de Arte

A ONG em que a menina faz aulas de balé compartilha pelas redes sociais a rotina, em que são oferecidas ainda aulas de judô e de capoeira. Também são promovidas ações de distribuição de bombons na Páscoa, assim como doações de cestas básicas e de legumes. Um dos destaques do perfil da ONG nas redes sociais é justamente às aulas de balé, atividade frequentada por Ana Beatriz: "A semente da esperança renasce todos os dias", diz a legenda de um dos registros.

Veja vídeo do momento em que menina foi baleada:

Menina de 13 anos é atingida por bala perdida na Ilha do Governador

O caso foi registrado na 37ª DP (Ilha do Governador). As armas dos policiais envolvidos no tiroteio foram apreendidas e serão encaminhadas para a perícia. Agentes da 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM) estiveram no Hospital Evandro Freire durante a madrugada. A PM afirmou que a Corregedoria Interna apura o que aconteceu.

A ambulância na qual a menina foi transferida — Foto: Lucas Guimarães/Agência O Globo

Já a Polícia Civil informou que a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) auxilia a investigação da 37ª DP e que os PMs já prestaram depoimento. De acordo com a corporação, as imagens das câmeras corporais dos agentes envolvidos no confronto serão solicitadas.

Veja a nota da PM na íntegra:

"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, na noite de quinta-feira (13/6), de acordo com policiais militares do 17º BPM, equipes da unidade realizavam patrulhamento na Rua Brigadeiro Newton Braga com objetivo de verificar denúncia de que traficantes locais estariam extorquindo motoristas de aplicativo. Neste momento, os agentes foram atacados a tiros por criminosos e houve confronto.

Posteriormente, os policiais foram informados que uma menina teria sido atingida por disparo de arma de fogo e socorrida ao Hospital Municipal Evandro Freire. Os militares foram ouvidos e os armamentos utilizados foram recolhidos. A Corregedoria da Polícia Militar instaurou um procedimento apuratório para apurar as circunstâncias do caso, paralelamente às investigações da 37ªDP.

Vale ressaltar que a equipe utilizava câmeras operacionais portáteis, e que caso solicitada para colaboração nas investigações, as imagens serão disponibilizadas".

* Estagiário sob supervisão de Leila Youssef

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