O euro teve ganhos modestos enquanto os investidores assimilavam os sinais de que o partido de extrema-direita de Marine Le Pen estava prestes a vencer o primeiro turno das eleições legislativas da França com uma margem menor do que as pesquisas indicavam. A moeda subiu 0,2%, para US$ 1,0740, no início do pregão asiático, o nível mais forte desde terça-feira.
As projeções iniciais mostravam o partido de extrema direita de Le Pen à frente da aliança centrista do presidente Emmanuel Macron e da Nova Frente Ampla, de esquerda, mas com menos votos do que precisa para garantir uma maioria absoluta após o segundo turno.
O mercado tem se preocupado com o fato de que um desempenho muito forte do partido de Marine Le Pen, o Reagrupamento Nacional (RN), vai aumentar as chances de uma política fiscal expansiva, colocando em destaque as contas fiscais sobrecarregadas do país e complicando ainda mais o cenário para a moeda.
Estratégias para o segundo turno
O foco agora é saber se o partido de Le Pen consegue obter apoio suficiente no segundo turno, em 7 de Julho, para ter maioria absoluta na Assembleia Nacional, o que facilitaria a aprovação de leis. O Presidente Macron e seus outros oponentes já traçam estratégias para manter o partido de extrema-direita fora do poder, e quaisquer sinais de progresso provavelmente fortalecerá a perspectiva de um aumento de confiança nos mercados.
Se as alianças formadas para impedir que Le Pen alcance o poder começarem a parecer viáveis, os mercados franceses provavelmente se recuperariam, segundo Kathleen Brooks, diretora de pesquisa da XTB.
— Um parlamento sem maioria poderia dificultar a realização de qualquer coisa na França no parlamento atual, o que é exatamente o que os mercados desejariam — disse ela.
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Ainda assim, analistas alertam que provavelmente haverá volatilidade pela frente, à medida que o cálculo eleitoral se complica no segundo turno, quando os partidos podem estrategicamente retirar candidatos em certas circunstâncias para impulsionar um candidato centrista.
Resultado imprevisível
A decisão de Macron de convocar uma votação antecipada no início de junho deixou os mercados em parafuso. Nas últimas duas semanas, o diferencial de rendimento que os investidores exigem para deter títulos franceses de 10 anos em relação à dívida alemã mais segura disparou para mais de 80 pontos-base, níveis vistos pela última vez durante a crise da dívida soberana da zona do euro.
Embora o diferencial de rendimento dos títulos de 10 anos possa encontrar algum alívio quando as negociações começarem na segunda-feira, é difícil ver uma "recuperação significativa e sustentável", disse Peter Goves, chefe de pesquisa soberana de dívida de mercados desenvolvidos na MFS Investment Management.
— As incertezas são altas, as condições básicas da França não mudaram e o resultado final ainda é desconhecido e imprevisível, com o grande número de disputas envolvendo três partes complicando as questões — afirmou.
Com um déficit orçamentário projetado em 5,3% do produto interno bruto (PIB) este ano, a França já excede amplamente os 3% do PIB permitidos pelas regras da União Europeia. O Fundo Monetário Internacional prevê que, sem medidas adicionais, a dívida subirá para 112% do PIB em 2024 e aumentará cerca de 1,5 pontos percentuais ao ano no médio prazo.