Novo Canecão: UFRJ quer derrubar muros e converter parte do campus da Praia Vermelha em área de lazer

Universidade terá cotas anuais de uso do novo espaço de eventos e de outros três equipamentos que também serão construídos

Por Luiz Ernesto Magalhães — Rio de Janeiro


Canecão, fachada sugerida por novo projeto Reprodução

Em audiência pública realizada nesta quarta-feira, representantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social apresentaram detalhes sobre o projeto para construir uma nova casa de shows no campus da Praia Vermelha. A proposta para o ‘’novo Canecão’’, que será erguido em uma área diferente da da antiga casa de shows , prevê ainda a implantação de outros três equipamentos culturais que serão explorados pela iniciativa privada por 30 anos. A universidade terá ‘’cotas’’ anuais pelo uso dos espaços. Um deles no antigo Canecão e outros dois que funcionarão em anexo à nova casa de shows, com entradas independentes.

A área total com intervenções tem 15 mil metros quadrados entre as imediações do Rio Sul (onde ficava o antigo Canecão e o novo espaço multiuso (próximo ao campo de futebol). A ideia é que esse espaço vire uma nova área pública de lazer. O painel original de Ziraldo na fachada do antigo Canecão também será recuperado pela Escola de Belas Artes da UFRJ.

A fachada do antigo Canecão — Foto: Brenno Carvalho

— (Nesse trecho da concessão) derrubaremos os muros que cercam e o campus e a sociedade vai poder circular. Daremos acesso à população a um espaço de qualidade.Isso é inovador, Essa é uma boa oportunidade para a cidade repensar o cercamento de áreas de lazer e praças. Além disso, a área construída vai ocupar no máximo 30% da área do projeto, o que prmitirá manter boa parte das árvores — disse o vice-retiro da UFRJ, Carlos Frederico Leão Rocha.

A estimativa é que o investidor privado gaste R$ 137,7 milhões em todo o projeto, sendo 53,7 milhões nas instalações acadêmicas e 84 milhões na parte cultura. O edital vai fixar um valor mínimo de R$ 554 mil pela concessão. Para participar da concorrência, o interessado deve comprovar que tem experiência ou conta com um parceiro que já administrou espaços mutiuso com capacidade para pelo menos mil pessoas. Em contrapartida, o concessionário ficará responsável por construir um restaurante universitário com capacidade para fornecer 2 mil refeições por dia, além de um prédio com pelo menos 80 salas de aula no terreno onde no passado funcionou o Bingo Botafogo.

— As ilustrações do projeto são conceituais. A fachada pode ou não ser de vidro (como havia sido divulgado em desenhos pela universidade). O que vamos exigir é que seja implantada na fachada do prédio uma réplica do painel do Ziraldo que existe no muro do antigo Canecão. Quem vencer a licitação terá 9 meses para apresentar o projeto final. Antes da execução, o plano completo terá que ser aprovado pela universidade e a prefeitura — disse Flavio-Papelbaum, gestor do projeto pelo BNDES.

No espaço do antigo Canecão será implantado um pequeno centro para eventos, que Carlos Frederico definiu como ‘’teatro de bolso’’. A universidade terá direito a usar o equipamento 275 dias por ano.

A audiência pública foi uma das etapas que antecedem o lançamento do edital, que deve ocorrer até o fim do ano. Não houve pedidos de esclarecimentos ou sugestões por parte do público. Nesta quinta-feira, o Conselho Universitário vai deliberar sobre a concessão. Mas a decisão é meramente consultiva, sem poder de impedir a concessão.

Sobre a nova casa de shows, a UFRJ poderá utilizá-la 50 dias por ano, em agendas marcadas às segundas e terça-feiras. Nos anexos vão funcionar um centro de exposições e espaços destinados para ensaios. Nesses dois casos, a cota da universidade será de 90 dias por ao. As novas salas de aula e a área do refeitório serão de uso integral da universidade.

Conhecido no mercado de entretenimento como ‘’naming rigths’’.O projeto conceitual prevê uque o ‘’novo Canecão’’ será em formato multiuso. Mas há a exigência que o concessionário ofereça pelo menos 3 mil lugares no módulo ‘’show’’, com público de pé ou 1,5 mil lugares sentados. O uso do nome Canecão não é obrigatório já que o espaço pode ser batizado com o nome de um patrocinador, o que é conhecido como ''naming rights''

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