Rio
PUBLICIDADE

Por Pedro Araujo — Rio de Janeiro

O juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 27ª Vara Criminal, sentenciou nesta quarta-feira os pintores Jhonatan Correia Damasceno e William Oliveira Fonseca a 76 anos, dois meses e 20 dias de prisão pelos assassinatos de Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e da diarista Alice Fernandes de Silva, de 51. As mulheres foram degoladas dentro do apartamento da idosa, na Avenida Rui Barbosa, no Flamengo, que ainda foi incendiado pelos criminosos. Na sentença, o magistrado destacou a extrema violência e crueldade do crime.

“Os condenados foram presos preventivamente, sendo certo que suas custódias cautelares hão de ser mantidas em virtude de se encontrarem presentes dois dos requisitos, previstos no art. 312 do Código de Processo Penal, que autorizam a decretação da prisão preventiva, quais sejam, a garantia da ordem pública e o asseguramento da aplicação da lei penal. Afinal, um dos delitos perpetrados pelos condenados foi o de latrocínio, que é um crime hediondo, o que evidencia a periculosidade dos condenados - esta, aliás, também pode ser evidenciada pela extrema violência e crueldade empregada no crime, o que deixa inequívoco que a liberdade dos condenados poderia gerar perigo para a sociedade -, não se podendo perder de vista, ainda, que os condenados, em liberdade, certamente encontrariam estímulos para a prática de outros delitos semelhantes. Destarte, a manutenção dos condenados no cárcere há de se dar para garantia da ordem pública.” – escreveu o magistrado.

O juiz Flávio Itabaiana caracterizou ainda a forma de agir dos pintores como fria, calculada, insensível, covarde e bárbara, “com o crime sendo perpetrado com extrema e exacerbada crueldade - esgorjamento - contra duas mulheres indefesas), das circunstâncias do crime (este foi perpetrado em concurso de pessoas, dificultando, assim, eventual reação das vítimas, devendo ser considerada, ainda, a longa duração do delito. O magistrado também destacou que “os réus ingressaram no apartamento da vítima Martha por volta das 13h30 e de lá saíram juntos por volta das 16h40 -, já que durante horas as vítimas, antes de serem mortas, ficaram amordaçadas e amarradas, sofrendo, dessa forma, verdadeira “tortura” física e moral) e das consequências do delito (estas, pelo que se depreende dos depoimentos prestados em juízo e em sede policial, foram excessivamente graves, pois o crime, além de causar comoção, revolta e danos psicológicos às famílias das vítimas, também causaram comoção nos empregados e moradores do condomínio, bem como na sociedade)”.

Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, de 51, foram encontradas carbonizadas e degoladas. — Foto: Foto: Reprodução
Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, de 51, foram encontradas carbonizadas e degoladas. — Foto: Foto: Reprodução

Relembre o caso

Martha Maria Lopes Pontes, de 77 anos, e Alice Fernandes da Silva, de 51, foram encontradas degoladas dentro de um apartamento de luxo no Flamengo, na Zona Sul do Rio no início de junho. Na tarde daquele dia, Willian e Jhonatan saíram de suas casas, em Acari, na Zona Norte da cidade, e deslocaram-se até o Flamengo.

De acordo com a denúncia, ao qual O GLOBO teve acesso, ao chegarem no prédio na Avenida Rui Barbosa, foram autorizados a subir no apartamento de Martha e recebidos na porta dos fundos pela diarista. Nesse momento, Willian partiu para cima da funcionária, a amordaçando e amarrando suas mãos com uma fita durex que estava na cozinha da residência. Jhonatan então direcionou-se a idosa, que estava sentada em seu escritório, aproximando-se por trás e dizendo: “Fica calma, só quero seu dinheiro”.

Willian amarrou as mãos de Martha com um lacre e as pernas com um lençol e também a amordaçou. Com as duas vítimas imobilizadas e com suas liberdades restritas, Jhonatan pegou um talão de cheques no quarto da idosa e a obrigou a preenchê-los e assiná-los. Na posse das folhas, ele se dirigiu a uma agência bancária, na Rua Marquês de Abrantes, e efetuou três saques de R$ 5 mil. Os dois fugiram após o crime.

Segundo o laudo de exame de necropsia, a causa da morte de Martha e Alice foi esgorjamento — lesão profunda que atingiu a garganta das vítimas e que foi provocada por ação corto-contundente, possivelmente uma faca. Em depoimento prestado na DHC, Jhonatan confessou participação no caso, mas responsabilizou o comparsa pela morte das vítimas.

Os cadáveres das duas mulheres foram localizados, por volta de 17h, por homens dos quartéis do Catete e do Humaitá do Corpo de Bombeiros. Eles foram acionados devido a um incêndio no apartamento onde estavam as vítimas. Pouco depois, uma faixa da Avenida Rui Barbosa chegou a ser interditada pela Polícia Militar, segundo o Centro de Operações (COR) da Prefeitura do Rio.

Mais recente Próxima

Inscreva-se na Newsletter: Notícias do Rio

Mais do O Globo

OEA rejeitou uma resolução que exigia maior transparência do governo venezuelano em relação às eleições sem votos dos três países

Lula terá conversa com presidentes do México e da Colômbia sobre eleição na Venezuela

Ginasta brasileira ficou com a medalha de prata na disputa individual geral em Paris

Olimpíadas: Gabigol, do Flamengo, celebra medalha de prata de Rebeca Andrade: 'Rainha'

Na mensagem comunicando o veto ao Congresso, o presidente justificou que isso 'poderia comprometer a equivalência das provas' e 'afetar as condições de isonomia na participação'

Escolas privadas apoiam veto às mudanças do Enem: 'Regras precisam estar claras', diz representante do setor

Notas de dificuldade garantiram ouro da americana, mesmo com execuções inferiores

Pisão fora decidiu? Entenda o que afastou Rebeca Andrade de Simone Biles na final da ginástica

Italiana retirou-se aos 46 segundos após um golpe de Imane Khelif

Após luta polêmica entre italiana e argelina, primeira-ministra Meloni apoia desistência: 'Nunca senti um murro assim', disse atleta

Ginastas consolidam rivalidade e duelam evento a evento por medalhas

Raio-X: veja as notas de Rebeca Andrade e Simone Biles em todas as provas de Paris até aqui

Apesar de ser membro da Otan e manter relações econômicas de alto nível com a UE, país tem bom trânsito com Moscou, em parte devido ao relacionamento próximo entre seus presidentes

'Política de equilíbrio': Por que a Turquia intermediou troca de presos entre a Rússia e o Ocidente?

Em uma rara vitória da diplomacia, Washington e Moscou conseguiram costurar acordo que ambos os lados podem alardear como uma vitória em seus contextos internos

Troca de prisioneiros ocorre no pior momento das relações EUA-Rússia em décadas, mas oferece vitórias a Biden e Putin

Brasileira já soma duas conquistas e ainda tem três finais pela frente

Olimpíadas: saiba quanto Rebeca Andrade ganhou por medalhas de prata e bronze em Paris-2024