Porta-voz do Exército de Israel afirma que não é possível eliminar o Hamas

Comentários foram rebatidos pelo gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo declarou que ofensiva em Gaza não terminará até que o grupo seja derrotado

Por O Globo com agências internacionais — Tel Aviv


Porta-voz do Exército de Israel, Daniel Hagari afirma que não é possível eliminar o Hamas AFP

RESUMO

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GERADO EM: 19/06/2024 - 23:07

Conflito entre Israel e Hamas

Exército de Israel afirma que não pode eliminar o Hamas, gerando debate com governo de Netanyahu que promete derrotar o grupo em ofensiva em Gaza. A guerra já causou milhares de mortes e sequestros.

O principal porta-voz do Exército de Israel, o contra-almirante Daniel Hagari, afirmou na quarta-feira que não é possível eliminar o Hamas por meio de uma guerra, por se tratar de uma ideologia. A fala do militar pareceu contrariar um dos objetivos traçados por Israel no começo da guerra, de erradicar o grupo palestino que controla Gaza, provocando uma reação imediata do governo do premier Benjamin Netanyahu, que reiterou o compromisso de destruir o movimento.

— O Hamas é uma ideologia, não podemos eliminar uma ideologia. Dizer que vamos fazer o Hamas desaparecer é jogar areia nos olhos das pessoas — declarou Hagari em entrevista à emissora israelense Canal 13. — Se não oferecermos uma alternativa, no final, teremos o Hamas no poder em Gaza.

Os comentários foram rapidamente rebatidos pelo Gabinete de Netanyahu, cujo governo declarou que a ofensiva em Gaza não terminaria antes da derrota total do Hamas.

"O Gabinete político e de segurança liderado pelo primeiro-ministro Netanyahu definiu como um dos objetivos da guerra a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas", manifestou em um comunicado. "As FDI [Forças de Defesa de Israel, o Exército] estão, obviamente, comprometidas com isso", acrescentou.

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O Exército emitiu outro comunicado no qual sublinhou que Hagari falou "sobre a destruição do Hamas como ideologia e ideia". Suas palavras foram "claras e explícitas", sustentou. "Qualquer outra declaração seria tirar as coisas de contexto", insistiu.

A eliminação total do Hamas e a proposição de um plano para Gaza ao fim da campanha militar, é uma das principais pressões recentes sobre Netanyahu e sua cúpula política. Ao desembarcar do Gabinete de guerra, dissolvido no começo da semana pelo premier, o líder opositor Benny Gantz mencionou a incapacidade do governo de propor um plano para o enclave palestino.

Nesta quinta-feira, o Exército israelense voltou a bombar a Faixa de Gaza. No campo de refugiados de Nuseirat, no centro do território palestino, duas pessoas morreram em um bombardeio, segundo fontes médicas. Testemunhas também relataram disparos de tanques em Zeitun, bairro da Cidade de Gaza, no norte, e nos campos de Bureij e Maghazi.

Em Rafah, no extremo sul do território, uma fonte do braço armado do Hamas confirmou que há confrontos ativos entre soldados israelenses e combatentes palestinos.

A guerra começou em 7 de outubro, quando integrantes do Hamas mataram 1.194 pessoas, na maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses. O Exército israelense estima que 116 pessoas permanecem sequestradas em Gaza, 41 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.396 mortos em Gaza, também em sua maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas.

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