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GERADO EM: 20/06/2024 - 00:01

Acordo militar entre Coreia do Norte e Rússia

Acordo entre Coreia do Norte e Rússia é marcado por defesa mútua, cooperação técnico-militar e provocação ao Ocidente. Visita de Putin a Pyongyang fortalece laços, mas detalhes do acordo permanecem incertos. Putin reforça apoio a Kim Jong-un e mantém autonomia estratégica.

Uma recepção calorosa no aeroporto, uma carreata com motos cortando a noite de Pyongyang, dezenas de milhares de pessoas nas ruas e fotos dos líderes russo, Vladimir Putin, e norte-coreano, Kim Jong-un, penduradas lado a lado na Praça Kim Il-sung e o anúncio de uma parceria que prevê o compromisso de defesa mútua em caso de agressão. Em termos de relações públicas e propaganda, a viagem de Putin à Coreia do Norte rendeu dividendos importantes para os dois lados — em termos militares, os russos parecem ter saído mais satisfeitos.

Os detalhes do Acordo de Parceria Estratégica Abrangente entre Rússia e Coreia do Norte não foram divulgados, mas segundo Putin, ele “estabelece tarefas e diretrizes de grande porte para aprofundar os laços russo-coreanos a longo prazo" e, no ponto mais importante, “prevê a prestação de assistência mútua em caso de agressão” contra um dos países.

— Concordo que este é um documento verdadeiramente inovador, que reflete o desejo dos dois países de não descansar sobre os louros, mas de elevar as nossas relações a um novo nível qualitativo — declarou Putin, citado pela agência Tass, ainda em Pyongyang. — A Federação Russa não exclui a cooperação técnico-militar com a República Popular Democrática da Coreia [nome oficial da Coreia do Norte], de acordo com o documento assinado hoje.

À primeira vista, o acordo inclui a Coreia do Norte no “guarda-chuva” de defesa da Rússia, a maior potência nuclear do planeta (os norte-coreanos também têm suas ogivas, cerca de 30 prontas para uso), abrindo caminho para uma intervenção militar russa no caso de uma guerra na Península Coreana. Pyongyang tem um acerto similar, assinado em 1961 com a China, renovado em duas ocasiões e que também prevê o apoio militar no caso de um ataque externo.

Mas as minúcias fazem a diferença. O texto firmado por Putin e Kim não traz, pelo menos segundo as informações preliminares, a obrigação de ação automática de um dos signatários caso o outro seja atacado, algo presente no texto sino-coreano (e igualmente previsto em um acordo prévio entre russos e norte-coreanos, de 1961). Ao citar que “não exclui a cooperação militar”, o presidente russo também reconhece que tal parceria pode não estar presente no documento.

— O que mais nos preocupava era a presença da cláusula da intervenção automática, mas as palavras [de Putin] sobre o apoio mútuo deixam tudo aberto à interpretação — disse à agência Yonhap Lee Tae-rim, professor da Academia Diplomática Nacional da Coreia do Sul.

Outro ponto ausente das falas de Putin e Kim é uma parceria no setor aeroespacial. Há indícios de que os russos estejam fornecendo assistência no desenvolvimento de foguetes de transporte de satélites a Pyongyang, no que seria mais uma violação das sanções internacionais. Os norte-coreanos também querem que Moscou facilite a venda de aeronaves de combate — alguns dos caças da Coreia do Norte têm mais de 40 anos de uso. Analistas nos EUA e Europa sugerem ainda um trabalho conjunto no campo nuclear, mas tal passo provavelmente levaria a uma resposta internacional em um nível bem acima do que Putin parece disposto a tolerar.

Putin é recebido na Coreia do Norte para estreitar parceria 'estratégica'

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A decisão de manter os termos em sigilo, ao menos por enquanto, seria uma forma de provocar suspense, opinou Anthony Rinna, editor sênior do Grupo Sino-NK, dedicado aos estudos da Coreia do Norte: ao Washington Post, disse que Putin e Kim “sabem que o mundo está observando, e que o Ocidente está imaginando o pior”.

Desde o início da guerra na Ucrânia, a Coreia do Norte é a principal linha de apoio militar para os russos, fornecendo armamentos simples, como fuzis de assalto, até foguetes de curto alcance e munições de artilharia. Com arsenais construídos e acumulados desde os anos 1950 para um novo confronto com o Sul, que jamais ocorreu, o país tem itens de sobra para enviar aos russos, através de uma linha de suprimentos que ignora sanções internacionais. Em troca, Kim tem recebido petróleo, alimentos e, especialmente, dinheiro de Moscou, ajudando a burlar o duro bloqueio econômico contra seu país e manter seus gastos militares em dia.

Sanções essas em boa parte aprovadas com a ajuda de Moscou.

‘Irmãos de armas’?

Apesar da pompa da visita e das declarações de cunho histórico de ambos os lados, os laços entre Rússia e Coreia do Norte nunca foram simples, e o desequilíbrio de forças é uma marca dessa relação.

Nos tempos soviéticos, havia divergências estruturais e uma crise de confiança entre as lideranças em Moscou e o fundador da Coreia do Norte, Kim Il-sung. Contudo, o pragmatismo reinava. Pyongyang servia como uma barreira de proteção do Extremo Oriente russo contra a presença militar dos EUA na Coreia do Sul e Japão. Já os norte-coreanos viam nos soviéticos uma importante linha de financiamento, e evitavam ações para irritá-los.

Dentro dessa lógica, em 1961 foi assinado o Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua, que previa o oferecimento “imediato de forças militares e outros tipos de assistência, com todos os meios disponíveis”, em caso de agressão externa. Tal como o texto de 2024, o tratado dos anos 1960 prometia ampla cooperação “econômica e cultural” entre os dois países, além de floreios típicos de documentos do tipo. Mas, como apontou o acadêmico russo Andrei Lankov, um dos maiores especialistas nas relações russo-coreanas, o pacto não mudou a percepção em Moscou sobre os norte-coreanos.

“No final da década de 1980, quando a Perestróika (abertura política) realinhou o pensamento soviético na área da geopolítica, a liderança soviética não pensou duas vezes quando decidiu descartar a Coreia do Norte”, escreveu Lankov, em artigo de 2010.

Nos momentos imediatamente posteriores ao fim do bloco soviético, o então presidente russo, Boris Yeltsin, suspendeu a generosa ajuda à Coreia do Norte (decisão que contribuiu para a Grande Fome dos anos 1990), e deu uma guinada em direção à Coreia do Sul. A relação só começou a ser remendada após a chegada de Putin ao poder, em 2000, que meses após assumir o cargo desembarcou na capital norte-coreana.

Com a nova visita, Putin ofereceu mais intenções do que fatos concretos: ele reiterou seu apoio a Pyongyang no cenário internacional, deu perspectivas de uma aliança — termo usado por Kim, mas não pelo líder russo — e de linhas de apoio econômico e humanitário, e forneceu argumentos que já estão sendo aproveitados pela propaganda estatal. Em texto publicado na quarta-feira, a agência estatal KCNA disse que a visita era "um passo importante para promover de forma confiável o desenvolvimento estratégico e orientado para o futuro dos dois países, e para impulsionar poderosamente a causa da construção de uma nação forte".

Mesmo dosando as palavras, e sem garantir uma “amizade sem limites”, como a propagada com a China, Putin parece ter obtido compromissos concretos de que suas armas continuarão chegando, além de reforçar sua plataforma anti-Ocidente. Um desfecho desigual, mas aparentemente favorável aos dois.

— Kim Jong-un quis exibir ao máximo o nível das relações com a Rússia, pois cada declaração também é uma mensagem interna e externa. E também acredito que o presidente Putin tenha preservado sua autonomia estratégica — disse à Yonhap Hong Min, pesquisador do Instituto Coreano para a Unificação Nacional.

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