A Guarda Revolucionária do Irã lançou um ataques de mísseis contra alvos “terroristas” na Síria nesta segunda-feira (15), em retaliação aos dois atentados suicidas que ocorreram este mês durante uma procissão na cidade iraniana de Kerman. O Estado Islâmico (EI) assumiu a responsabilidade pelos atos.
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"O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica... identificou locais de concentração de comandantes e principais elementos relacionados com recentes operações terroristas, em particular, do EI, nos territórios ocupados da Síria e os destruiu disparando uma série de mísseis balísticos", disse o site da Guarda Revolucionária, Sepah News.
A Guarda acrescentou que o ataque foi “em resposta aos recentes crimes dos grupos terroristas que martirizaram injustamente um grupo dos nossos queridos compatriotas em Kerman e Rask”.
O Irã também lançou mísseis contra alvos "terroristas" na cidade de Arbil, no Iraque.
“O Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica anunciou a destruição de um quartel-general de espionagem e a concentração de grupos terroristas anti-iranianos em partes da região com mísseis balísticos”, informou a agência de notícias estadual, IRNA.
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Relembre o atentado no Irã
O duplo atentado ocorreu no dia 3 de janeiro, quando uma multidão marcava o quarto aniversário da morte de Soleimani, arquiteto das operações militares do Irã no Oriente Médio, em um ataque de drone americano em 2020, em Bagdá, capital do Iraque. Pelo menos 84 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas após dois homens bombas detonarem explosivos em meio ao evento.
Chefe da força de elite Quds da Guarda Revolucionária, Soleimani projetou o eixo de influência do Irã no exterior, remodelando a geopolítica do Oriente Médio por meio de uma rede de grupos que se opõem a Israel, incluindo o movimento xiita libanês Hezbollah e o grupo fundamentalista islâmico Hamas. Também era muito respeitado na República Islâmica por seu papel na derrota do EI no Iraque e na Síria.
No Telegram, o EI chamou o atentado de quarta de "dupla operação de martírio" e descreveu como dois de seus membros, identificados pelos nomes de Omar al-Mowahid e Sayefulla al-Mujahid, "detonaram seus coletes de explosivos" no meio de "uma grande multidão de apóstatas perto do túmulo do líder hipócrita", referindo-se ao general.
Segundo analistas, o atentado sugere um ressurgimento sangrento da organização jihadista, que foi dizimada em 2019. Não está claro, porém, qual afiliada do EI teria cometido o massacre, apontado como o mais mortal em território iraniano desde a Revolução Islâmica de 1979.
O anúncio coincide com as avaliações da Inteligência americana e de autoridades militares regionais, que apontaram como provável que o ataque fosse obra do grupo jihadista.
O Irã não reconheceu imediatamente a alegação. Citando "uma fonte com conhecimento do assunto", a Irna, agência oficial de notícias do país, confirmou apenas que a primeira explosão foi detonada por volta das 14h45 (horário local), a cerca de 700 metros do túmulo por um "homem-bomba", cujo corpo ficou em pedaços. Já a segunda, que ocorreu cerca de 15 minutos depois, está sendo investigada, mas é provável que também tenha sido causada por um homem-bomba, acrescentou.