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Por O Globo e agências internacionais — La Paz

Centenas de apoiadores do ex-presidente Evo Morales foram reprimidos nesta segunda-feira com bombas de gás lacrimogêneo em Sucre, capital administrativa da Bolívia, ao tentaram tomar um tribunal em protesto contra a decisão que inabilitou o líder de ser candidato novamente à Presidência.

Os manifestantes, que exigem a renúncia dos magistrados do Tribunal Constitucional, lançaram pedras e entraram em confronto com a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo, segundo imagens transmitidas pela televisão local.

Até o momento, não há relato de feridos ou presos.

As autoridades instalaram cercas ao redor da sede judicial e mobilizaram soldados antidistúrbios.

— Esse mesmo dispositivo de segurança está em todas as infraestruturas relacionadas ao órgão judicial — apontou o chefe policial Marco Antonio Gutiérrez ante as câmeras.

O ex-presidente Morales, de 64 anos, convocou suas bases a se mobilizarem após uma recente sentença constitucional que o impede de concorrer às eleições presidenciais de 2025. Segundo os magistrados, a reeleição ilimitada não é um direito humano — como estabelecia uma sentença prévia — e nenhum boliviano pode ser reeleito mais de uma vez por um período de cinco anos.

Morales ocupou a Presidência entre 2006 e 2019, quando se viu forçado a renunciar em meio a protestos que questionaram sua vitória nas eleições para um novo mandato.

Além de se opor ao veredicto do Tribunal Constitucional, apoiadores de Morales também se mobilizaram contra a decisão da Justiça de prorrogar os mandatos dos magistrados dessa e de outras cortes, diante da falta de um acordo para convocar eleições judiciais.

— Esses criminosos que seguem aí têm que ir embora para suas casas, se não forem por bem, o povo vai tirá-los — disse o vereador Rodolfo Avilés do Movimento Al Socialismo, partido de Evo Morales, em meio ao protesto.

Disputa política: Morales x Arce

Os protestos acontecem em meio a um racha entre Morales e o atual presidente, Luis Arce, que levou à expulsão de Arce do Movimento ao Socialismo (MAS), partido com o qual venceu as eleições de 2020 apadrinhado pelo ex-mandatário.

O roteiro é quase idêntico a de outros afastamentos vistos na política latino-americana: um presidente escolhe seu sucessor, pavimenta sua ascensão à Presidência e, já instalado no poder, o protegido rompe com o mentor e se torna seu rival. Álvaro Uribe e Juan Manuel Santos, na Colômbia; Rafael Correa e Lenín Moreno, no Equador; e agora Morales e Arce, na Bolívia.

Eles se enfrentariam nas primárias do MAS, no entanto, Arce deixou a legenda em outubro passado, ou se "auto-expulsou", segundo o partido, ao faltar o congresso que consagrou Morales como candidato às prévias. Outros 28 militantes leais a Arce, entre eles deputados e funcionários do governo, também foram expulsos. Durante o congresso, o MAS também modificou os estatutos para que apenas militantes com 10 anos de partido possam se candidatar. Arce, que foi ministro da Economia de Morales de 2006 a 2019, não cumpria tal exigência.

Sem a origem indígena ou o carisma de seu mentor, Arce conseguiu fortalecer sua liderança entre as bases sociais e sindicais por meio da concessão de incentivos. Contudo, sua desaprovação chega a 50%, segundo uma pesquisa da empresa privada Diagnosis. É tido como certo que Arce tentará a reeleição, dada a oposição enfraquecida e a rejeição que Morales desperta em setores econômicos.

Morales, de 63 anos, tornou-se um crítico feroz do governo de seu antigo ministro da Economia, de 58, após expor a suposta corrupção e tolerância das autoridades com o narcotráfico. Em 2022, acusou o ministro do Interior, Eduardo del Castillo, de roubar seu celular e pediu sua demissão, apontando também o vice-presidente, David Choquehuanca, que foi seu chanceler, como responsável por uma campanha de difamação contra ele.

Arce reafirmou Del Castillo no cargo, o que marcou o ponto de ruptura na relação com Morales.

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