EUA prometem US$ 171 milhões em assistência para venezuelanos 'vulneráveis'

Departamento de Estado americano sinalizou que cuidaria para que valor não fosse 'desviado' para o governo de Nicolás Maduro

Por AFP — Washington e Caracas


Comitiva do presidente americano Joe Biden no Capitólio, em Washington ANDREW CABALLERO-REYNOLDS/AFP

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira que destinarão US$ 171 milhões (R$ 902 milhões) aos "venezuelanos vulneráveis" que vivem na Venezuela e na América Latina. O governo, no entanto, destacou que cuidaria para que o dinheiro "não seja desviados" para o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Os Estados Unidos não reconhecem Maduro como presidente venezuelano sob o argumento de que houve fraude no processo eleitoral que garantiu sua reeleição em 2018. Washington mantém o apoio até hoje ao líder da oposição Juan Guaidó, apesar do seu próprio partido ter anunciado o fim do "governo interino" em janeiro.

O Orçamento total anunciado inclui mais de US$ 140 milhões (R$ 739 milhões) em assistência humanitária e US$ 31 milhões (R$ 163 milhões) em apoio ao desenvolvimento. Em comunicado, o Departamento de Estado americano disse que o objetivo da iniciativa é "responder às necessidades dos venezuelanos vulneráveis na Venezuela, dos refugiados e migrantes venezuelanos, e de suas generosas comunidades anfitriãs em toda a região".

A maior parte do dinheiro — US$ 115 milhões (R$ 607 milhões) — virá da Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e o restante do Escritório de População, Refugiados e Migração (PRM).

"Nossa assistência apoia os venezuelanos mais vulneráveis com suas necessidades críticas" e "complementa os esforços das comunidades anfitriãs em 17 países que os apoiaram generosamente", disse a declaração, referindo-se aos cerca de 6 milhões de venezuelanos que migraram para a América Latina e o Caribe.

Washington garante que o dinheiro não irá para Maduro.

"Os Estados Unidos trabalham com organizações de crédito para fornecer assistência e garantir que ela não seja desviada para o regime de Maduro", insistiu o Departamento de Estado no texto.

Os Estados Unidos desembolsaram mais de US$ 2,8 bilhões (R$ 14,7 bilhões) desde 2017 em assistência aos venezuelanos e instou outros doadores a ajudar aqueles que deixaram o país devido à "crise humanitária".

Até um ano atrás, o salário básico na Venezuela equivalia a cerca de US$ 30 (R$ 158) por mês, mas em meio ao aumento da inflação — que de acordo com estimativas é de cerca de 500% —, ele perdeu 83% do seu valor.

Após um longo ciclo hiperinflacionário, na qual a economia venezuelana encolheu 80% entre 2014 e 2021, o país caribenho continua a enfrentar uma das maiores inflações do mundo.

O apoio internacional a Guaidó foi acompanhado de sanções contra a Venezuela para pressionar o governante socialista, impactando severamente a economia. Estima-se que cerca de US$ 24 bilhões (R$ 126 bilhões) em ativos estatais venezuelanos estejam bloqueados no exterior.

O governo Maduro e a oposição chegaram a um acordo para administrar a liberação de US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) bloqueados no exterior para um fundo de ajuda humanitária coordenado pela ONU.

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