Zuckerberg pede desculpas a famílias durante audiência sobre proteção de crianças da exposição on-line

CEO acrescentou que as lojas de aplicativos devem ter a responsabilidade de verificar a idade dos usuários. Posicionamento do executivo já havia sido adiantado pelo jornal britânico Financial Times

Por — Washington


Marck Zuckerberg, CEO da Meta, durante audiência no Comitê do Senado americano sobre exposição infantil on-line Brendan Smialowski/AFP

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, pediu desculpas às famílias presentes na audiência sobre a exposição de menores em sites e redes sociais, incluindo pedófilos, informou a CNN. A fala aconteceu no Capitólio, onde executivos das principais plataformas digitais são interrogados nesta quarta-feira.

— Sinto muito por tudo que vocês passaram. Ninguém deveria passar pelas coisas que suas famílias sofreram e é por isso que investimos tanto e continuaremos a fazer esforços em toda a indústria para garantir que ninguém tenha que passar pelas coisas que suas famílias tiveram que sofrer.

Antes, o executivo atribuiu à Apple e ao Google — responsáveis por lojas de aplicativo — a responsabilidade por verificar a idade dos usuários e garantir que não sejam menores de idade, conforme, disse a CNN.

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Zuckerberg disse aos legisladores, destacou a CNN, que o obvio seria criar uma lei para regular os proprietários de lojas de apps.

— Meu entendimento é que a Apple e o Google, ou pelo menos a Apple, já exigem o consentimento dos pais quando uma criança faz um pagamento com um aplicativo. Portanto, deveria ser bastante trivial aprovar uma lei que exija que os pais tenham controle sempre que uma criança baixar um aplicativo — disse

O posicionamento de Zuckerberg estava em conformidade com o texto de depoimentos pré-preparados que o Financial Times teve acesso e que sinaliza que CEO da Meta exigiria uma regulamentação para lojas de aplicativos.

Os defensores dos jovens reagiram com ceticismo ao pedido de desculpas de Mark Zuckerberg, dizendo que falar é fácil, pedindo que a empresa "saia do caminho" da regulamentação nacional.

Zamaan Qureshi, copresidente do grupo de defesa Design It For Us, chamou o pedido de desculpas de "um momento bastante insano" durante uma entrevista à CNN.

A autora da denúncia contra o Facebook, Frances Haugen, que deu início a anos de escrutínio sobre o impacto da mídia social sobre os adolescentes, disse que o pedido de desculpas de Mark Zuckerberg aos pais foi "assombroso".

A audiência de hoje teria sido inconcebível há apenas alguns anos, disse ela, quando os legisladores estavam fazendo perguntas básicas a Zuckerberg sobre como sua empresa ganha dinheiro.

"Quase todas as audiências desde então foram muito mais significativas, e eles fizeram perguntas mais perspicazes e relevantes. Essa audiência durou quatro horas, e houve talvez 20 minutos em que eu pensei: 'Vocês realmente sabem o que estão perguntando? E isso é incrível".

CEOs de big techs testemunham em uma audiência no comitê de Justiça do Senado — Foto: Anna Moneymaker/AFP

Ao ser indagada sobre o potencial de avanço da legislação, Haugen disse que ficaria surpresa se "conseguíssemos passar por outro ciclo [eleitoral] sem ver nada".

O CEO da Snap, Evan Spiegel, também pediu desculpas às famílias cujos filhos morreram após comprarem drogas pelo snapchat, em resposta às colocações da senadora democrata da Califórnia, Laphonza Butler.

"Sinto muito por não termos sido capazes de evitar essas tragédias", disse Spiegel, antes de detalhar alguns dos esforços que a empresa faz para proteger os jovens usuários, incluindo o monitoramento proativo de conteúdo relacionado a drogas e o trabalho para educar adolescentes e famílias sobre os perigos do fentanil.

"Sei que há bons esforços. Nenhuma dessas coisas está impedindo que as crianças tenham acesso a drogas em sua plataforma", disse Butler em resposta.

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