CEO da Boeing deixará a empresa no fim de 2024, em meio a crise de segurança

Fabricante de aviões americana anunciou saída de outros diretores enquanto lida com consequências dos incidentes envolvendo o 737 Max, seu avião mais vendido

Por Bloomberg


Dave Calhoun, CEO da Boeing, vai deixar o cargo no fim deste ano Samuel Corum/Bloomberg

A Boeing anunciou mudanças radicais em sua administração nesta segunda-feira, com a renúncia do CEO, do diretor de aviões comerciais e do presidente do Conselho de Administração, enquanto a empresa enfrenta uma crise centrada no seu avião mais vendido, o jato 737 Max.

O CEO Dave Calhoun deixará a companhia no fim deste ano, enquanto o presidente Larry Kellner não se candidatará à reeleição, disse a Boeing em um comunicado. Stan Deal, que lidera a divisão de aviões comerciais da Boeing, também se aposentará imediatamente. A diretora de operações Stephanie Pope assumirá a função de Deal, informou a empresa.

Calhoun, executivo de longa data da Boeing, com passagens por General Electric e Blackstone Group, assumiu como CEO no início de 2020, quando a fabricante de aviões estava se recuperando de um aterramento global do 737 Max após dois acidentes. Ele está encerrando um período de quatro anos como CEO, lidando com as consequências de outra quase catástrofe com o mesmo modelo.

"Há algum tempo venho considerando, em discussão com nosso conselho de administração, o momento certo para uma transição de CEO na Boeing", disse Calhoun em uma mensagem aos funcionários. "Os olhos do mundo estão voltados para nós, e sei que sairemos desse momento como uma empresa melhor, com base em todos os aprendizados que acumulamos ao trabalharmos juntos para reconstruir a Boeing nos últimos anos."

As mudanças ocorrem em meio à crescente frustração dos clientes com Calhoun e Deal, uma vez que a crise centrada na qualidade de fabricação e na segurança da empresa não mostra sinais de recuo, quase três meses depois que um avião 737 Max 9 da Alaska Airlines voou com um buraco na porta no início de janeiro.

O incidente aumentou também a pressão sobre os diretores para que reformulassem a gerência sênior da Boeing . Os questionamentos sobre sua liderança atingiram um ponto alto na semana passada, quando os chefes das principais companhias aéreas pediram à diretoria que se reunisse diretamente, sem a presença de Calhoun.

A decisão de ignorar o CEO deu um sinal tanto para os investidores quanto para os funcionários da empresa: As companhias aéreas estavam perdendo a paciência com a cúpula da empresa.

A mudança de liderança foi finalizada durante uma sessão da diretoria no fim de semana, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que pediram para não serem identificadas.

As mudanças vinham sendo discutidas há meses em meio à crise crescente, disseram as pessoas, mas a questão foi levada ao ápice pela necessidade de emitir as projeções anuais da empresa, que já está há semanas atrasada em relação ao que é típico da Boeing.

Kellner, em particular, queria ter certeza de que a transferência das funções de presidente e CEO fosse mapeada antes da reunião anual da empresa, disse uma das pessoas.

"Embora o fato de alguém perder o emprego raramente seja algo a ser comemorado, achamos que essa é provavelmente uma medida sensata da diretoria da Boeing", disse Robert Stallard, analista da Vertical Research Partners, aos clientes hoje. "Muitos dos clientes, fornecedores e outras partes interessadas da Boeing perderam a confiança na empresa, enquanto suas relações com a FAA e o NTSB estão claramente tensas".

O ex-chefe da Qualcomm, Steve Mollenkopf, que faz parte do conselho da Boeing desde 2020, chefiará a busca por um novo CEO como diretor independente líder, disse a empresa.

Os candidatos potenciais para o cargo principal incluem Stephanie Pope, que permanece na disputa apesar de ter mudado de função na remodelação de hoje, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

Outros candidatos potenciais poderiam incluir o CEO da General Electric, Larry Culp; David Gitlin, diretor da Boeing e CEO da Carrier Global; Patrick Shanahan, CEO da Spirit AeroSystems, fornecedora da Boeing; e Greg Smith, presidente do American Airlines e ex-chefe de finanças da Boeing.

Uma auditoria abrangente da Boeing e de seus fornecedores realizada pela Administração Federal de Aviação dos EUA, o órgão regulador do país, levantou preocupações sobre a cultura de segurança da empresa, disse o principal funcionário da agência na semana passada.

As ações da Boeing fecharam em alta de 1,36% em Nova York. As ações haviam caído 28% este ano até 22 de março, apresentando o pior desempenho na Média Industrial Dow Jones.

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