Festival Acontece, realizado nos Estúdios Globo, discute desafios do audiovisual brasileiro

Evento apresentou ainda a nova campanha institucional da empresa

Por — Rio de Janeiro


Integrantes do painel “Só tem no Brasil”, realizado no Festival Acontece: Maria Beltrão, Dira Paes, Renata Andrade, Thais Pontes e Mario Teixeira Divulgação

“O que vai acontecer já está acontecendo”. Este foi o mote do Festival Acontece, em que o presente e o futuro do audiovisual nacional, focado em histórias representativas de um país com 203 milhões de pessoas, foram discutidos nesta quinta-feira nos Estúdios Globo, em Curicica, Zona Oeste do Rio. Além de bate-papos sobre inteligência artificial, formatos consagrados e experimentais e o impacto social e comercial de conteúdo, houve a apresentação, em primeira mão, da nova campanha institucional da Globo — cuja estreia oficial será nesta quinta, no intervalo do Jornal Nacional.

A campanha celebra a criatividade do audiovisual brasileiro, setor que, segundo estudo apresentado no evento por Valéria Beltrão, Gerente de Insights integrados da Globo, movimenta 3% do PIB nacional, em torno de R$ 55,8 bilhões.

— A Globo, diferentemente do que se tenta propagar, vem investindo mais em produção, em conteúdo ao longo dos últimos anos — disse Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, ressaltando o compromisso em contar “histórias brasileiras para brasileiros e para o mundo”.

O público que ocupou o estúdio transformado em auditório estavam “em uma minicidade”, na definição do diretor dos Estúdios Globo, TV Globo e Afiliadas, Amauri Soares. Por ali, passam seis mil pessoas por dia. Metade delas, ressalta Soares, é parte de empresas independentes, o que mostra, ainda de acordo com o executivo, uma relação de colaboração em expansão:

— Os estúdios Globo são uma grande aliança com criadores e o mercado independente do audiovisual — disse Soares, antes de listar algumas iniciativas com produtores autônomos para este ano, como sete filmes regionais e 450 programas com afiliadas.

Representatividade

São os Estúdios Globo que produzem os textos dos autores que estiveram no primeiro painel, “Só tem no Brasil”, com as criadoras do original Globoplay “Encantados’s”, Renata Andrade e Thais Pontes, e Mario Teixeira, autor das novelas “Mar do Sertão” e “No rancho fundo”. Esta última, inclusive, estreia na próxima segunda, na faixa das 18h. Juntamente com a atriz Dira Paes e a jornalista e apresentadora Maria Beltrão, os três roteiristas discutiram representatividade nas produções audiovisuais.

— Quando me vejo nesse lugar de contadora de história, entendo a importância de a gente ter sido telespectadora periférica que desejou muito se ver na TV e muitas vezes não se via — disse Renata, que, juntamente com Thais, criou a série sobre uma família dona de um supermercado no subúrbio do Rio que, à noite, vira quadra da escola de samba Joia do Encantado. — Quando a gente assume esse lugar, a gente fala com propriedade e sabe que tipo de histórias as pessoas como eu, negras e periféricas, querem ver. E elas precisam se ver de maneira positiva, que inspire, se orgulhem de ser quem são.

Na Globo há mais 20 anos, Mario Teixeira celebrou essa “renovação”.

— Isso nunca foi tão forte. Esse autorretrato nunca foi tão abrangente.

Painel IA e novas tecnologias: Aline Midlej, Manoela Zozimo, Fabio Mendonça, George Moura e Fernanda Jolo — Foto: Divulgação

Tecnologia no palco

Os artistas ganharam a companhia da turma da tecnologia no painel seguinte, que discutiu inteligência artificial e novas tecnologias. A jornalista Aline Midlej recebeu o diretor Fabio Mendonça, da série “Cangaço Novo” (Prime Video) e George Moura, autor de “Guerreiros do Sol”, próxima novela do Globoplay, Manoela Zozimo, coordenadora de pós-produção da Globo, e Fernanda Jolo, líder de engenharia de inteligência artificial do Google.

Houve também a participação de Ligia, um avatar criado pelo time de tecnologia da Globo, que apresentou o assunto, antes de Manoela Zozimo mostrar o trabalho de sua equipe na série “Justiça 2”, que estreou ontem no Globoplay. O ator Luciano Mallmann, que é cadeirante, teve o rosto escaneado e reproduzido por um programa que “imprimiu” a imagem no rosto de um dublê. Assim, ele pode “participar” de todas as fases da história, mostrando como novas tecnologias e a IA, por meio da deepfake, já ajudam a dramaturgia.

— Quem diz para a ferramenta o que ela faz somos nós — disse Manoela, para frisar quem manda na máquina.

Fernanda, do Google, deu exemplos de como a IA pode acelerar processos e aumentar produtividade. Um exemplo apresentado foi pesquisa de imagem:

— Em que momento de um vídeo de uma hora o ator diz tal coisa? Quantas vezes o jogador chutou a bola para a gol? Tudo isso a gente já consegue fazer.

George Moura e Fabio Mendonça contaram suas experiências criativas usando recursos disponíveis em suas áreas de texto e direção. O primeiro brincou, ao dizer que não engatou nenhum relacionamento sério (“nunca pedi para escrever uma cena, tenho fascínio e medo”, disse George), e o segundo diz usar mais no planejamento do trabalho. Mas não se furtou a pensar em mil e uma possibilidades com a plateia.

— Eu gostaria de fazer uma partida de futebol com o Bob Marley jogando — disse Fabio.

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