Atrações do Rock in Rio, Måneskin se derrete para Guns N'Roses: 'Tocávamos eles no Guitar Hero!'

Com maioria dos integrantes na casa dos 20 anos, grupo italiano celebra chance fazer shows no mesmo dia do Guns N'Roses e The Offspring no Rock in Rio 2022

Por Silvio Essinger — Rio de Janeiro


Banda de pop rock italiana Måneskin, uma das atrações do Rock in Rio nesta quinta-feira (8) Leo Martins/Agência O Globo

Talvez a maior sensação recente que o rock mundial foi capaz de produzir, o grupo italiano Måneskin chegou anteontem à noite ao Rio para o show que faz hoje no Rock in Rio (o seu primeiro no Brasil), num Palco Mundo que vai compartilhar com bandas que já faziam muito sucesso quando seus integrantes (todos na faixa dos 20 e poucos anos) nasceram: Guns N’Roses e The Offspring.

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— Vai ser louco, estamos orgulhosos e animados, o Rock in Rio era um dos festivais de que mais queríamos participar — diz a baixista Victoria de Angelis em entrevista ao GLOBO, no Copacabana Palace, ao lado do vocalista Damiano David, do guitarrista Thomas Raggi e do baterista Ethan Torchio. — É uma honra tocar antes do Guns N’Roses, somos fãs deles, crescemos ouvindo eles. É superlouco conhecer essas lendas, esses caras cujas músicas a gente tocava no Guitar Hero! Para nós o palco é o melhor momento, você pode até estar cansado, mas ele te transforma!

Grupo que amanhã leva a sua “Loud Kids Tour” para São Paulo, o Måneskin nasceu em 2016, quando Victoria, que é metade dinamarquesa, veio do nada com a palavra “måneskin”, que significa “luar”, e os seus amigos adolescentes da banda gostaram.

Eles começaram publicando música na internet, tocaram nas ruas e acabaram aparecendo em 2017, após ficarem em segundo lugar na 11ª temporada do show de talentos italiano “X Factor”. O Måneskin lançou dois álbuns de estúdio: “Il ballo della vita” (2018) e “Teatro d’ira: Vol. I” (2021). Ano passado, o mundo se abriu para eles quando levaram o troféu do Eurovision 2021 para a Itália com a música “Zitti e buoni”, que chegou ao número 22 da parada Global 200 da Billboard.

Banda de pop rock italiana Måneskin — Foto: Leo Martins/Agência O Globo

1,1 bi de execuções

Os italianos surfaram a boa onda com o single seguinte, o dançante “I wanna be your slave”, que foi ao número 13 da mesma parada. E não parou por aí. Subitamente, “Beggin’” (cover de uma canção de 1966 do grupo Frank Valli & The Four Seasons, lançada pelo Måneskin em 2017) tornou-se viral internacionalmente no TikTok, vindo a alcançar o número 3 na Global 200 e 35 na Hot 100. Hoje, ela tem 1,12 bilhão de execuções só no Spotify.

— Estaria mentindo se dissesse que o TikTok não teve nenhum papel no nosso sucesso, mas diferentes músicas viralizam toda semana. O que aconteceu, creio, é que aquela foi a nossa vez — argumenta Damiano, para quem é impossível dizer qual o segredo para um músico se dar bem no TikTok. — Acho que foi uma questão de usar as oportunidades, e vimos uma dessas ali.

Segundo ele, o Måneskin é uma banda difícil de rotular:

— Somos muito variados, temos músicas que são mais hard rock, outras que são mais no universo indie... Mas no geral acho que somos mesmo é uma banda de guitarra (guitar band).

Já Victoria diz que o Måneskin é uma banda que tenta “ser livre e tocar a música de que gosta”.

— Temos muita sorte porque podemos fazer o nosso próprio som e ser o que somos — diz ela, para quem compor em inglês “foi algo natural”. — A música que ouvíamos quando começamos era em inglês, Guns N’Roses, Led Zeppelin, Nirvana, todas essas grandes bandas. Mas aí começamos a focar no mercado italiano e tivemos que aprender a fazer canções em italiano. Foi difícil, mas melhoramos muito.

Veja fotos da banda Maneskin

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Mais que o estilo musical, chama a atenção o visual do Måneskin — um tanto setentista mas definitivamente extravagante. Cada integrante escolhe suas próprias roupas — e torce para que combine com a dos outros.

— Para a gente, não é uma questão de ter as roupas certas, mas de se vestir de uma maneira que faça você se sentir você mesmo — explica Victoria. — E, como artistas, a roupa também é um meio de expressão, algo que nos diverte.

Uma crítica ao primado do estilo sobre a substância, por sinal, eles fizeram em um de seus singles mais recentes, “Supermodel”.

— Passamos três meses em Los Angeles e encontramos um monte de gente legal na indústria musical, mas também, digamos, alguns posers, que fingem ter o estilo das celebridades. A canção é sobre essas pessoas que fingem ser supermodelos dos anos 1990 — revela Damiano.

Liberdade, liberdade

O vocalista diz achar engraçada a curiosidade geral com a vida sexual das celebridades — o Måneskin, com sua imagem andrógina e gender fluid, incluído:

— O que a gente quer mostrar é que não importa seu gênero, a sua identidade de gênero ou os seus gostos sexuais. Eles não te definem como pessoa. Claro que eles fazem parte de você, mas não devem definir o que você vai vestir, que emprego você vai ter ou quem você vai amar.

Veja as atrações do Palco Mundo do Rock in Rio desta quinta-feira (8)

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O sexo pôs, de certa forma, o Måneskin em uma polêmica no último Video Music Awards da MTV quando as câmeras evitaram revelar que um seio de Victoria ficou à mostra, por problemas com o figurino, durante a apresentação da banda.

— Achamos isso bem estúpido, não há tanta diferença assim entre corpos femininos e masculinos — defende ela. — O corpo da mulher é sempre muito sexualizado e, quando as mulheres tentam se empoderar, é sempre assustador, algo que não deve ser mostrado... Mas é só um corpo! As mulheres são julgadas de muitas maneiras, algo errado que devemos enfrentar e mudar.

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