De acordo com o filósofo e semiólogo francês Roland Barthes (1915-1980), “a moda é um mecanismo exemplar dos infinitos modos de pensar e se comportar, contagiando as pessoas pelo desejo”. A Semana de Moda de Milão, e a Louis Vuitton, em Paris, são retratos falados dessa afirmação. O mundo fragmentado se reflete nas coleções masculinas de primavera/verão 2025. “É possível identificar movimentos, mas o que vigora é a democracia de formas, estampas e materiais. O desejo coletivo segue sendo fio condutor, mas, atualmente, mais do que nunca, é possível distinguir a energia de cada grife”, analisa a pesquisadora e consultora de branding Renata Abranchs. Outro destaque é a fronteira cada vez menor entre o guarda-roupa de homens e mulheres. “As diferenças estão sendo derrubadas. Há uma tendência de as mulheres comprarem roupas, como camisas e tricôs, de coleções masculinas, devido ao preço. Por serem feitas em maior escala, podem ser até 40% mais baratas”, afirma Renata.
Entre as tendências sinalizadas estão pernas de fora em shorts e bermudas (hora de atualizar o comprimento), tons terrosos atemporais, listras em diversas leituras, gravatas em novos formatos e o jogo de opostos: vale um terno oversized, está em alta a silhueta esmirrada.
Você decide.
Da terra
Off—white, 50 tons de bege, marrons, camelo. Há uma infinidade de tons terrosos nas coleções masculinas de verão 2025 que conferem sofisticação diurna. Estão presentes em ternos típicos de verão, como os de Ralph Lauren, também em blusas que deixam a pele à mostra e calças no estilo sarouel, na passarela da Emporio Armani. “São tonalidades atemporais. Fora isso, estão em sintonia com as questões climáticas e ambientais do momento”, frisa a pesquisadora e analista de moda Paula Acioli.
Listras
Em um mundo cercado de conflitos, é preciso resgatar a leveza do ser. As listras cumprem exatamente esse papel, principalmente quando a estamparia não está tão no foco. O flerte com essa padronagem clássica, que remete ao mood balneário, tem narrativas distintas, mas dá pivô nas coleções de Dolce & Gabbana, Gucci, Prada e Ralph Lauren, entre outras. “Tem a ver com o momento da moda, em que tudo está contido”, diz a consultora de moda Paula Saady.
Amarre-se
As gravatas não são mais as mesmas, estão mais irreverentes e despojadas, sem perder a sofisticação. “É ótimo quando a moda elege um símbolo ligado à formalidade como tendência. Os desfiles de verão 2025 liberaram o uso das gravatas de maneiras divertidas”, diz o stylist e consultor Rogério S.
Jogo dos opostos
Silhuetas diversas estão em cena. “Ternos amplos, como os da Emporio Armani, já estão em alta há um tempo. Agora, a Prada apresentou essa silhueta slim, esmirrada, que tem a ver com os anos 1990, que, por sua vez, faz alusão à década de 1970. É o eterno looping da moda”, diz o stylist Rogério S.
Pernas de fora
Shorts e bermudas estão presentes em muitas coleções. “Como Gucci, Fendi, Dolce & Gabbana e Ralph Lauren”, enumera o especialista em branding de moda Fábio Monnerat. “Aparecem misturados a camisetas e costumes. Deveria virar roupa de trabalho no Brasil.”