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GERADO EM: 28/06/2024 - 05:04

Fraude nas Americanas: Provas e Acusações

Investigação da Polícia Federal revela provas de fraude nas Americanas, incluindo documentos, e-mails e conversas interceptadas. Ex-executivos são acusados de manipular resultados financeiros, falsificar documentos e pressionar por mudanças nos números divulgados ao mercado.

A operação da Polícia Federal desta quinta-feira que mirou ex-executivos da Americanas e pediu a prisão do ex-CEO da empresa, Miguel Gutierrez, e da ex-diretora Anna Christina Saicali, foi baseada em provas que incluem e-mails, mensagens de WhatsApp, planilhas e outros arquivos obtidos ao longo das investigações. Parte delas foi obtida a partir da colaboração premiada de diretores da empresa.

Os elementos citados no relatório da Operação Disclosure, em parceria com o Ministério Público Federal, são fruto da análise de 59 HDs externos, notebooks, pendrives e celulares corporativos. As informações obtidas pelos investigadores foram extraídos a partir de quebras de sigilos telemáticos e de dados.

Em nota, a empresa disse que "reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes".

"A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos", completa a nota.

Por meio de nota, a defesa de Miguel Gutierrez disse que não teve acesso aos autos das medidas cautelares deferidas nesta quinta-feira e por isso não vai comentar.

"Miguel reitera que jamais participou ou teve conhecimento de qualquer fraude e que vem colaborando com as autoridades, prestando os esclarecimentos devidos nos foros próprios", informou.

Pendrives 'para se resguardar'

Ao longo das investigações, o MPF analisou centenas de páginas de mensagens trocadas pelos suspeitos por Whatsapp. A apuração mostra que a maior parte dos documentos não era enviada para Miguel Gutierrez, ex CEO da empresa, por e-mail.

“Para se resguardar, o CEO pedia que as informações fossem gravadas em pen drive e entregues fisicamente”, informou o MPF.

E-mail que consta na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução
E-mail que consta na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução

Empresas diferentes, assinaturas idênticas

Diálogos entre duas diretoras da empresas indicam, segundo o MPF, a falsificação de cartas VPC (de verba de propaganda cooperada), documentos de reconhecimento de crédito que fornecedores emitem em favor de varejistas em razão de ações de marketing.

Pelo WhatsApp, a então diretora de controladoria, Flavia Carneiro, questiona o fato de documentos de empresas diferentes terem assinaturas idênticas. Carneiro firmou um acordo de colaboração premiada com os investigadores.

Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução
Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução

Frete 'reduzido' em R$ 10 milhões

Despesas com com frete de mercadoria que superassem um limite estabelecido em orçamento eram mensalmente reclassificadas para uma despesa de investimento, segundo o MPF. E-mails obtidos pela investigação mostram diálogo de ex-diretores da empresa alterando despesa com frete que seria declarada, reduzindo em mais de R$ 10 milhões.

E-mails que constam na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução
E-mails que constam na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução

Prejuízo de R$ 46,9 milhões vira lucro de R$ 18,3 milhões

No que os colaboradores chamavam de “fechamento de resultados”, as empresas do grupo elaboravam "kits de fechamento", com planilhas e apresentações mostrando os números contábeis reais das companhias.

“Os investigados produziam novas versões do resultado, desta vez com a inserção de informações falsas, para aproximar o resultado que seria divulgado ao mercado do valor estabelecido no orçamento”, informou o MPF.

O trecho abaixo citado na investigação mostra que em agosto de 2019 um prejuízo de R$ 46,9 milhões foi transformado em lucro líquido de R$ 18,3 milhões, segundo o MPF.

Tabela que consta na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução
Tabela que consta na investigação do MPF sobre o caso da Americanas — Foto: Reprodução

Kit fechamento

A investigação afirma que o ex-CEO das Americanas Miguel Gutierrez “participava das fraudes desde o seu planejamento até a publicação dos resultados, acompanhando os trabalhos através do ‘kit fechamento’”. O MPF destaca uma troca de e-mail com Flávia Carneiro.

E-mails que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução
E-mails que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução

Contas 'esticadas'

Outro elemento que o MPF aponta como importante é uma conversa de WhatsApp entre diretores da empresa. No diálogo, Marcelo Barros “reproduz a foto de uma demonstração financeira e pergunta qual a diferença entre as duas colunas de novembro”.

José Timotheo de Barros, então, responde: “A cinza é a vida como ele é. A branca com todas as esticadas”. A coluna apontada como verdadeira tem números menores que a “esticada”.

A defesa de Timotheo de Barros disse que a operação de busca e apreensão da PF em sua residência é "desnecessária". "Desde o início das apurações, documentos, informações econômicas e dados telemáticos foram colocados à disposição para a apuração do caso", diz a nota.

Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução
Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução

Cuidado para não 'chamar a atenção da auditoria'

Outra conversa interceptada mostra, segundo o MPF, um ex-diretor-executivo sugerindo que não fosse divulgado ao mercado que o lucro registrado pela empresa se deu em razão de uma compensação no ICMS, “atitude com a qual Flávia Carneiro concordou, a fim de aparentar uma atividade operacional mais robusta da empresa”.

Alguns dias depois, Flávia discutiu com este então diretor como alterar despesas ‘entre linhas’. Ou seja, como alterar a realidade das despesas, mudando a sua natureza, para que o mercado recebesse melhor o resultado. “Ela discute (...), por exemplo, a impossibilidade de a fraude se concentrar nas despesas com aluguel, pois isso chamaria a atenção da auditoria”, afirma o MPF.

Mensagens obtidas pela investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução
Mensagens obtidas pela investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução

Números adulterados para ficarem próximos às projeções do mercado

A investigação mostra que havia um arquivo que “trazia comparativos dos números prévios de resultado e as expectativas do mercado em algumas rubricas de maior foco no balanço das companhias, como a receita bruta, margem bruta” e lucro líquido. Uma tabela destacada pela investigação mostra informações de instituições de análise, como BTG Pactual e Morgan Stanley.

“Em vermelho, eram destacados os resultados que estavam abaixo das expectativas do mercado. E, em verde, aqueles que estavam condizentes ou as superavam. Com os comparativos em mãos, os gestores pressionavam pela adulteração dos números que seriam divulgados ao mercado, aproximando-os da expectativa deste. Os colaboradores afirmaram em sua petição que, a pedido dos gestores, os números reais eram artificialmente incrementados, não apenas para ficarem próximos ao orçado internamente, mas também condizentes com as previsões do mercado”, informou o MPF.

Tabela que consta na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução
Tabela que consta na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução

Como 'lidar com a fraude na transição'

O MPF recuperou uma série de mensagens trocadas por executivos da empresa que embasaram suspeitas de fraude contábil. Em um dos diálogos capturados, então diretores da empresa discutem, segundo os investigadores, um plano de ação para “lidar com a fraude na transição”. De acordo com o MPF, o diálogo deixa evidente que o “rombo bilionário nas contas da empresa foi omitido do mercado”.

Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução
Mensagens de Whatsapp que constam na investigação do MPF do caso da Americanas — Foto: Reprodução

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