As críticas sobre uma possível atuação política do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, feitas pelo presidente Lula, mostram que ele e seu partido, o PT, não reconhecem a autonomia do BC e têm uma “visão primitiva” sobre a autoridade monetária, afirma o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
Como o senhor avalia as declarações do presidente Lula de que Campos Neto tem uma atuação política?
Lula e o PT têm uma visão distorcida do BC. Não reconhecem sua autonomia e acham que a autoridade monetária tem que ter uma postura desenvolvimentista. Ou seja, de que o crescimento do país se faz com juro baixo. É uma visão primitiva.
Quais as consequências desse tipo de declaração às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária que decidirá a taxa de juros?
Isso gera mais incerteza. O encontro desta quarta-feira seria uma forma de dissipar incertezas da reunião passada, quando quatro diretores do BC indicados pelo PT votaram por uma queda de juros maior (de 0,5 ponto percentual e não 0,25).
Nova composição: Presidente e diretores do Banco Central
![Roberno Campos Neto, presidente do Banco Central — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/qJfwkzrSB6zH5ZHhajfadn2V0RI=/0x0:799x523/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/5/LUA3gNQcA0LBMZuDzwXw/raphael-ribeiro.jpg)
![Roberno Campos Neto, presidente do Banco Central — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/_Yze9bgD4OqW0PAAq72rhceqz2M=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/5/LUA3gNQcA0LBMZuDzwXw/raphael-ribeiro.jpg)
Roberno Campos Neto, presidente do Banco Central — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
![Gabriel Muricca Galípolo - Diretor de Política Monetária — Foto: Pedro França/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/OBLOCk_k3tRNmwMoNU1Hf_iiLbo=/0x0:799x533/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/o/s/ZuErAPT4aIbGuTbUNRxw/53022363349-cca73851a0-c-1-.jpg)
![Gabriel Muricca Galípolo - Diretor de Política Monetária — Foto: Pedro França/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/gui7exO6PSl7m-qlQ_nqCZPbG_U=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/o/s/ZuErAPT4aIbGuTbUNRxw/53022363349-cca73851a0-c-1-.jpg)
Gabriel Muricca Galípolo - Diretor de Política Monetária — Foto: Pedro França/Agência Senado
Publicidade
![Ailton Aquino dos Santos - Diretor de Fiscalização — Foto: Pedro França/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/xCsp0sfDNhTDbZ27ginQviwcCCw=/0x0:799x533/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/W/ZGsnccTXu2u9XUSlaPbA/53022382011-aa7bc23d68-c.jpg)
![Ailton Aquino dos Santos - Diretor de Fiscalização — Foto: Pedro França/Agência Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Ij7I51Gmy_YxkSXT1NNym37_tDA=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/a/W/ZGsnccTXu2u9XUSlaPbA/53022382011-aa7bc23d68-c.jpg)
Ailton Aquino dos Santos - Diretor de Fiscalização — Foto: Pedro França/Agência Senado
![Carolina Barros, diretora de Administração — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/fAp769EuGmwg7lezp9hp2mJZcjU=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/I/U/EyRaQaSOCsUf9A5NlgDw/diretora-de-administracao-carolina-barros.jpg)
Carolina Barros, diretora de Administração — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Publicidade
![Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/SXOdD7veQ099ZyZhrAWxUSFhfqo=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/A/K/c11fmHQOyzZURc61mUPA/diretor-de-politica-economica-diogo-abry-guillen.jpg)
Diogo Abry Guillen, diretor de Política Econômica — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
![Maurício Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/LhV7kr83n_UlSYxcf5TYxLdNODs=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/q/R/hpZtukTUGHrfxSJU62KA/mauricio-moura-diretor-de-relacionamento-cidadania-e-supervisao-de-conduta.jpg)
Maurício Moura, diretor de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Publicidade
![Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução — Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/oOKm4-wgbhiyNRuq9ln1Mw9-5Xs=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/L/Y/buuK3KSsSShW1mNXtyBQ/renato-foto-alessandro-dantas.jpg)
Renato Dias de Brito Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução — Foto: Alessandro Dantas/PT no Senado
![Otávio Damasco, diretor de Regulação — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ETCOCP2MpFbX4zOBpbvZ2EmSYaE=/799x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/S/7/s2mpC2RP2hPb2aTE0t7Q/otavio-damasco-diretor-de-regulacao.jpg)
Otávio Damasco, diretor de Regulação — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Publicidade
![Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos — Foto: Raphael Ribeiro/BCB](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/kz6LFrTe85k-vwnEOeAPu3q2LOA=/602x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/Q/I/0yrMFTRoiXo7rhHozPDA/e62a7332-4b42-4329-80eb-22dc4f9d5be4.jpg)
Fernanda Guardado, diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos — Foto: Raphael Ribeiro/BCB
Ninguém no mercado aposta que há espaço para queda de juros, e a Selic deve ser mantida em 10,5%. Isso deveria ser unanimidade na reunião. O presidente não deveria fazer esse tipo de declaração na véspera do Copom.
O que pode ter motivado essa fala mais contundente?
É um discurso político. Acho que o Roberto Campos errou ao aceitar ir ao jantar oferecido pelo governador Tarcísio de Freitas, que é bolsonarista declarado. E também errou se ele disse que aceitava ser o futuro ministro da Fazenda numa eventual vitória de Tarcísio à presidência.
Isso dá margem aos opositores de que o presidente do BC tem ‘lado político’. Ele precisa ser neutro, pode até ter um partido como tem o presidente do BC nos EUA, mas não pode misturar as coisas.
Qual a sua avaliação da política monetária atual?
É um sucesso inequívoco. O BC subiu o juro aqui antes dos demais BCs pelo mundo. E a inflação acabou sendo controlada. E é uma tolice dizer que o Roberto Campos trabalha contra o Brasil. Por isso digo que o discurso de Lula é político, e o presidente do BC é apenas um bode expiatório, mas errado. O Brasil precisa enfrentar a questão fiscal, que está inibindo o potencial de crescimento do país.
A questão fiscal é o principal problema atual do governo?
Lula se deu conta da insustentabilidade de gerir o Orçamento. Ao dizer que não está disposto a cortar gastos, aprofunda o desconforto do mercado.