O European Union Deforestation Act (EUDR), que vai barrar produtos importados originados de áreas que foram desmatadas a partir de 2020, é uma das mais de 50 regras que fazem parte do Green Deal, projeto aprovado pelo Parlamento Europeu em 2019 e que tem por objetivo atingir as metas do Acordo de Paris.
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Pelo acordo, a União Europeia tem a meta de reduzir as emissões de CO2 em 55% em relação aos níveis de 1990 até 2030 e alcançar a neutralidade de carbono até 2050. Exigir que importadores não comprem produtos de áreas desmatadas é uma forma de evitar a degradação florestal e, assim, novas emissões de CO2 em queimadas.
O EUDR vai valer a partir de 1º de janeiro de 2025. Para que seja implementado, os exportadores terão de rastrear seus produtos para provar a quem os compra que eles não tem qualquer parte vinda de áreas desmatadas, ilegal ou legalmente.
O primeiro efeito que a lei terá será sobre o preço, avaliam os setores afetados no Brasil. Para adotar um moderno sistema de rastreabilidade, muitas empresas e produtores verão seus custos se elevarem.
Desmatamento na Amazônia
![Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/sBp6Bbn1Xtplcr7aiBGVVidGDvE=/0x0:1265x760/648x248/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/x/A90ggTT06iU87mb6agbA/95126217-brazilian-institute-for-the-environment-and-renewable-natural-resources-ibama-fire-brigade.jpg)
![Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/cW_kJlLbOq6DV_UqylYEf-QbkYg=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/x/A90ggTT06iU87mb6agbA/95126217-brazilian-institute-for-the-environment-and-renewable-natural-resources-ibama-fire-brigade.jpg)
Membros da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tentam controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
![Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em um terreno desmatado da floresta amazônica brasileira, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/uaiter38X8dyQQ8zNKVWLHb4ZXw=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/2/H46RheRjO8gpNo2U0MeQ/95110771-a-brazilian-institute-for-the-environment-and-renewable-natural-resources-ibama-fire-brigad.jpg)
![Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em um terreno desmatado da floresta amazônica brasileira, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/QLeMKC4z4OMsIwGpLgF9Sg3PM2w=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/B/2/H46RheRjO8gpNo2U0MeQ/95110771-a-brazilian-institute-for-the-environment-and-renewable-natural-resources-ibama-fire-brigad.jpg)
Membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em um terreno desmatado da floresta amazônica brasileira, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
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![Inpe detectou em Rondônia aumento de 47% nos focos de queimada de 1º de janeiro a 24 de agosto em comparação a igual período de 2020 — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/fAP9Coi-qB5rdljNI_1E43xZL6E=/0x0:1265x760/323x182/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/c/n/hp0LYNRaSqy59qIqOhQQ/95307309-porto-velhoro17-09-2021-desmatamento-e-queimadas-na-floresta-amazonica-.foto-edilson.jpg)
![Inpe detectou em Rondônia aumento de 47% nos focos de queimada de 1º de janeiro a 24 de agosto em comparação a igual período de 2020 — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/cIvcF5XkFO5-5aRD_8XB1ImAEV4=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/c/n/hp0LYNRaSqy59qIqOhQQ/95307309-porto-velhoro17-09-2021-desmatamento-e-queimadas-na-floresta-amazonica-.foto-edilson.jpg)
Inpe detectou em Rondônia aumento de 47% nos focos de queimada de 1º de janeiro a 24 de agosto em comparação a igual período de 2020 — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
![Uma vaca é vista em meio à fumaça de uma área em chamas na selva amazônica, enquanto é desmatada por madeireiros e agricultores em Apui, estado do Amazonas, Brasil, 3 de setembro de 2019 — Foto: Bruno Kelly / Reuters](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/yecE6yBEW79Cswg_xFljplDTmlA=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/0/Z/CUOL08R1ApJSGYw6w6CA/84396528-a-cow-is-seen-amid-smoke-from-a-burning-tract-of-the-amazon-jungle-as-it-is-cleared-by-logg.jpg)
Uma vaca é vista em meio à fumaça de uma área em chamas na selva amazônica, enquanto é desmatada por madeireiros e agricultores em Apui, estado do Amazonas, Brasil, 3 de setembro de 2019 — Foto: Bruno Kelly / Reuters
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![Em julho do ano passado, o estado de Rondônia registrou 836 focos de queimadas e incêndios, praticamente o dobro do registrado no mesmo mês de 2020 (428 focos) — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/ovCxr-ZxUwuWOJz2E0sbuAuqKw8=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/2/o/odt29ASDmJhJsAYbMV4w/95305852-porto-velhoro17-09-2021-desmatamento-e-queimadas-na-floresta-amazonica-.foto-edilson.jpg)
Em julho do ano passado, o estado de Rondônia registrou 836 focos de queimadas e incêndios, praticamente o dobro do registrado no mesmo mês de 2020 (428 focos) — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
![Floresta Nacional de Jacundá em Rondônia, próximo a Porto Velho, tem um assentamento em crescimento. Na foto: Eles colocam fogo para abrir espaço para as casas e local para agricultura — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/Ro43xotKu4hdojhpi-gdcbDY7TE=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/g/S/BKJv3mRZqc80e2miPMrQ/93181613-paporto-velho-ro-02-06-2021-especial-amazoniaassentamento-da-flona-jacundaflorest.jpg)
Floresta Nacional de Jacundá em Rondônia, próximo a Porto Velho, tem um assentamento em crescimento. Na foto: Eles colocam fogo para abrir espaço para as casas e local para agricultura — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
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![Rondônia captou mais de 1,2 mil focos, de acordo com dados coletados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/rsNMntsZxqP_iKY0rsDZ5TUS4X8=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/a/2/iiONHMTj2h1jCScnJGKw/95328625-porto-velho-ro-17-09-2021desmatamento-e-queimadas-na-floresta-amazonica.-foto-edilson-da.jpg)
Rondônia captou mais de 1,2 mil focos, de acordo com dados coletados pelo satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
![Um membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/1T1HmjJZOs1gCeWpq_Z0pcpz-4c=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/f/D/DAeu1VTo2Zxo0QBRBblQ/95126221-a-brazilian-institute-for-the-environment-and-renewable-natural-resources-ibama-fire-brigad.jpg)
Um membro da brigada de incêndio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) tenta controlar pontos quentes durante um incêndio na floresta amazônica do Brasil, em Apui, estado do Amazonas — Foto: BRUNO KELLY / REUTERS
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![Ambientalistas, pesquisadores, indigenistas e indígenas se dizem preocupados com impactos das queimadas e dos incêndios no território, reduzindo a floresta, afetando a fauna e a saúde de habitantes do estado de Rondônia — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/eul0Xs7dWJOKIuxxBjE1a61Uvcg=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/K/o/ayWIDBTyGK5YjENjpHaw/95306334-porto-velhoro17-09-2021-desmatamento-e-queimadas-na-floresta-amazonica-.foto-edilson.jpg)
Ambientalistas, pesquisadores, indigenistas e indígenas se dizem preocupados com impactos das queimadas e dos incêndios no território, reduzindo a floresta, afetando a fauna e a saúde de habitantes do estado de Rondônia — Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo
![O Pará é o estado que mais desmata, sendo responsável por 60% de todo desmatamento segundo o INPE. As madeireiras, serrarias ilegais e o transporte de toras no horário do início da noite continuam sem a menor fiscalização — Foto: Raimundo Paccó / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/BcDUY1FxavO0CAweyNf7JMm9H24=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/E/T/1BusfeSU2O3pcKNO1Rew/96150228-vazio-pa-11112021desmatamento-na-amazonianovo-progressoo-principal-evento-sobre-o.jpg)
O Pará é o estado que mais desmata, sendo responsável por 60% de todo desmatamento segundo o INPE. As madeireiras, serrarias ilegais e o transporte de toras no horário do início da noite continuam sem a menor fiscalização — Foto: Raimundo Paccó / Agência O Globo
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![Transporte ilegal de madeira no estado do Pará acontece nas regiões de Castelo dos Sonhos, Novo Progresso, Trairão, Rurópolis, nas BRs-230 e 163, a Transamazônica — Foto: FramePhoto / Agência O Globo](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/UdEL5lMzl9tfIXtJlhk5Wp895zE=/1265x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2022/G/6/lt80U0RziwMYJp43ZyHw/96150224-vazio-pa-11112021desmatamento-na-amazonianovo-progressoo-principal-evento-sobre-o.jpg)
Transporte ilegal de madeira no estado do Pará acontece nas regiões de Castelo dos Sonhos, Novo Progresso, Trairão, Rurópolis, nas BRs-230 e 163, a Transamazônica — Foto: FramePhoto / Agência O Globo
A lei abarca sete categorias de produtos, que representam 30% do total exportado pelo Brasil para a UE.
A Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) defende o questionamento da legalidade da medida. A entidade afirma estar preocupada com um possível impacto negativo da legislação para a imagem do agro brasileiro e nas vendas para outros mercados.
— O mercado brasileiro está preocupado com a lei, porque pode fechar portas para os produtos do agro — disse Sueme Mori, diretora de Relações Internacionais da CNA.
Veja abaixo como esses setores serão afetados e como estão se preparando para a nova legislação:
Papel e celulose
![Exportações de papel e celulose são 100% certificadas — Foto: Dado Galdieri/Bloomberg](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/_FCuXEEcvpd34WNW5sFWL9XCYYQ=/0x7:903x500/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2023/m/1/yhp01STHAQWUBf5hzU8w/plantacao-de-eucalipto-dado-galdieri-bloomberg.jpg)
O Brasil é o maior exportador mundial de celulose, e cerca de 22% são exportados para a UE. De acordo com a Indústria Brasileia de Árvores, 100% do volume exportado têm certificação de que não houve desmatamento desde 1994, ano usado como parâmetro pela certificadora internacional. A rastreabilidade, portanto, não é um gargalo, na visão das empresas.
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Da mesma forma que a UE é um importante mercado para a indústria de papel e celulose brasileira, alguns países europeus têm elevado nível de dependência do fornecimento da matéria-prima brasileira. Caso da Itália, que usa a celulose importada do Brasil para a produção local de itens como guardanapo, papel toalha e papel higiênico.
Segundo José Carlos Fonseca Jr., diretor de Relações Governamentais da Ibá e presidente da Associação Brasileira de Embalagens em Papel (Empapel), não há fornecedor no mundo que possa substituir o Brasil no caso italiano. Seria uma disrupção na cadeia produtiva, diz.
Madeira
Paulo Pupo , superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), disse que o Brasil é um importante player no suprimento mundial de madeira e exporta para todos os continentes em vários segmentos de produtos madeireiros como, por exemplo, compensados, madeira serrada, molduras, pisos, portas, entre outros.
Há décadas esse cenário não é diferente com o mercado europeu, um dos destinos mais constantes de nossas exportações.
— O setor atende de forma plena e constante o cumprimento das exigências atuais de mercado, tanto nas que se referem à origem legal de nossos produtos, quanto naquelas relacionadas aos requisitos técnicos e de desempenho dos produtos. Porém, as condições impostas são particularmente desafiadoras e de difícil atendimento dentro do prazo estabelecido pela Comissão Europeia — afirmou.
Carne
![Fazenda de gado no Pantana: Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo — Foto: Foto de Márcia Foletto/8-9-2022](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/YFTogZjIgK1eq7Sddb2xc_ITEpk=/0x0:1000x563/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/q/R/QdNp1lQXqBABTXLbhlqQ/100433350-brasil-corumba-ms-08-09-2022-exclusivo-especial-pantanal-alternativas-para-um-de.jpg)
Diretor de Sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Fernando Sampaio disse que a entidade tem um parecer que mostra que a legislação viola princípios da OMC. Por isso, o setor entende que o governo brasileiro deve continuar contestando a medida.
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— Já fazemos controle de desmatamento, na Amazônia principalmente, desde 2009. Não é uma dificuldade atender a legislação europeia, mas pedimos uma transição entre a rastreabilidade [o bovino é acompanhado desde o nascimento até a chegada à mesa do consumidor] parcial e total — afirmou.
Café
![Lavoura de café: plataforma reúne 94% das exportações para a UE — Foto: Patricia Monteiro/Bloomberg](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/SpMbhPSzhoWyPsD6k8BljI13ALw=/0x0:3998x2667/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/C/L/pqp3TYSZSbfRjtLb7ccg/372218110.jpg)
O café é um dos setores mais expostos à nova lei da UE. Do total exportado pelo Brasil entre janeiro e abril deste ano, 48% foram para o bloco, considerando o café em grão e o solúvel, de acordo com Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A plantação de café é feita em sua maioria em áreas de antigas pastagens – que não foram desmatadas recentemente – ou se trata de vegetação nativa. A dificuldade está em provar que o produto não vem do desmatamento, já que quase 80% dos 265 mil produtores são da agricultura familiar.
Por isso, o Cecafé criou, em parceria com a Serasa Experian, a plataforma Cafés do Brasil, em fase de testes. Nela, há dados de sensoreamento remoto, geolocalização dos produtores, lista suja de trabalho escravo, entre outros. Já estão na plataforma produtores que representa 94% das exportações para a UE.
Cacau
![Plantação de cacau em Eunápolis, na Bahia: setor é importador de amêndoas de cacau e, por isso, praticamente não serão afetado pela lei da UE — Foto: Dado Galdieri/Bloomberg](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/EoZWqQ12nfx6K7ykLBgdaTXUYMc=/0x0:6000x3999/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/k/I/8N7hxfReipLDio91S7Tw/409920054.jpg)
Dos segmentos abarcados pela legislação é o que menos será afetado. Hoje, o Brasil praticamente não exporta amêndoas de cacau, e os embarques de derivados têm como destino principalmente a América do Sul, EUA e Canadá.
O setor não tem um sistema de rastreabilidade unificado, e os produtores reconhecem que isso será um desafio quando voltarem a exportar com força, pois mais de 70% dos agricultores são de pequeno porte, segundo Guilherme Moura, diretor da Federação de Agricultura da Bahia, um dos principais estados produtores.
O Brasil já chegou a ser o segundo maior exportador do mundo de sementes de cacau, mas se tornou importador nos anos 1990.
![Seringal, de onde vem a matéria-prima para borracha: lei da UE vai exigir rastreabilidade — Foto: Bloomberg](https://cdn.statically.io/img/s2-oglobo.glbimg.com/7RuQIKEzrjodUdqW8vKvJWaYphI=/0x0:2200x1466/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2024/F/e/fV6KJmRA6KqMVuNNl2gg/401681713-1-.jpg)
Borracha
Diogo Esperante, diretor executivo da Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha, disse que, em princípio, o regulamento não afeta os produtores brasileiros diretamente. Isto porque o setor não é exportador.
—Toda a produção nacional é consumida aqui. Contudo, devido ao fato de as empresas consumidoras de borracha no Brasil serem, em sua maioria, multinacionais, elas já estão aplicando os padrões exigidos pela legislação aqui no país. Isso não está sendo visto como um problema, pois todos os seringais já possuem geolocalização referenciada — disse Esperante, destacando que as atividades não estão em mata nativa.