Finanças
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Por — Brasília

O Banco Central cortou hoje a taxa básica de juros (Selic) em meio ponto percentual. Com o anúncio na noite desta quarta-feira, a taxa básica de juros no país recuou de 12,25% para 11,75%. Esse é o menor patamar desde março de 2022. Foi a quarta redução consecutiva dos juros, que começou a cair do nível de 13,75% ao ano partir da reunião de agosto.

A surpresa do comunicado foi a informação de que o ritmo de meio ponto será mantido nas "próximas reuniões", o que incluirá, pelo menos, os encontros de janeiro e março. O Comitê de Política Monetária (Copom), formado pelos diretores do BC, se reúne a cada 45 dias. A reunião iniciada ontem e encerrada hoje foi a última de 2023.

"Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário", disse o BC.

Segundo o Banco Central, houve uma melhora no cenário para a inflação no mundo, que se mostrou "menos adverso" do que na última reunião. Além disso, no Brasil, a economia perdeu força e a inflação também está desacelerando.

"A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, com destaque para as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes", disse o Copom.

Decisão já esperada

Para o economista Marcelo Fonseca, da Reag Investimentos, o BC afirmou que o processo de queda da inflação atual é mais lento, o que fez com que o ritmo de meio ponto fosse mantido. Além disso, ele entende que o risco fiscal continua pesando sobre as decisões de política monetária.

-- Minha avaliação é que, apesar de o BC não mencionar explicitamente, a incerteza fiscal tem sido preponderante para o Copom manter o tom de cautela, apesar da melhora da inflação -- disse.

Economista vê queda de 0,75 ponto em março

Segundo o economista-chefe do Banco UBS/BB, Alexandre Ázara, apesar de o plano de voo do BC ser por dois cortes de meio ponto, em janeiro e março, o cenário externo ficará -- pela sua projeção -- melhor que o esperado pelo Copom. Com isso, ele entende que a Selic vai cair em 0,75 ponto percentual em março.

-- Se tudo acontecer como prevê o BC brasileiro, cairá 0,5 ponto. Mas nosso cenário é de que o Fed vai cortar os juros em março, já indicando em janeiro, e que a inflação ficará mais baixa no Brasil. Com isso, acreditamos que o Copom vai acelerar os cortes em março para 0,75 ponto - afirmou.

Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, entende que o comunicado do BC foi mais "suave", mas ainda dentro do previsto pelo mercado. Ela aposta na manutenção do ritmo de cortes em meio ponto por todo o primeiro semestre de 2024. Uma eventual aceleração, diz, teria que ser indicada antes pelo próprio banco.

-- Esperamos que o Copom continue cortando a taxa Selic de 50 em 50 bps ao longo de parte do primeiro semestre de 2024 e entendemos que, qualquer mudança no ritmo, será antecipada pelo próprio comitê -- afirmou

Conjuntura favorável à queda dos juros

A política monetária vem refletindo a queda da inflação medida pelo IBGE, mas também a redução das expectativas, medidas pelo Boletim Focus. No cenário internacional, também há uma conjuntura de queda sincronizada da inflação nas principais economias.

Um fator decisivo para o início do ciclo de cortes foi a manutenção da meta de inflação de 2026, em 3%, em junho deste ano. Sem essa incerteza, o BC começou a cortar a taxa na reunião seguinte.

Mercado vê Selic em um dígito no fim de 2024

Essa foi a última reunião do Copom em 2023. O comitê se reúne a cada 45 para decidir o rumo da taxa básica da economia. Pelas projeções do Boletim Focus, a Selic teve terminar o ano de 2024 em 9,25%.

Nesta terça-feira, o IBGE divulgou o IPCA de novembro, que ficou em 0,28%, abaixo dos 0,41% do mesmo mês do ano passado. Com isso, a taxa acumulada em 12 meses caiu de 4,82% para com 4,68%, já dentro do intervalo de tolerância da meta.

Das 16 capitais pesquisadas pelo IBGE, metade já está com a inflação da meta: Rio de Janeiro (3,97%), Campo Grande (4,71%), Goiânia (3,94%), Fortaleza (4,64%), Curitiba (4,69%), Salvador (4,01%), Recife (3,86%) e São Luís (2,28%).

Desde o início do ano, a expectativa de inflação para 2023 caiu de 5,3% para 4,5%, ou seja, passou a ficar dentro da margem de tolerância da meta, que é de 3,25% com 1,5 ponto percentual de margem, para cima ou para baixo. Para 2024, houve ligeira piora, de 3,62% para 3,92%, também dentro da meta, e para os anos seguintes a projeção está "ancorada" em 3,5%, para um centro de meta de 3%.

Governo quer mais

A queda em doses de meio ponto vem sendo alvo de críticas do governo. No sábado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que as medidas apresentadas ao Congresso para o ajuste fiscal e correções tributárias, aliadas à promulgação da Reforma Tributária sobre o consumo, criam um ambiente para “exigir” o corte da taxa básica de juros.

Nesta terça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou um movimento de pressão ao chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, para a aceleração da queda da taxa básica de juros.

— Nós temos que mexer com o coração do presidente do Banco Central, ‘reduz um pouco o juro, que as pessoas estão querendo tomar dinheiro emprestado’. Os governadores podem ajudar, fazer pressão — disse, em cerimônia sobre o financiamento dos Bancos Públicos para investimentos nos estados.

Haddad, por sua vez, falou em "gordura" para cortar juros.

— A taxa de juros começou a cair poucos meses atrás e ainda temos gordura na política monetária e nossa taxa real está muito distante do segundo colocado (no mundo) — afirmou o ministro.

Sempre que questionado publicamente, Haddad nega cravar um número considerado ideal pela Fazenda, mas dá indicações. Também neste sábado, ele criticou, por exemplo, o fato de a Selic terminar o ano em 11,75%, quando a inflação está próxima de 4%.

Na última ata do Copom, que detalha a decisão sobre juro, os oito diretores e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, havia sinalido cortes de 0,50 ponto percentual "nas próximas reuniões". Eles também avaliavam que esse "ritmo (é) apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário".

A taxa básica ficou estacionada em 13,75% de agosto de 2022 a agosto de 2023.

BC americano ajuda

Também nesta quarta-feira o Banco Central americano, Fed, manteve a taxa de juros inalterada, no intervalo entre 5% e 5,25%. O comunicado do banco foi considerado mais "leve" do que o previsto o mercado, o que ajudará a condução da política monetária no Brasil.

Quanto mais cedo os juros caírem mais lá, mais confortável fica o BC brasileiro a cortar a Selic aqui. Isso por causa do chamado "diferencial de juros". Se a taxa por aqui fica muito mais alta do que a dos EUA, dólares vêm para o Brasil em busca de rentabilidade, o que fortalece o real e ajuda no combate à inflação.

Segundo o economista-chefe do G5 Partners, Luis Otávio Leal, o Fed reduziu as projeções de inflação de 5,1% para 4,6%, em 2024, de 3,9% para 3,6% em 2025, permanecendo em 2,9%. em 2026.

"Apesar de não ser uma surpresa a manutenção dos juros, podemos dizer que o resultado do FOMC foi surpreendentemente dovish. A percepção do FED, tanto com relação ao crescimento, quanto com a inflação foi mais benigna", disse Leal em uma rede social.

Essa visão pode ajudar o BC brasileiro a acelerar os cortes de juros, segundo ele.

"Os mercados responderam a contento a esse novo cenário dos juros nos EUA que pode deixar o BCB mais a vontade para deixar a porta aberta para uma aceleração do ritmo de cortes dos juros", afirmou.

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