Cultura
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Por AFP

A historiadora de arte e especialista em inteligência artificial (IA) Emily L. Spratt diz que as novas ferramentas de imagem que usam inteligência artificial estão mais próximas do entretenimento do que da arte.

Ferramentas como Dall-E, Midjourney e Stable Diffusion conquistaram o mundo da arte com sua capacidade quase instantânea de transformar palavras em imagens.

Basta digitar ou dizer algo como "Brad Pitt em uma canoa estilo Mondrian no espaço" para obter uma imagem colorida do ator remando entre as estrelas em segundos.

Integração inevitável

Apesar das empresas de tecnologia apresentarem suas ferramentas como um meio de liberar a arte, essa ideia de “democratização” é “muito simplista” e “ingênua”, segundo Spratt.

Tais ferramentas são sobretudo “uma forma de promover a utilização das grandes plataformas de internet, o que obviamente beneficia estas empresas”, explica.

Spratt acredita que a fronteira entre inteligência artificial e outras tecnologias está se atenuando, referindo-se aos já amplamente utilizados programas de manipulação de imagens.

— Acho que no futuro a inteligência artificial integrará a arquitetura já existente da imagem digital. Será difícil evitar porque se infiltra em todas as nossas interações digitais, muitas vezes sem que saibamos, especialmente quando criamos, editamos ou pesquisamos imagens — acrescenta.

É possível criar obras-primas?

Além de simples ferramentas da internet, muitos artistas trabalham com seus próprios algoritmos e seus próprios bancos de dados. Suas obras são vendidas por dezenas, até centenas de milhares de dólares.

Spratt destaca o artista alemão Mario Klingemann, cuja obra "Hyperdimensional Amusement Series, Bestiary" é uma das mais mencionadas.

— É um vídeo de formas aparentemente orgânicas que estão permanentemente se transformando e momentaneamente reconhecíveis como animais — descreve. — Honestamente, é um pouco desconcertante, mas funciona bem como um comentário sobre as linhas que dividem o material e o imaterial e os limites dessas inteligências artificiais na recriação do mundo.

Para Spratt, a arte de Klingemann levanta questões sobre a inteligência artificial como meio de expressão e, mais amplamente, sobre a natureza da criatividade.

Fronteira com arte

O desenvolvimento da inteligência artificial que gera imagens foi acelerado com a criação do ImageNet, um banco de dados de imagens marcadas, ou seja, catalogadas por palavras-chave.

Em 2018, um coletivo francês chamado Obvious vendeu em Nova York uma obra por mais de US$ 400 mil (R$ 2 milhões, na cotação atual), explicando que ela havia sido "criada" por IA.

A venda gerou polêmica quando Obvious reconheceu o uso do algoritmo de um artista e programador americano, Robbie Barrat.

— A razão pela qual a obra Obvious foi vendida, especialmente a esse preço, é em grande parte porque foi anunciada como a primeira obra criada por uma inteligência artificial a ser vendida em uma grande casa de leilões — diz Spratt. — Na verdade, era o mercado de arte experimentando a oferta de uma obra de arte produzida por inteligência artificial alinhada aos cânones do setor.

Naquela época, havia muito interesse em unir arte e tecnologia, mas a crise no setor de tecnologia diminuiu esse entusiasmo.

Grandes casas de leilões como Christie's ou Sotheby's criaram diferentes plataformas para vender essas obras digitais.

— É como se eles não quisessem manchar a arte com essas novas explorações digitais — avalia Spratt.

E os críticos de arte ainda precisam se atualizar para aprender a distinguir entre o bom, o ruim e o medíocre, acrescenta.

— Infelizmente, o discurso sobre a arte criado por inteligências artificiais ainda não está pronto, mas acho que está a caminho e deve emergir do âmbito da história da arte — frisa Spratt.

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