Em 2022, as redes sociais foram para o divã. Enquanto o Twitter vive entre a terra arrasada e a reinvenção após sua compra pelo bilionário Elon Musk, o Meta de Mark Zuckerberg tenta pautar as relações on-line do futuro. Muitas tendências se desenham no horizonte, mas o clima é de incerteza. Se a dependência da internet se tornou mais intensa nos anos de quarentena, agora muitos usuários repensam sua relação com as redes. Plataformas como a BeReal, que estimula os usuários a postarem menos conteúdo, apostam numa relação mais saudável com o virtual. Enquanto isso, o ambiente virtual cresce como espaço de entretenimento e de informação.
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Metaverso: entre promessa e realidade
Em novembro, demissões em massa na Meta de Mark Zuckerberg colocaram em dúvida as expectativas criadas em torno do metaverso, espaço virtual coletivo que usa realidade virtual e realidade aumentada e combina recursos on-line e off-line. A promessa é que já este ano a tecnologia mudaria a forma de vermos as redes sociais, com a criação de um avatar que iria interagir com pessoas e nos permitiria comprar e vender itens. Enquanto a Meta se reestrutura, especialistas garantem que a tecnologia continuará sendo tendência. Marcas como Nike, Coca-Cola e Lego já desenvolvem iniciativas em ambientes imersivos e calcula-se que já foram investidos cerca de US$ 120 bilhões em negócios no metaverso nos primeiros cinco meses de 2022 (o dobro de 2021).
Creator: chegou o influencer 2.0
A figura do produtor de conteúdo se descolou do influenciador. O creator, como está sendo chamado, não tem “seguidores”, mas uma “comunidade”. Também não se limita a ficar em frente das câmeras. Produz, escreve, edita, transformando-se em uma verdadeira empresa.
— O creator tem uma expertise criativa, é um nativo digital — diz Ana Paula Passarelli, especialista em marketing digital e fundadora da Agência Brunch. — Ele não fala mais apenas sobre si e sobre o seu estilo de vida, mas sobre as pessoas que estão com ele. Ele não vai ver as pessoas como seguidores, mas como uma parte que integra o seu grupo de criatividade. E tira muitas vezes os seus insights dessa comunidade.
Casimiro: sucesso no streaming
Casimiro Miguel apontou o futuro do streaming este ano. O produtor de conteúdo de 29 fechou acordo com a Fifa para transmitir 22 jogos da Copa do Mundo via YouTube e Twitch. A transmissão de Brasil x Coreia do Sul por sua a CazéTV bateu o recorde de audiência com a live mais assistida da história do YouTube, atingindo um pico de 4,2 milhões de visualizações. Ele já havia feito o mesmo na Twitch Brasil, reunindo o maior número de espectadores simultâneos ao reagir ao primeiro episódio da série “Neymar – O Caos Perfeito". Com seu jeitão autêntico e bordões como “Ih, meteu essa?” e “Que papinho, hein?”, o streamer entrou na cultura popular gerando memes.
Filtros: a vida como ela não é
Cada vez mais presente na nossa vida digital, os filtros que corrigem as imperfeições físicas nas publicações embaralharam de vez nossa percepção do eu real e do eu virtual. As novas gerações já veem suas experiências do cotidiano totalmente interligadas com os recursos de edição. Por outro lado, os profissionais da saúde se preocupam com o crescente número de procedimentos estéticos para imitar os seus efeitos. O fato é que anda cada vez mais difícil achar uma publicação sem aquele filtro providencial —seja em famosos seja em pessoas comuns.
Novas gírias: o ano em que tankamos
Se as conversas em 2022 foram repletas de jargões incompreensíveis para alguns é porque as novas gírias estão saindo de nichos cada vez mais específicos, como o universo dos games ou a cultura LGBTQIAP+. De origem distintas, termos como “ratio”, “kween”, “tankar” e “cheugy” acabaram difundidos pelas redes sociais. As redes cumprem agora o mesmo papel atribuído outrora aos quadrinhos e à televisão, levando a linguagem de culturas de nicho para o mainstream.
Videocast: o point da lacração
Versão em vídeo dos podcasts, os videocasts se firmaram como uma fonte de declarações bombásticas e muito “lacre”. O formato de bate-papos, com um ou dois apresentadores e os convidados, favoriza assuntos espinhosos e vem pautando colunas de fofoca. No “Quem pode, pod”, apresentado por Fernanda Paes Leme e Giovanna Ewbank, famosos como Debora Secco, Pabblo Vittar, Zeca Pagodinho se sentiram à vontade para abordar assuntos íntimos. A própria Giovanna causou ao se revelar demissexual — a falta de atração sexual por outras pessoas sem forte conexão emocional.
Busca Tok: adeus, Google?
Quando querem pesquisar algo, quase 40% dos mais jovens preferem usar mídias sociais às ferramentas do Google. As novas gerações estão indo primeiro em redes como o TikTok e o Instagram. E isso vale tanto para buscar um lugar para almoçar quanto para se informar sobre algum assunto.