Sempre acreditei que o motor do capitalismo fosse a ambição desenfreada, a ganância, mais do que o dinheiro em si, a riqueza, a busca a todo custo do poder. Dizem alguns que tudo isso, no fundo, para ser amado... Mas há controvérsias. Diante dos tempos que vivemos, da sociedade das aparências, do exibicionismo, da ostentação e do desperdício, do consumismo desenfreado a que são levadas multidões idiotizadas — e movidas pela inveja — há outra razão para o mundo girar.
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Sim, com todas as facilidades tecnológicas das comunicações, começo a acreditar que o atual motor do capitalismo é a inveja, querer ter o que o outro tem, querer maior, melhor do que o outro, querer viver a vida do outro. Adolescentes desvairados por fantasias de consumo e marcas e pela inveja dos colegas que as têm, números apavorantes de suicídios de adolescentes — por frustração e inveja, por marginalização, pela ignorância, por pais omissos — preocupados com suas próprias invejas.
Não por acaso, no catolicismo é um dos sete pecados capitais, sem trocadilho, e, já no início dos tempos, o primeiro crime da História foi o assassinato de Abel por Caim, adivinhem, por pura inveja do amor da mãe pelo irmão, já como semente do futuro Édipo... sabe-se lá.
Poucas expressões são mais ridículas do que “senti uma invejinha branca” hahahaha inveja não tem cor, mané, porque quer a cor do outro.
Esses adolescentes transtornados, que vivem de contatos virtuais, que fazem muito menos sexo, que vivem vidas alheias em um mundo de fantasias que os tornará adultos infantilizados, sem propósito na vida, sem a verdadeira e saudável ambição — de fazer mais, melhor, com mais prazer o seu trabalho, que é o motor do progresso e da civilização.
Admiração é outra coisa, desperta respeito, é ótimo gerar admiração não só por poder e dinheiro, mas pelo caráter, e o talento, a generosidade, a beleza, o humor, a coragem, tantas qualidades e conquistas que se tornam inspiração para cada um construir sua própria história. Mas inveja é outra coisa.
A inveja não poderia encontrar ambiente mais favorável do que as redes sociais, viveiros de inveja a cada post, a cada stories, a cada dancinha idiota, a vida dos famosos... é o prato favorito dos haters, que são uma manifestação maligna de inveja e frustração.
É nesse caldo grosso que vêm se formando os governos e as multidões de extrema direita em Portugal, na Itália, na Espanha, gestadas na inveja, no ressentimento e na intolerância, no poder do patriarcado primitivo e na opressão das mulheres, na desilusão com as instituições corrompidas, no cada um por si e Deus contra todos.