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Por — Rio de Janeiro

“Minha vida é para as pessoas.” A frase de Bob Marley está presente em “Bob Marley — One love”, que chega aos cinemas hoje e tenta reproduzir o sentimento por trás da citação. O filme dirigido por Reinaldo Marcus Green nasceu da vontade da família Marley de levar para telona as mensagens da lenda do reggae, que morreu em 1981, aos 36 anos.

— Queríamos contar a história de Bob, mas não a narrativa tradicional, quando nasceu, como morreu. Não é sobre como meu pai se tornou uma grande estrela, mas sobre encontrar seu propósito na vida— conta Ziggy Marley em entrevista ao GLOBO, via Zoom. — Escolhemos um momento transformador para ele, entre 1976 e 1978, após sofrer uma tentativa de assassinato. Foi um período de fortes experiências, que moldaram sua visão de mundo. Você não precisa saber cada detalhe de uma pessoa para sacar quem ela é.

Ziggy, de 55 anos, é produtor do longa ao lado da mãe, Rita Marley, da irmã, Cedella Marley, e da esposa, Orly Marley, e foi fundamental na escolha do elenco e do diretor para o projeto. O músico destaca que o envolvimento da família não significa que a produção deixou de lado as facetas mais polêmicas do artista.

— Não pegamos leve com Bob Marley. Pegamos pesado. Mas é como seu som: pode ser duro, mas é um “duro leve” — diz. — Quero que as pessoas conheçam os diferentes lados do meu pai. Bem humorado, perigoso, emocionado, ciumento... tudo isso está no filme.

Ziggy Marley, filho de Bob Marley e produtor de "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James
Ziggy Marley, filho de Bob Marley e produtor de "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James

Uma semana com Ziggy

Conhecido por interpretar Malcolm X em “Uma noite em Miami” e um dos Kens de “Barbie”, o inglês Kingsley Ben-Adir foi o escolhido para interpretar Bob Marley. Ziggy lembra que a busca por um protagonista não foi fácil e que foram feitos testes com atores nos Estados Unidos, na Europa e na África. Segundo o músico, o ator britânico foi escolhido não por sua semelhança, mas por ter um magnetismo e uma paixão pela obra de Bob.

— Surgiu o boato de que estavam fazendo testes para Bob Marley. E eu pensei: “de jeito nenhum”. Eu não sei cantar, não toco violão, não faço nada disso, não me parecia uma boa ideia. Mas fiquei sabendo que a família estava envolvida, então decidi mandar um teste — lembra Kingsley. — Me retornaram falando que o Ziggy gostaria de me encontrar. Voei até Los Angeles e passei uma semana com ele e sua família. E ele disse: “quero que você faça”. Ter o filho de Bob Marley dizendo que queria que eu fizesse me deu a energia para arriscar.

Após ser escolhido, o ator mergulhou em vídeos com entrevistas do cantor e começou aulas de canto e violão. Ele aponta que a parte mais difícil do processo foi dominar o patois, língua falada na Jamaica, com o acompanhamento de professores. Kingsley comenta que o trabalho foi “intenso, mas incrível” e que a presença no set de Ziggy e Neville Garrick, melhor amigo de Bob, foi fundamental para a construção do personagem.

— Todos na Jamaica sabem que Bob era uma pessoa complicada. Era um homem muito duro, em vários sentidos. Não era um “pai americano”, e tínhamos que ser fiéis a este espírito. Sendo uma produção de Hollywood, isso exigiu muita conversa — fala Kingsley. — Meu desafio foi encontrar a vulnerabilidade e o lado gentil de Bob de uma maneira que parecesse honesto.

Kingsley Ben-Adir como Bob Marley em cena de "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James
Kingsley Ben-Adir como Bob Marley em cena de "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James

Responsável pela cinebiografia “King Richard — Criando campeãs”, sobre o pai das tenistas Venus e Serena Williams, Reinaldo Marcus Green conta que fez duas perguntas antes de aceitar o desafio: “O filme tem os direitos das músicas de Bob?” e “A família está envolvida?” Após ouvir “sim” duas vezes, ele confirmou a participação no projeto.

— Tinha acabado de ter a experiência de contar uma história real, sobre uma pessoa real. Senti que sem a participação da família e sem as suas canções, seria impossível contar essa história — afirma o diretor americano de 42 anos.

O cineasta também lembra que viu “alguns sinais” de que deveria embarcar na empreitada.

— Meu nome é Reinaldo Marcus por causa de Marcus Garvey, ativista jamaicano que Bob estudou. Nasci no ano que Bob morreu (1981). Ele morou no número 42 da Oakley Street, em Londres. Meu número favorito é o 42. Senti que o universo estava me dizendo para fazer o filme.

Reinaldo Marcus Green conta que a intenção nunca foi fazer uma cinebiografia tradicional e cita uma produção brasileira como sua principal referência ao abordar o projeto.

— Nunca me propus a fazer uma cinebiografia musical, queria fazer algo que fosse real e autêntico. Queria que o filme fosse um “‘Cidade de Deus’ com um pouco de música” — revela o realizador, fã do trabalho de Fernando Meirelles. — Eu estava na faculdade de cinema quando o filme saiu e fiquei fascinado com a autenticidade das ruas. Era algo que queria. Não sei se existe um filme mais cru que “Cidade de Deus”. É um filme com energia única, com muita vida. Você se sente correndo na rua com aquelas crianças.

O Brasil também está presente em uma cena do filme, através de uma homenagem a um dos maiores ídolos de Bob Marley: Pelé.

— Pelé está no filme. Falamos sobre Pelé no filme, porque Bob amava Pelé e queríamos homenagear esse amor pelo Brasil e pelo futebol — conta Ziggy, que também desenvolveu uma relação especial com o país. — Meu pai me ensinou a amar o Brasil. Este ano eu voltarei para o estúdio para trabalhar em um novo álbum. Espero retornar ao Brasil no ano que vem para me apresentar.

Tanto Ziggy quanto Reinaldo apontam que a escolha do elenco foi parte fundamental no processo. O diretor cita o trabalho em “King Richard”, onde não buscou tenistas, mas atores, como o exemplo do que fez aqui, preferindo atores a musicos. Além de Kingsley como Bob, o filme conta com importante participação de Lashana Lynch como Rita Marley.

Um ícone feminino

Destaque em filmes como “A mulher rei” e “As Marvels”, a atriz é nascida na Inglaterra, mas filha de pais jamaicanos. Ela lembra que Bob sempre foi uma figura importante para sua família.

— Sendo uma jamaicana nascida no Reino Unido, estou sempre procurando por oportunidades de unir meu trabalho com minha cultura. Interpretar um ícone feminino de meu país é a oportunidade perfeita para isso — diz a atriz de36 anos. — Tive a chance de passar algumas tardes com Rita e foi uma experiência maravilhosa e surreal. Aprendi sobre sua visão de mundo e seu amor por Bob, que ainda está muito vivo.

Diretor Reinaldo Marcus Green dirige a atriz Lashana Lynch, que interpreta Rita Marley em "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James
Diretor Reinaldo Marcus Green dirige a atriz Lashana Lynch, que interpreta Rita Marley em "Bob Marley: One love" — Foto: Chiabella James

Lashana conta que o medo de decepcionar Rita tornou a experiência mais difícil do que quando interpreta uma personagem que não é inspirada em uma figura real.

— Bob Marley sempre será parte do material que me fez. Ele representa o espírito e as raízes de minha terra natal. Sempre fui influenciada por sua obra, que acho que minha visão de amor foi criada por sua noção de união e sua missão de levar uma mensagem de paz para o mundo — conclui a atriz.

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