Renata Agostini
PUBLICIDADE
Renata Agostini

Bastidores, notícias exclusivas e análises para entender o jogo do poder

Informações da coluna

Renata Agostini

Repórter especial em Brasília e colunista do GLOBO. Formada em jornalismo pela UFRJ, passou pelas redações de Folha, Estadão, CNN, Exame e Veja.

Por — Brasília

RESUMO

Sem tempo? Ferramenta de IA resume para você

GERADO EM: 28/06/2024 - 17:13

Ministro avalia leilão de arroz devido à queda de preços

Ministro da Agricultura avalia se novo leilão de importação de arroz será necessário devido à queda de preços no mercado. Governo busca alternativas após cancelamento do certame e pressão para desistência do projeto. Ações miram incentivar plantio para evitar futuros problemas de abastecimento.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse ao GLOBO que o governo ainda avalia quando o novo leilão de arroz ocorrerá e analisa até se o certame será de fato realizado.

Segundo ele, o edital já está pronto, mas tudo dependerá do diagnóstico sobre a real necessidade de colocá-lo na rua. Desde que o leilão foi cancelado no início do mês, o cenário mudou, afirmou o ministro.

– Estamos monitorando a necessidade. Por hora, os preços cederam. E, no fundo, é o que precisava acontecer – disse.

A última indicação do governo era a de que o edital seria publicado em breve. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, disse a jornalistas nesta sexta-feira que as regras para o certame sairiam "na primeira quinzena de julho". Segundo ele, o novo leilão será "modesto" e com regras para barrar "aventureiros".

As declarações indicam que o governo ainda busca a melhor forma de conduzir o assunto desde que a decisão de importar arroz se transformou numa crise para Lula.

O leilão para a importação de arroz foi pensado como forma de o governo reagir à escalada de preços do produto após as inundações no Rio Grande do Sul. Para viabilizar a aquisição, foram editadas medidas provisórias liberando mais de R$ 7 bilhões para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que recebeu autorização para trazer do exterior até 1 milhão de toneladas.

O certame aconteceu, mas acabou cancelado logo em seguida diante de suspeitas de irregularidades. Além de os vencedores do leilão serem empresas sem experiência na área, foi descoberta a ligação entre uma das empresas vencedoras e o filho de um secretário do Ministério da Agricultura. Lula chegou a dizer que o cancelamento ocorreu porque houve "falcatrua numa empresa".

A pressão para que o governo cancele os planos de um novo leilão têm crescido. O diagnóstico de técnicos do Ministério da Agricultura é que as condições mudaram ao longo do último mês e, com a queda do valor praticado no mercado, a importação não seria mais necessária. Um técnico envolvido nas conversas diz que o valor do quilo do arroz já está próximo de R$ 5 o quilo, preço que foi mencionado por Lula como ideal.

Além disso, os produtores de arroz têm elaborado sugestões ao governo. Houve reuniões nesta semana com os arrozeiros justamente sobre alternativas ao leilão. Eles foram contrários à realização do certame sob o argumento de que não havia risco de desabastecimento. A última vez que o governo importou arroz foi na década de 80.

Apesar da indefinição sobre o leilão, o Palácio do Planalto já pediu medidas mirando 2025. A ideia do governo é incentivar o plantio oferecendo ao mercado opções de compra de arroz. Assim, dizem técnicos, diminuem as chances de gargalos no abastecimento interno no próximo ano.

Mais recente Próxima Governo barra Odebrecht em renegociação de acordos de leniência da Lava-Jato