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O ritmo da opinião pública

Informações da coluna

Vera Magalhães

Jornalista especializada na cobertura de poder desde 1993. É âncora do "Roda Viva", na TV Cultura, e comentarista na CBN.

Pablo Ortellado

Professor de Gestão de Políticas Públicas na USP

Por — São Paulo

RESUMO

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GERADO EM: 28/06/2024 - 04:30

Preocupações dos brasileiros: mudanças climáticas e violência

Brasileiros estão mais preocupados com mudanças climáticas e meio ambiente, apontando enchentes e queimadas como principais motivos. Crimes e violência continuam como maior preocupação, mas população vê país caminhando na direção errada. Pesquisa Ipsos revela essas tendências entre os brasileiros.

A preocupação dos brasileiros com as mudanças climáticas atingiu neste mês o maior nível da série histórica da pesquisa “What Worries the World”, realizada mensalmente pelo instituto Ipsos desde 2016. Segundo o levantamento mais recente, 19% da população cita o tema como uma das principais preocupações atuais do país, taxa que era de 8% em maio.

Do mesmo modo, o percentual de menções às ameaças ao meio ambiente como um dos assuntos mais urgentes no Brasil variou para cima, passando de 11% para 14% em um mês. Essa oscilação foi suficiente para fazer o país subir da oitava para a segunda posição no ranking das nações que mais se preocupam com esse tema, atrás apenas do México (onde 17% apontam essa questão como uma das principais) numa lista que considera 29 países.

A mudança na percepção dos brasileiros sobre a urgência desse tema já vinha sendo captada em pesquisas recentes produzidas para o mercado. O CEO da Ipsos, Marcos Calliari, avalia que esse ‘despertar’ da população para o assunto decorre especialmente das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos meses. Parte dessa variação pode também ter influência das notícias veiculadas a respeito da seca no Amazonas e do recorde de queimadas para este período do ano no Pantanal.

— Estes aumentos não são surpresas. As enchentes no Rio Grande do Sul seguem repercutindo fortemente na opinião pública, com danos catastróficos na economia e na infraestrutura do estado que continuarão impactando a vida dos cidadãos gaúchos por muito tempo. Recentemente, a região Norte também começou a vivenciar um problema ambiental grave, mas oposto ao do Rio Grande Sul: uma das maiores secas dos últimos anos atinge gravemente alguns estados da região, fazendo com que o tema ambiental siga crescendo entre as preocupações — afirmou.

No topo das apreensões brasileiras ainda figuram crimes e violência, citados por 42% dos entrevistados (eram 46% em maio). Esta é a quinta vez neste ano que esse tema encabeça a lista de maiores preocupações no país. O único levantamento em que outro tópico liderou o ranking em 2024 foi o de abril, quando a epidemia de dengue fez com que 42% citassem a saúde como principal desafio. Hoje, são 38% os que fazem essa declaração — mesmo percentual dos que se dizem inquietos com a pobreza e desigualdade social.

Quando perguntados sobre os rumos do país, 57% dizem acreditar que o Brasil está caminhando na direção errada, contra 43% que se declaram satisfeitos. Os percentuais são os mesmos que haviam sido registrados no mês anterior, e representam a pior marca do atual governo de Lula (PT). Ainda assim, os brasileiros manifestam avaliações mais positivas sobre o próprio rumo do que a média global. Globalmente, 62% dizem ver sua nação “na direção errada”.

A pesquisa “What Worries the World” foi realizada por meio de um painel on-line aplicado a 25.520 pessoas de 29 países, no período de 24 de maio a 7 de junho. No Brasil, foram cerca de mil respondentes entre 16 e 74 anos. O Ipsos pondera que, no país, a amostra não corresponde necessariamente a um retrato da população geral, mas sim a uma parcela “mais conectada” dos brasileiros: mais concentrada em centros urbanos, com maior poder aquisitivo e nível educacional mais elevado que a média nacional. A margem de erro é estimada em 3,5 pontos percentuais para mais ou menos.

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