Investimento deve seguir em ritmo forte, mesmo com aumento da incerteza

PIB: Economia do primeiro trimestre cresce com mais qualidade, com alta de serviços e investimentos

Em 2023, o investimento caiu 3,4%, sendo que o item máquinas e equipamentos fechou com retração de 8,5% no ano. A construção também contribuiu negativamente para esse resultado, com queda de 0,5%.

Juliana Trece, economista e coordenadora do Monitor do PIB, da FGV Ibre, salienta que a expectativa ainda continua sendo de um número positivo para o investimento, ainda mais porque a comparação é muito baixa em relação ao ano passado,  e 2024 começou bem.

- A expectativa ainda é essa. É claro que agora é bem menor do que estava no início do ano, porque a perspectiva era que o corte dos juros seguisse ali num ritmo mais forte. Agora há muita incerteza.

De acordo com o último Monitor do PIB, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) cresceu 4,8% no trimestre móvel que terminado em abril, com todos os componentes contribuíram positivamente para esse crescimento, com máquinas e equipamentos crescendo 5,5%, construção 3,5% e outros 7,2%.

A economista salienta que a questão do dólar também acaba tornando muito mais cara a aquisição de máquinas e equipamentos e isto pode resultar numa diminuição de ritmo.

- Quando observamos a composição dos investimento no primeiro trimestre, máquinas e equipamentos tiveram resultado muito forte. Importados, inclusive. Com o dólar subindo, é claro que vai ficar mais caro e esse ritmo pode diminuir e até parar um pouco.

Por outro lado, a economista lembra que todo o esforço de reconstrução do Rio Grande do Sul vai acabar impulsionando essa parte da construção, que é um segmento também muito importante dos investimentos. Também é esperada uma ação do governo para estimular mais a economia.

- O fim do ciclo de corte de juros tem um efeito negativo na economia, então a atividade econômica tende a frear quando isso acontece. Como a expectativa era que haveria corte de juros ao longo do ano, então a decisão dos empresários acabou sendo de modernizar. Mas, como esse aumento das incertezas, qualquer decisão dos empresários será mais cautelosa. Eles só vão adquirir máquinas se precisarem.

Um estudo da CNI mostrou que o indicador de intenção de investimento avançou 0,5 ponto de abril para maio e atingiu 57,4 pontos em junho. Com o avanço, o índice se encontra 5,5 pontos acima da média histórica da série, de 51,9 pontos. Mas o fato é que da última reunião do Copom para esta última, o cenário mudou bastante.

No início deste ano, algumas empresas de diferentes áreas anunciaram planos de investimento ao longo dos meses. No mercado imobiliário, a Construtora Plano & Plano, voltada para segmentos populares fez quatro lançamentos no primeiro trimestre do ano, e estão com 50 canteiros de obra e 23.323 unidades em construção. A companhia focará nos lançamentos neste segundo e terceiro trimestre.

As startups também estão em crescimento. A Bluecyber (startup voltada para o mercado de seguros) investiu R$ 5 milhões até junho deste ano, inclusive com aquisições. Para os próximos 12 meses, a previsão é que a startup invista mais R$ 5 milhões, explica Eduardo Rocha, CEO da Bluecyber.

No offshore, Yann Cottart, vice-presidente da Subsea7 na Região Brasil, explica que a empresa, que atua em projetos e tecnologia para o setor de energia, investiu em projetos recém-adquiridos esse ano acima dos R$ 2,5 bilhões.