Economia
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A economia brasileira voltou a acelerar nos primeiros três meses do ano, após dois trimestres seguidos de estabilidade, informou ontem o IBGE. O Produto Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos na economia) cresceu 0,8% ante o último trimestre de 2023, puxado pelo consumo das famílias e também por um avanço nos investimentos.

Este segundo fator surpreendeu os analistas, já que os investimentos na economia vinham rateando desde a segunda metade de 2021.

O retrato da economia no início do ano feito ontem pelo IBGE apontou que o primeiro trimestre de 2024 marcou a volta dos investimentos em projetos como obras, expansões de negócios, aquisição de equipamentos e infraestrutura.

A formação bruta de capital fixo (FBCF, indicador dos investimentos no PIB) cresceu 4,1% ante o último trimestre de 2023, a maior alta desde o primeiro trimestre de 2021, quando a economia estava em plena retomada, após o fundo do poço da crise causada pela Covid-19.

Construção civil está entre as categorias de investimento que cresceram — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo
Construção civil está entre as categorias de investimento que cresceram — Foto: Márcia Foletto/Agência O Globo

Foi um movimento de recuperação. Na comparação com o período de janeiro a março do ano passado, os investimentos avançaram 2,7%, após três trimestres seguidos de quedas, mostram os dados divulgados ontem pelo IBGE.

Segundo o órgão de estatísticas, os investimentos cresceram com o aumento na importação de bens de capital (como máquinas e equipamentos), o desenvolvimento de softwares e a construção civil.

Tanto que, pela ótica da oferta, a atividade de comunicação e informação, que inclui os serviços de TI, avançou 2,1% em relação ao quarto trimestre de 2023. A construção civil recuou 0,5% no período, mas saltou 2,1% na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, a produção de insumos e o emprego na construção cresceram na comparação com janeiro a março de 2023.

Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o movimento de recuperação dos investimentos — explicado por uma combinação de fatores — pode ter continuidade, mas ainda há incerteza sobre isso.

Para explicar a alta, Cagnin lembrou, em primeiro lugar, as quedas dos últimos trimestres. Elas foram resultado do adiamento de investimentos por parte das empresas, mas a postergação tem limites. Isso vale especialmente para a modernização de maquinário na indústria — chega um momento em que a troca da máquina não pode ser adiada.

Medidas do governo

Também houve algum efeito de medidas adotadas pelo governo, avaliou o economista do Iedi, citando algumas linhas de financiamento com juros mais baixos lançadas pelo BNDES e alguma tentativa de recompor os investimentos públicos. Para o economista, mesmo que sejam pontuais, essas medidas encorajam as empresas a tirarem projetos do papel.

Por fim, houve um impulso do cenário mais favorável para os juros, que favorece os investimentos porque boa parte dos projetos são financiados. Como leva tempo para a redução na taxa básica de juros (a Selic) chegar aos tomadores finais, foi no primeiro trimestre que a queda de 13,75% ao ano para os atuais 10,5% ao ano começou a surtir mais efeito.

— O quanto essa reação do investimento será uma nova fase? Tem tudo para que isso aconteça, principalmente se continuarmos a fazer as reformas que precisam ser feitas. Se tivermos boa regulamentação da Reforma Tributária, por exemplo — afirmou Cagnin.

O problema é que esse cenário mais favorável nos juros está ameaçado. Nas últimas semanas, analistas de mercado passaram a projetar que o Banco Central (BC) terá que interromper o ciclo de queda da Selic em nível mais elevado do que o inicialmente esperado.

Fed e desequilíbrio fiscal

Economistas vêm explicando que essa mudança passa tanto por uma alteração nos próximos passos do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), que vem indicando que adiará uma queda nos juros por lá, quanto por novos sinais de desequilíbrio nas contas do governo.

Felipe Sichel, economista-chefe da Porto Asset, alerta que a perspectiva de que os juros não caiam mais como o esperado já começou a ter efeito no mercado financeiro sobre os financiamentos que custearão os investimentos:

— Vemos riscos associados ao aumento da incerteza e à elevação dos contratos de juros futuros observada nas últimas semanas, o que na prática poderia reduzir o investimento à frente.

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